(continuação)
Foi aí que resolvi que teria que contar aos meus pais da existência do "lindo", talvez mais depressa do que imaginara... Seguiu-se então um tempo calmo, sem grandes revelações... Continuei a contar aos amigos e amigas que entendi dever contar, continuei a receber reacções normais (ou seja,aceitaram naturalmente), e os dias, meses, foram passando... No entanto, num belo fim de semana surgiu uma situação complicada e previsível, os meus pais decidiram vir passar o fim de semana a minha casa... O "lindo" iria estar de folga precisamente nesse fim de semana, e obviamente não queria desperdiçar esse tempo sem ele... Foi então que tomei mais uma posição, que dei mais um passo, negando o convite da minha madrinha para um jantar com toda a família... Obviamente o convite não incluia o "lindo"... Interrogado pela minha mãe sobre a minha presença nesse jantar, respondi-lhe: "Não devo ir... Vou ficar com o _____ que vocês fingem não existir. Todos sabem que tenho alguém a meu lado, e ele merece o vosso respeito. Por isso vou ficar com ele e não vou jantar..."... A minha Mãe ficou calada, não esperava esta reacção e respondeu: "... Ok, tu lá sabes... E sempre podemos ficar em tua casa?", ao que respondi "Claro!". Ela continuou: "Ok, entao ficamos em tua casa, mas diz-me uma coisa, o _______ vai lá estar?"... Claro que me apeteceu responder uma coisa do tipo "Claro que sim, vou apresentá-lo a vocês...!", mas infelizmente as coisas não são assim, e então respondi "Não, não vai estar... Eu não vos quero obrigar a conhecê-lo, apenas quero que o respeitem e saibam que eu tenho alguém..". Acho que naquele momento ela ficou mais aliviada, e continuou dizendo "Ok, agora só há mais uma coisa, o teu pai não quer dormir no teu quarto, dormiremos no escritório, pode ser?!". Como devem imaginar fiquei surpreso com esta atitude, mas do mal o menos, por mim era-me igual dormirem num sítio ou no outro, mas fiquei a pensar no que pensaria o meu pai quando olha para a minha cama... Chegou então o dia do jantar (Sábado), e eu já tinha decidido o que iria fazer... (Continua)
Hoje é dia de celebração do Dia da Liberdade em Portugal, o 25 de Abril... Faz hoje trinta anos que uma série de corajosos e inconformados fizeram o que há muito já se devia ter feito no nosso país: a Revolução! Feita a revolução, conseguiram-se algumas liberdades: o direito ao voto de qualquer cidadão; liberdade de expressão; sistema democrático; etc, etc... No entanto, e passados trinta anos, existem algumas liberdades que ainda não foram alcançadas, tais como o direito de abortar, o direito aos serviços de saúde com qualidade, o direito de cada um se poder assumir tal como é... Eu sei que todos nos podemos e devemos assumir tal qual nós somos, lésbicas, homossexuais, transsexuais então e depois? No dia em que na empresa onde trabalhei três anos, e por lapso recebi um email do director da minha empresa onde dizia :"... Evita ser tão endedor banha da cobra e os adjectivos estilo "impensáveis", "extrema"... impensável só ser paneleiro e extrama só a unção... ", fiquei a perceber o quanto podia ser prejudicial o facto de se vir a saber que eu era gay... Enfim, a liberdade em alguns aspectos no nosso país, continua a ser algo virtual.. O direito de sermos nós prórpios é-nos tantas vezes vedado (e não falo só dos problemas dos gays...), e é no fundo uma das coisas que nos deixa ou pode deixar mais felizes com a vida e com os outros...
Mesmo assim, "Viva o 25 de Abril!"
Não é novidade para ninguém, pelo menos se pertencer ao reino, que existem inúmeros locais de engate... É em matas, é em praias, é em parques de estacionamento e mais descaradamente em algumas ruas de lisboa e outras localidades... Quem já andou por alguns destes sítios ( no meu caso ja estive numa dessas praias...), é impressionante o ponto a que se chega para conseguir uma queca... Só faltam as tabeletas com as promoções a dizer "Pague uma e leve com duas..!" ou então como as amigas nazarenas "ALUGA-SE"... Tudo bem que haja sítios de engate para facilitar os relacionamentos, mas daí a estar-se explicítamente com binóculos e com olhares verdadeiramente famintos faz a quem por ali se passeia sentir-se muito mal... Haja algum pudor... ou não???
Este não é um artigo, é uma brincadeira. Convido todos a visitarem este site e a fazerem o teste... É simplesmente impressionante... Ou nem por isso... http://www.belohorizonte.com/br/genio/
(Continuação)
Pois... As coisas dia a dia foram acalmando, com o meu pai a deixar caír por terra a intenção de me levar ao médico para eu "curar" a minha doença... A minha Mãe começou internamente a "engolir" aos poucos a ideia... É nesta aparente calma que o meu lindo entra com novos dados para esta história, tentando pressionar-me a contar de imediato aos meus pais que ele existia, e pressionando-me também a deixar de fazer visitas regulares familiares, estando nessas alturas a deixá-lo "encostado" a um canto... Para mim era óbvio que não era isto que se passava, eu queria muito contar tudo aos meus pais, mas achei que este processo precisava de tempo e calma... Recusei-me a contar, e reduzi as minhas visitas á terrinha, para não deixar o lindo tantas vezes sozinho e deixa-lo a pensar que o estava a por de lado... Mas mesmo assim o lindo queria mais, queria que eu contasse para evitar de o ter de "esconder no armário"... Por um lado eu compreendia a sua insegurança e o seu sentimento, mas decidi fazer as coisas como eu achava que deviam ser feitas... Mas o lindo pressionava cada vez mais... Foi aí que... (continua...)
Ainda pouco falei sobre sexo neste blog, e afinal o sexo é sem sombra de dúvidas uma das peças fundamentais para que uma relação perdure saudável... Sempre achei que nós homens, no geral, somos seres mais sexuais que as mulheres... O sexo, as posições, a inovação, a liberdade, a procura, a exploração são muito mais procurados por nós que por elas... Arrisco-me a dizer que a maioria das mulheres não satisfaz completamente o seu parceiro! Mas estranho, porque na verdade é mais usual uma mulher queixar-se de não tirar pleno partido do acto sexual ao invés do homem... Então no que ficamos? Nós gostamos e elas queixam-se que nós não somos capazes?! Eu não sei como é, pois as poucas relações que mantive com mulheres não chegaram a esse ponto, mas parece-me que os homens têm medo de se libertarem completamente com a sua parceira... Fazem-no sim com as amantes, as putas, as prostitutas, mas com as suas mulheres não o fazem nem se arriscam a pedi-lo, ou por respeito, ou por vergonha... Em muitos destes casos faz com que muitos homens procurem outros homens, pois sabe-se que nós no nosso íntimo somos uns "ganda malucos" (mais que elas)... Uns provam e não querem outra coisa e assumem, outros passam a não querer outra coisa mas não assumem e assim vão enganando as suas parceiras, e poucos serão os que não gostam e continuam com a sua relação hetero normalmente... Nunca estiveram com algumas amigas vossas que dizem "Chupar o zézinho?! Que horror, acho que não sou capaz!!!". Ora este tipo de afirmação tira a tesão toda a um gaijo, pois o sexo oral é talvez das práticas que mais prazer ao homem... Obviamente falo no geral, na regra, haverão com toda a certeza excepções que confirmarão esta regra... Até eu em determinadas alturas, antes de me assumir, achava que só estava á procura de homens por achar que uma mulher nunca me iria satisfazer plenamente a nível sexual (já não penso o mesmo...), e que a alternativa seria procurar os "gandas malucos"... Não sei se me fiz entender.. Espero que sim...
Hoje é dia de Páscoa e aqui estou eu a escrever um artigo, com um dia bonito lá fora e com tantas coisas para fazer fora destas quatro paredes... Mas a verdade é que este ano, e talvez pela primeira vez na vida, decidi ficar afastado das festividades, dos amigos e da família para ficar com a pessoa que eu amo... Alguns de vocês pensarão: "Não faz mais do que a obrigação...", como se o facto de amar alguém nos obrigasse a alguma coisa... Mas não, o facto de ser gay limita algumas coisas na nossa vida, pelo menos temporáriamente... No momento que decidi dizer á família que era gay, e mais recentemente, que tinha um "lindo" só meu, nesse dia, assumi também comigo mesmo um compromisso de deixar para segundo plano algumas coisas que eu até então julgava não mudarem nunca, como por exemplo, o facto de estar com os amigos e família em ocasiões especiais (como a Páscoa...) estava sempre em primeiro plano, não só por gostar mas também porque por vezes era difícil justificar a minha ausência... E assim, hoje, pela primeira vez estou aqui, sozinho, porque o meu lindo teve que ir trabalhar... Mas dormimos e namoramos até tarde (hora de almoço) e fomos almoçar á beira mar... Enfim nada de especial mas que se torna marcante para mim pois é um lado diferente que eu não conhecia... O Amor dá-nos volta á cabeça, mais do que eu algum dia imaginei... Há valores que não devemos abandonar, tais como o amor pela família e pelos nossos verdadeiros amigos, e esses espero nunca os perder... O Amor pelo "lindo" é todo esse amor que sinto pelos outros reunido numa pessoa... Estando com ele estou bem comigo mesmo, e estando bem comigo mesmo estou bem com os outros... Díficil entender não? Acho que é o Amor...
Pois, ao contrário da ideia generalizada que existe em Portugal e noutros países, a SIDA existe e agora com mais incidência nos Heterossexuais, pelo menos em Portugal... É o que revelou um estudo feito e divulgado há poucos dias... Deixo um excerto do artigo no PortugalGay.pt e deixo um alerta: "O PRESERVATIVO EXISTE PARA ALGUMA COISA... USA-O!"
"... Segundo o Plano Nacional de Luta Contra a Sida, uma em cada duas novas infecções com o vírus HIV ocorre na relação sexual entre homem e mulher, razão para a comissão apostar essencialmente na informação aos portugueses. A este propósito, Meliço-Silvestre anunciou que vai começar já um inquérito a mil portugueses, de norte a sul do país, para saber o que de facto sabem sobre o VIH/SIDA. "É inadmissível que existam pessoas que julgam que a sida se transmite num aperto de mão", frisou. O "inquérito sobre conhecimentos, opiniões, atitudes e comportamentos relacionados com a sida desde Abril de 2004" vai ainda aproveitar os acontecimentos Rock In Rio e Euro 2004 para divulgar informações sobre a doença...." in http://portugalgay.pt/news/index.asp?uid=020404B
Há já algum tempo atrás, alguém minha amiga me disse acerca do seu namorado: "Por vezes fico com dúvidas, de que se ele me ama ou se ele necessita de mim...". Na altura não dei muita importância à questão , mas depois, e pensando melhor, realmente também já aconteceu comigo ter essa dúvida (embora não posta desta forma), e acredito que muita gente também já tenha pensado o mesmo... Quando temos alguém ao nosso lado que por um ou outro motivo (não interessa...) é mais frágil, menos seguro, mais dependente e por isso se "cola" a nós como se precisassem de nós para respirar,deixa-nos óptimamente connosco mesmo e com o nosso ego lá em cima, mas existe o outro lado da moeda, que é o facto de pensarmos que se calhar quem está ao nosso lado, por vezes confunda a necessidade de ter algém ao seu lado com o amar a pessoa que tem ao seu lado... Não acham?...
Pois, quando comento com os meus amigos ou estes nos perguntam se nunca pensamos ter um filho, obviamente que a minha resposta é "SIM!". No entanto, e ao assumir-me como gay e ao iniciar o actual relacionamento houve sonhos que tive de arquivar na minha cabeça... E digo "arquivar", porque nunca se sabe o dia de amanhã, e não enjeito a possibilidade de um dia vir a ter um filho... Alguns dos meus amigos dizem "Já pensaram numa barriga de aluguer?"... É óbvio que já pensei, é óbvio que eu - que sempre quis ter um filho - já pensei em todas as possibilidades, e uma delas era esta... Mas depois, e reflectindo sobre o assunto, acho a ideia (para além de muito polémica) muito díficil e moralmente muito díficil de aceitar... Parece que no estrangeiro há muito quem se "ofereça" para este tipo de serviço, mas por enqto não me passa isso pela cabeça...
(continuação) Mas a minha prima facilitou-me essa tarefa, até porque a minha disponibilidade a curto prazo era muito reduzida para contar á minha madrinha... E eis que o meu telemóvel toca... No visor aparecia "MADRINHA"... E bem, lá atendi com o coração aos pulos: "Olá madrinha!"... Ela respondeu.. A voz parecia-me muito natural... Convidou-me para ir lá a casa jantar, mas eu disse "Madrinha, não vai dar, é complicado ir aí...". Ela, ao invés de entender que o motivo era a minha mobilidade restrita, entendeu (ou quis entender) que na verdade o complicado ir lá era devido á situação nova que surgira... Ela disse: "Meu filho, não quero que deixes de vir cá a casa... Estamos cá para te apoiar... Tens de compreender a reacção dos teus pais!". Como devem imaginar fiquei muito contente e aliviado e marcamos um almoço os dois!... Depois entra o meu lindo...