Sexta-feira, 31 de Julho de 2009

É de vomitar!!!

A saga do Instituto Português do Sangue e proibição explícita e assumida de dadores homossexuais conta com um novo episódio, desta feita protagonizado pelo próprio Presidente desse Intituto em entrevista ao Jornal I. Não transcrevo toda a entrevista, que podem ler AQUI, mas vou citar algumas afirmações do senhor:

 

"Por isso, fico estarrecido com afirmações de líderes de movimentos activistas que vêm dizer que vão passar a esconder o facto de serem homossexuais. E ninguém se revolta? Isto é deliberadamente querer introduzir no circuito sangue contaminado. Ética, moral e criminalmente pode ser processado." 

 

 

"Quando uma pessoa se apresenta assumidamente como homossexual e quer dar sangue, eu interpreto como uma provocação. Quem quer vir dar sangue não vem com esta atitude."

 

Relativamente à alteração em 2006,

"O que fez foi retirar a palavra homossexual e substituir por comportamento de risco. Politicamente correcto. Na prática, manteve-se o mesmo."

 

À pergunta: "Um casal homossexual com uma relação estável e sem outros parceiros tem mais risco que um casal heterossexual na mesma condição?" responde:

Essa é uma pergunta difícil. A verdade é que não temos ainda, apesar das tentativas, um questionário que nos permita fazer a divisão. O comportamento de risco é analisado e avaliado, não sabemos qual é o resultado. Pode ser aceite ou não ser. Se a pessoa diz que não teve outro parceiro e o parceiro também garante que não teve outro, a decisão pode ser a de aceitar. Mas a experiência também nos diz que relações que em princípio eram totalmente monogâmicas não são tão monogâmicas assim.

 

 

Alguém consegue entender isto? 

Conclusão: O MEU SANGUE ESTÁ CONTAMINADO!!!!

 

Medooooo!!!!

sinto-me: estupefacto
publicado por cristms às 17:30
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Quinta-feira, 30 de Julho de 2009

Gayvelhecimento

"Estou a ficar com cabelos brancos", é essa frase que vou ouvindo aqui por casa... No entanto o que à primeira vista poderia ser apelidado de charme, pode e é muitas vezes entendido como o passar da idade, e envelhecer... E acerca disto, encontrei na blogosfera há já alguns dias um post que perguntava: "Será que envelhecer gay é melhor ou pior?".

A primeira coisa que me ocorreu na cabeça foi: "Será que envelhecer gay é diferente de envelhecer hetero???". A esta pergunta não sei bem responder, mas olhando para alguns amigos/conhecidos gays nota-se algum pavor com o passar da idade, com os sinais de envelhecimento... Mas se calhar nem será tanto pelo envelhecer em si, ou seja, por ficarmos mais próximos da hora da morte, mas pelo que esse processo provoca no corpo. Não é novidade para ninguém que em maioria, os gays cuidam-se e dão bastante importância ao bem estar físico. Os cremes e o ginásio são normalmente uma presença na vida da maioria dos gays... Mas no fundo no fundo, parece-me que o envelhecer é igual para gays e heteros, a única diferença poderá ser que o cuidado que ao longo da vida se tem com o aspecto físico poder-se-ão relfectir no futuro com uma melhor aparência e um bem estar geral...

Mas como sabemos nada é garantido!

As variáveis são tantas que não há forma de prever nada!

Na minha opinião, basicamente, envelher gay é igual a envelhecer hetero!

Será?

:))
 

sinto-me: bem comigo
publicado por cristms às 19:15
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Quarta-feira, 29 de Julho de 2009

Brüno is gay, it's ok!

Ontem fomos ver "Bruno" ao cinema. Gostei do filme, dei umas boas gargalhadas no entanto não será um filme que agrade a todos, aliás, e como exemplo, foi proibida a sua visualização na Ucrânia (http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=27087). O tipo de humor usado é bastante ousado, e é engraçado ver como um personagem gay consegue mostrar os "podres" da sociedade que se revelam bastante piores que a sua excentricidade e bichanice!

 

Mas transcrevo as palavras de Clara Ferreira Alves publicadas acerca do filme com as quais estou de acordo.

 

 

"A subtileza e a inteligência deste humor não são perceptíveis para audiências convencionais.
 
Consideremos Brüno. Brüno é um austríaco homossexual que apresenta um programa de televisão sobre moda, Funkyzeit. Brüno é um fashionista gay. Vive com um diminuto parceiro, Diesel. Têm uma vida de casal "simples e aborrecida". Vemos Brüno e Diesel lançados em lúridas coreografias do sexo entre homens. As pessoas começam a ficar chocadas. Ao cabo de meia hora, o cinema divide-se entre os espectadores que riem e os que não riem, a maioria. Outros abandonam a sala. Brüno, a personagem de Sacha Baron Cohen, conseguiu o que queria, dar cabo da passividade e da indiferença da audiência. Ninguém vai ver Brüno à espera de dar umas gargalhadas brancas no conforto da poltrona. Brüno deixa-nos lívidos.

A subtileza e a inteligência deste humor não são perceptíveis para audiências convencionais que se sentem atingidas com a pornografia da estupidez. A ignorância, o sexismo, o racismo, a homofobia, a misoginia, o oportunismo, a ganância, o nacionalismo, a violência, o terrorismo, a xenofobia. Ou os admirados vícios das celebridades, como o de adoptar crianças africanas ou cantar Live Aid. Brüno deita abaixo todas as bolas deste bowling moral. Nem um preconceito fica de pé. A audiência, mesmo a mais couraçada, descobre que afinal não é tão politicamente correcta como quer nem tão politicamente incorrecta como quer ser. Brüno não falha um cliché.

Brüno vai para a América para ser famoso depois de cair em desgraça em Viena. Acaba por conseguir. E acaba por gravar o seu videoclipe de ajuda ao Terceiro Mundo, ao lado de Bono, Sting, Elton John, Slash e Snoop Doggy Dog, nada incomodados por serem ridicularizados. Menos incomodados do que os espectadores que abandonam a sala.
Na perseguição da fama Brüno não nos poupa a infâmias. Num dos momentos mais alucinados do filme reaparece em Israel para recomeçar as conversações de paz. Numa mesa com israelitas e palestinianos, Brüno confunde o Hamas com húmus e dedica uma canção às partes desavindas, concluindo que existe pelo menos uma coisa em que ambos estão de acordo, que o húmus é bom para a saúde. Partamos daqui, diz ele. Na verdade, este é o mais perfeito acordo entre partes que até hoje se conseguiu na região, e Sacha Baron Cohen, um judeu ortodoxo, é o homem ideal para o revelar. Por que diabo Borat é anti-semita e Brüno é um austríaco que cita Hitler? Por que diabo Cohen conseguiu convencer palestinianos e israelitas a fazer figuração? E filmar o sketch em Israel? Porque é judeu e um judeu muito famoso. E porque é, apenas, um cómico. E um cómico judeu não mata ninguém.

No Líbano, num campo de refugiados, em princípio de conversa com um chefe das Brigadas Al-Aqsa, Brüno chama feiticeiro sujo e espécie de Pai Natal sem-abrigo ao "vosso rei Osama" e diz que a Al-Qaeda está fora de moda, é demasiado 2001. É posto fora, para variar. Com esta sequência, Cohen conseguiu infiltrar o derradeiro tabu no filme, o 11 de Setembro. O que só pode ser feito por um descendente de sobreviventes do Holocausto, com uma mãe israelita. Ou melhor, por um judeu britânico, educado numa public school e em Cambridge, onde cursou História (e teve Niall Ferguson como professor). Cohen sabe do que fala e sabe do que ri. Ri do que é ofensivo. Muitas coisas que nos ofendem são inofensivas, incluindo o sexo gay, enquanto as verdadeiras ofensas à humanidade passam despercebidas. O extermínio deixa-nos menos ofendidos do que dois homens na cama. A violência deixa-nos mais indiferentes do que um beijo entre dois homens.

A sociedade americana, na sua mais elementar estupidez e na sua candura mais conformista, acaba por ser o bombo da festa, como em Borat. É provável que Cohen não possa prosseguir este registo em filmes posteriores; é como se ele esgotasse a capacidade de cada personagem, Ali G, Borat e Brüno, extrair da audiência e dos figurantes o máximo de realismo perverso e cupidez. Não parecem existir sequelas possíveis para Brüno, em particular. Porque Brüno, de todos eles, é o mais chocante, mais "in your face". O mais explícito e o mais cómico. O que mostra tudo e o sexo não é o pior de tudo. Uma audiência americana do interior terá dificuldade em rir com Brüno e a sua linguagem, apesar de rir dos reality shows cheios de abjecções, rir dos filmes para adolescentes cheios de sexo e piadas sexuais e rir da boçalidade dos zelotas. A audiência consegue rir disto. Não conseguirá rir de si mesma. E muitos homossexuais também não, achando-se mais ridicularizados do que os heterossexuais que começaram a praticar swing, a troca de casais, na sua lua-de-mel. Sacha Baron Cohen é o mais original e talentoso humorista dos últimos anos. Das mãos dele ninguém sai vivo. Esperemos que os detractores o deixem sair vivo a ele."
in Expresso 20 de Jul de 2009

publicado por cristms às 22:23
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Terça-feira, 28 de Julho de 2009

Precisamos de Arquitecto!

Pois é, aproveito o blog para ver se encontramos algum arquitecto(a) interessado(a) em fazer um projecto de alteração no nosso apartamento.

Se alguém estiver interessado por favor envie um email para blogsergay@hotmail.com a fim de podermos conversar.

Agradecidos!

:))

sinto-me: necessitado

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publicado por cristms às 16:50
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E esta hein? Quem consegue explicar?

O sr. Miguel Vale de Almeida (na foto superior), conhecido defensor dos direitos dos homossexuais, e que ainda recentemente lançou um livro (ver este post), foi escolhido pelo PS para um lugar elegível nas listas de Lisboa. Ao que parece, pretende-se com isto dar um sinal claro da intenção do PS em seguir em frente com os casamentos entre homossexuais. Até aqui, e mesmo não conhecendo o currículo do senhor, talvez não seja uma má opção, do ponto de vista da comunidade LGBT. Agora o que já é discutível é ter o senhor Pedro Silva Pereira (na foto em baixo), também nas listas com cabeça de lista em Vila Real, e este senhor pertencer à Opus Dei (facto que assumo, desconhecia até hoje!), uma instituição hierárquica da Igreja Católica, que bem sabemos qual a sua posição relativamente ao casamentos entre homossexuais.

Afinal que PS nos espera? Bem sabemos que por um tachinho as pessoas abdicam dos seus valores, e sendo este senhor membro da Opus Dei, vai fazer de conta que não o é, e dizer ao Sócrates para avançar com os casamentos entre homossexuais? Sabemos que este senhor é uma figura muito próxima de Sócrates... Já do sr. Miguel Vale de Almeida, pelo menos na apresentação do seu último livro, Fernanda Câncio foi a convidada, e como se sabe, ela é a namorada oficial de José Sócrates e assérima defensora dos direitos dos homossexuais.

Vamos ver como termina! Sendo que a diversidade de opiniões é salutar, sabemos bem o que já aconteceu noutros momentos em que alguém dentro do partido não concordava com alguma orientação dos líderes... Mas há uns que se calam e outros que nem por isso!

 

Como alguém já escreveu por aí, temos PS da Opus Dei à Opus Gay! 

:))
 

sinto-me:
publicado por cristms às 09:58
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Sábado, 25 de Julho de 2009

Regresso antecipado!

Para minha alegria e do lindo principalmente, o regresso de Cabo Verde foi antecipado! Sabe tão bem voltar a casa!!! Yupppiiiii!!!! :))
publicado por cristms às 20:16
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Sexta-feira, 24 de Julho de 2009

Canal Gay disponível...

Para quem tem o MEO, fique a saber que tem entre outros, nos canais Premium, um canal com conteúdo 100% gay, supostamente de qualidade. O canal chama-se For Man e podem confirmar aqui: http://www.meo.pt/MeoMobile/PacotesCanais/Pages/ListaCanaisGenero.aspx em canais Premium. Fica a sugestão!

sinto-me: desinteressado
publicado por cristms às 20:09
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Quinta-feira, 23 de Julho de 2009

PS pisca o olho a gays e lésbicas!!!

Como já era de prever, e no seguimento da moção que José Sócrates já tinha proposto ao congresso, será aprovado pelo PS o programa eleitoral para as próximas eleições onde o casamento entre homossexuais estará contemplado. 

Com o objectivo único de colmatar um erro levado a cabo há alguns meses atrás quando recusou a proposta do BE para a legalização do casamento entre homossexuais, pretende agora no programa eleitoral piscar o olho à comunidade gay e lésbica como se nós fossemos estúpidos e não tivéssemos memória. Um partido que se rege por princípios não pode num dia votar contra esses princípios apenas porque foram apresentados por outro partido, e no dia seguinte apresentar a mesma proposta. Mas que raio de princípios são estes??? Hipocrisia é o que é!!!

Obviamente, e já estamos habituados a isto, esta classe política (inclui a maioria dos que nos representam no Parlamento) trata o povo como ignorantes usando há anos e anos a mesma estratégia: Grandes obras e anúncios no final dos mandatos, pois o 3 anos e meios passados o povo já não se lembra! Espero muito sinceramente que quem vota, principalmente as gerações mais novas, comecem a não ir na mesma história e na hora de votar ponderem sobre os quatro anos de governo.

Na minha análise pessoal, penso que entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates sem dúvida que preferia José Sócrates. Mas BASTA de termos que olhar apenas para estes dois partidos, mesmo que para isso sejamos obrigados a votar em partidos que à partida dificilmente poderão formar governo! Está provado e comprovado que do PS ao PSD a diferença é pouca ou nenhuma e que ambos, tendo estado no governo, deixaram que o país chegasse ao ponto em que estamos hoje: LÍDERES (na maioria dos casos) dos piores da Europa. O que me resta? Irei quase de certeza votar no Bloco de Esquerda. Muitos dirão: "O Bloco de Esquerda é utópico!" e eu digo "Ah pois é!"... E então? É utópico é certo, mas defende políticas na maioria dos casos mais justas! Os outros não são utópicos, e a política que fazem (muitas vezes diferente da que é apregoada nas eleições e por esse país fora em eventos políticos) está constantemente a "deixar-nos na mão"! Já para não falar dos casos que começam agora a ser conhecidos de corrupção (que todos sabemos existir!) e de pessoas que andam há muitos anos, demasiados anos a "engordar" às nossas custas! Se olharmos bem, as caras que aparecem todos os dias nos nossos ecrãs são as mesmas que apareciam à 20 anos atrás.

Qual a conclusão que devemos tirar?

Eu acho que é óbvia: ALGO TEM QUE MUDAR. Penso que este processo mudança pode ser despoletado não votando nos dois principais partidos...

 

Fica a minha opinião, cada um terá a sua, e para que conste não sou filiado em nenhum partido, sou apenas um tipo que gosta de política (ao contrário de uma grande maioria) e que está FARTO de ver esta merda sempre toda na mesma!

 

Tenho dito!

 

:))

(imagem retirada dedo blog Devaneios LGBT)

sinto-me: indignado!
publicado por cristms às 19:45
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O MESSIAS DOS JUDEUS :: Grande Livro

Mais um livrinho que terminei (quem diria há uns anos atrás que me ia tornar num leitor assíduo de livros!? Será da idade?), desta vez O MESSIAS DOS JUDEUS, e adorei! A história é linda, sem muitos rócócós pelo meio. Objectiva qb, aborda vários temas problemáticos, mas foca-se na paixão vivida por dois adolescentes (gays) que embora vivendo em mundos diferentes, e descobrindo pouco a pouco a sua sexualidade, tentaram levar por diante o seu sonho de ficarem juntos e darem vida ao seu amor. Com avanços e recuos, com aventuras e medo, com ousadia e timidez, fica-se agarrado a esta história e lê-se com gosto e rapidez tal é a vontade de ver o desenrolar dos acontecimentos!


Recomendo!

 

Todos os posts sobre LIVROS

sinto-me: Messias?
publicado por cristms às 13:18
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Quarta-feira, 22 de Julho de 2009

Parabéns meus lindos!!!

Recebi por estes dias com grande entusiasmo, mais um anuncio de uma gravidez... Desejada e aguardada com alguma ansiedade trata-se da minha grande amiga S., a que me atura no trabalho e fora do trabalho, o que faz dela quiçá a pessoa que mais lida comigo
e vice versa. Falamos sobre todos os assuntos, não há qualquer tabu.

Há muito que ela e o H. tentavam engravidar, e finalmente conseguiram! Fiquei muito feliz, mas é inevitável pensar "Ok, e pronto, mais uns amigos que vão mudar de vida e se vão 'afastar'". O "afastar" aqui está no sentido de que obviamente a vida do casal muda, a rotina muda, o modo de estar muda, o relacionamento com os outros muda, as prioridades mudam... Não será melhor nem pior, será diferente...E isso deixa-me um pouco... Como direi... Um pouco aborrecido... Não sei se é a palavra certa, mas nós gays, que não teremos filhos assim tão rapidamente, de repente começamos a ver os nossos amigos todos com filhos a invadir os nossos encontros e a tornarem-se eles próprios o centro das atenções e das conversas... Ok, não podemos querer que os nossos amigos não tenham filhos, não faz qualquer sentido, mas no meu caso particular, fico aborrecido porque a mudança da vida deles é também uma mudança indirecta na nossa vida... E os filhos fazem-nos sempre "perder" um pouco da amizade e tempo dos pais....

Enfim...

Não sei se me fiz entender... É um misto de emoções, pronto!

 

Este post pretende ser um post de MUITOS PARABÉNS para os meus queridos amigos de longa data S&H, com votos de que tudo corra pelo melhor!

 

Cá estaremos para o que der e vier!

:))
 

sinto-me: feliz!
publicado por cristms às 18:03
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Terça-feira, 21 de Julho de 2009

PIC NIC DOS BLOGUISTAS 2009

No passado Domingo tive o prazer de participar pela primeira vez no Pic Nic dos Bloguistas 2009. Uma iniciativa do Algiboy, e que este ano levou a cabo a segunda edição do evento. Duplicou o número de participantes o que indica que o pessoal ficou satisfeito o ano passado e este ano regressou e trouxeram amigos! Foi o meu caso! Fui na companhia dos Felizes Juntos! O lindo não pode ir por obrigações profissionais :((

O dia correu muito bem, talvez menos interactivo do que eu imaginava, mas mesmo assim muito agradável. Talvez umas actividades que nos obrigassem a comunicar uns com os outros poderia ter ajudado a nos conhecermos um pouco melhor.

 

Visitamos logo pela manhã, o Museu José Malhôa situado no bonito parque da cidade (onde também decorreu o pic nic), com entrada livre. Depois houve uma breve apresentação dos participantes, e depois começou a preparar-se o almoço. Naturalmente foram-se formando uns grupinhos, uns a falar de BD, outros de assuntos um pouco mais sérios, outros de coisas mais leves! Achei impressionante a organização do Algiboy, visto que não tivemos que fazer nada, parecia que estavamos num restaurante! Depois do almoço fomos ao cafézinho (25 homens juntos, estão a ver a cena?!), e regressamos ao local do pic nic. Conversa puxa conversa, e tive de me ausentar mais cedo do que gostaria! Não trouxe o "prémio" de participação mas fica para a próxima!

 

Foi interessante ver autores de alguns blogs que acompanho há muito tempo, e verificar que muitas pessoas levam esta "brincadeira" dos blogs muito à séria! Os blogs, acabam por ser um meio de comunicação recente, utilizado de diferentes formas... Quantos mais e melhor, e se tiverem qualidade melhor ainda!

 

O Blog Ser Gay desta vez esteve presente, e quiçá o próximo jantar não seja organizado pelo blog, como comemoração do 1 milhão de visitantes do blog...

 

A ver vamos! :))

 

Venham mais pic nic's!!!

 

Obrigado Algiboy pela oportunidade! ;)

 

 

 PS: Quem partilha fotos???

Blogs Participantes 

 

Whynotnow * Comyxtura * TongZhi * Reflection * Felizes Juntos * Eu por aqui, Gay! * Psimentos * Monga * Um voo cego a nada * Gritos, gostos e gatafunhos * Sinest3sia * Ser gay * À volta da fogueira * Percursos *Carametade

 

sinto-me: agradecido
publicado por cristms às 23:12
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Segunda-feira, 20 de Julho de 2009

Antes de levantar voo...

... quero deixar-vos o link para (quem quiser, obviamente) ouvirem o programa de rádio Sessão da Noite da Antena 1, que foi para o ar na noite de Sexta para Sábado. "Forbidden Colors" é  o nome do "filme" e o alinhamento inclui, para além de músicas sempre actuais, três poemas ditos por mim e escritos por Alexandre Inácio, os quais já publiquei em posts anteriores. Fui também informado pelo autor do programa que este foi um dos mais ouvidos de sempre... Porque será? :)

 

Ouçam  em http://tv.rtp.pt/multimedia/index.php?prog=3446 o programa 23.

 

:))

 

sinto-me: orgulhoso
publicado por cristms às 17:46
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Ufa! Já está! E agora...Cabo Verde...

Caramba!!!

Estes dias têm sido uma autêntica azáfama, não daquelas que nos deixam cansados mas sim daquelas que nos dão pica e entusiasmo de forma a não pensarmos nas coisas tristes da vida!

Depois de o fim de semana passado ter tido toda a famelga por cá (entenda-se papás,mano e sobrinhas), na Terça fomos ver a Mariza aos bonitos jardins do Palácio do Marquês de Pombal em Oeiras, na Quarta recebemos um amigo que veio pernoitar cá a casa, e depois chegou-se a este fim de semana! 

Na Sexta fomos ver ESTA um grupo Isrealita - na companhia do Paulo e Zé (Felizes Juntos) -  no Festival Sete Sóis Sete Luas (todas as Sextas-feiras, na fábrica da pólvora, com grupos "alternativos" normalmente muito interessantes, e com entrada livre! Façam download da brochura AQUI) que nos surpreendeu, no Sábado para além de termos andado às compras para a decoração da casa (compramos um candeeiro lindoooooo para o nosso hall!), à noite fomos assistir a uma peça de teatro fantástica e bastante diferente do convencional: "Crime na Casa Museu de Leal da Câmara". Quem puder não perca por é muitoooo interessante! Por fim, hoje, Domingo, fui pela primeira vez ao II Pic Nic de Bloguistas nas Caldas da Rainha, organizado pelo simpático Algiboy, que recebeu os participantes com uma simpatia, organização e disponibilidade de realçar (ao que ouvi, no ano passado foi igual!). Um dia diferente, do qual falarei em pormenor num post dedicado ao evento! Por fim, jantamos com uma grande amiga que comemorava o seu aniversário e acabamos o dia a ouvir Concha Buika no parque Marechal Gomes da Costa em Cascais. Excelente e com um toque especial de Mariza, convidada pela própria Buika.

E pronto, agora a poucas horas de voar para Cabo Verde, tenho que (obrigatoriamente) preparar-me psicologicamente para estar fora até ao final do mês, longe do lindo, longe das meninas cá de casa e longe de todas as pessoas e coisas que me são queridas! Ter que ir sozinho com o meu boss não é pêra doce, não tanto pelo trabalho mas mais por ele mesmo! Enfim...Não há-de ser nada! 

Espero continuar a postar, mas nunca se sabe...

 

:))

sinto-me: com sono
publicado por cristms às 01:22
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Sábado, 18 de Julho de 2009

“Te Deum”

E como prometido, publico o último poema que poderão ouvir hoje, Sábado, de madrugada, no programa Sessão da Noite da Antena 1, pela uma hora da madrugada. O autor já sabem quem é, o Alexandre O Grande, ou Alexandre Inácio, e é com muito prazer e com um grande bem-haja que vos deixo as suas palavras...

 

 

“Te Deum”

 

Desesperado…

Moribundo…

Ajoelho-me ao altar da igreja velha.

O Silêncio cáustico chupa as lágrimas

Que se me jorram das entranhas…


 

Em jejum,

Sem fome…

A Fraqueza do espírito contorce-me o corpo.

Desabo os ossos pelo chão…

E desmaio a Vida…

 

Gelado,

Sem frio…

Entreabro os olhos e vejo a Luz…

Rompendo a estátua de Cristo,

Sai ele próprio vivo, inteiro, nú.


 

Assustado,

Incrédulo…

Vejo-o aproximando-se de mim

Príncipe, perfeito, sem coroa, nem espinhos

Cegando-me com os olhos doces de alecrim.

 

Firme,

Misericordioso…

Estende o braço e segura a minha mão.

Aligeira-se a minha Dor

E sorri-me calmo, com mansidão…

 

De rompante,

De surpresa,

Esmurra-me a cara sem defesa

Caio ao chão perdido

E atira-se em pontapés ao corpo estendido.

 

Contorço-me,

Aflito…

Arrasta-me pelos cabelos

Violento, pelos bancos cúmplices

Choro desterrado as vísceras que me doem.

  

À porta,

Frente ao Mundo,

Ergue-me moribundo nos seus braços

E dá-me um beijo terno, nos lábios,

Que me sabe a fel…

  

Desnorteado,

Sem sentidos,

Correndo-me as lágrimas pelo rosto em sangue,

Pergunto-lhe:

Serei expulso do céu,

Por fornicar homens como eu?

Responde-me apenas:

A tua alma é minha.

O teu corpo é teu.

sinto-me: a contemplar..
publicado por cristms às 02:18
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Sexta-feira, 17 de Julho de 2009

Ministério da Sáude assume discriminação :: Gays não podem dar sangue!

E se dúvidas houvessem, é conhecida agora a posição oficial do Ministério da Saúde relativamente à proibição da dádiva de sangue por gays. Quem acompanha este blog sabe da minha história pessoal acerca precisamente deste assunto, ou seja, foi-me negada a hipótese de dar sangue quando assumi que mantinha uma relação estável há mais de cinco anos com um homem (podem ler os posts relacionados AQUI). O propósito na altura tinha a ver com o facto de a minha mãe ir ser operada e de ser necessário duas ou três pessoas darem sangue. Nunca lhe disse que não aceitaram o sangue do seu filho porque penso que ela iria ficar magoada, mas isso não impediu que eu próprio sentisse a tão badalada "discriminação" na pele. Na notícia agora divulgada, o Ministério da Sáude diz  "A necessidade de garantir que os potenciais dadores não têm comportamentos de risco que, em termos objectivos e cientificamente comprovados, podem constituir uma ameaça à saúde e à vida dos potenciais beneficiários, leva à exclusão dos potenciais dadores masculinos que declarem ter tido relações homossexuais". Mas, garante, não se trata de discriminar "em função da orientação sexual", como fica comprovado "pela circunstância de os homossexuais de sexo feminino poderem ser aceites" como dadores. Em causa está, insiste o gabinete, "um controlo sobre os comportamentos de risco dos dadores". A discriminação exclui as lésbicas porque elas são mais bem comportadas do que nós homens... E pronto, num país democrático onde supostamente a liberdade de cada indíviduo é todos os dias apregoada por quem nos governa ou por quem tem responsabilidades no nosso país, esta DISCRIMINAÇÃO assumida pelo próprio Estado é do meu ponto de vista confrangedora. Numa altura em que está cientificamente comprovado que a propagação do vírus HIV é agora maior nos heterossexuais, esta "desculpa" para não aceitar o nosso sangue prende-se (ou só se pode prender) com preconceito! E dá que pensar, ou melhor, dá azo a pensar que o sangue  dos heterossexuais recolhido pelo IPS (Instituto Português do Sangue) não é devidamente  analisado... Ok, muitos pensarão "para quê nos chatearmos com isto", mas eu, como já fui discriminado "a frio" em que a minha intenção era apenas ajudar, é revoltante ser-nos negado isso principalmente como a toda a hora saem campanhas publicitárias para dar sangue. Republico a campanha que o IPS poderá agora afixar sem qualquer receio, visto que está legitimado por este Governo, onde a hipocrisia não tem lugar e a mensagem é directa e VERDADEIRA.

 

Leiam toda a notícia AQUI

sinto-me: fulo!
publicado por cristms às 11:23
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Quinta-feira, 16 de Julho de 2009

Mickael Jackson :: Especulações sobre orientação sexual

Correm por estes dias pela net muitos testemunhos de pessoas que conheciam de mais ou menos perto o Mickael Jackson, falecido há quase um mês, sobre se ele seria ou não gay. Sendo obviamente um assunto que vende e polémico, é também muito pouco importante neste momento se ele seria gay ou não. Mesmo assim começam a surgir as biografias (não autorizadas)... Um delas, de autoria de Halperin antecipou algumas descobertas: “No curso de minhas investigações, conversei com dois de seus amantes, um deles é garçon em Hollywood, outro é um aspirante a actor. O garçon continuava amigo [de Michael Jackson] até à sua morte. Ele atendeu Jackson num restaurante, Jackson ficou interessado, e os dois dormiram juntos na noite seguinte. De acordo com o garçon, Jackson apaixonou-se por ele.”

Enfim, se de facto Mickael era gay, só poderia ter tido algum interesse quando estava vivo, porque como sabemos, sendo uma figura global, ajudaria com certeza muitos milhares de fãs homófobos a pensarem de outra forma... Mas o assunto vende e portanto ainda muita tinta há-de correr acerca deste assunto.

Ainda a propósito deste assunto, deixo o vídeo da entrevista feita ao Mickael em 1996, e agora revelado, onde ele afirma categoricamente que não é gay.

 


 

sinto-me: apático
publicado por cristms às 19:35
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Quarta-feira, 15 de Julho de 2009

"De máscaras feito…"

Como já referi, na madrugada do próximo Sábado, mais propriamente à uma da manhã, irá para o ar mais um programa "Sessão da Noite" da Antena 1. Este terá temática gay e nele ir-se-ão ouvir três poemas: um, o Cores Proibidas, este que hoje divulgo e um outro que divulgarei antes do próximo Sábado. O autor, Alexandre Inácio, um leitor e amigo do blog é o autor deste poema que hoje publico e do próximo a publicar. Agora digam lá que este rapaz não tem jeito?! hein?!

Deliciem-se....

 

De Máscaras Feito

 

Não tenho corpo

Nem uma alma só

Se tiro a máscara

Fico nú.

 

Em carne viva

Sem pele

 

Gasta, podre

Em nojo crú.

Asco de mim,

Ser assim.

 

Actor sem papel,

Sempre em palco,

Sempre outro,

Nunca eu por mim.

 

Por amar

Quem não convém

Por foder

O que se desdém

 

Mudo a alma

Visto o prazer

Proibido

Secreto meu

 

Conhecido

Desejado

Do inferno ao céu.

 

E de máscaras feito

Ponho e reponho

Personagens

De pesadelo, 

De sonho

Ocultas, escondidas

D’alheio peito.

 

Espelho reflectido

Dou imagem

Que me dão

E assim vivo

Feliz

Expurgando

Purificando

O que ninguém se diz.

 

Sou messias.

Entrego o corpo.

Entrego a vida.

Salvo o mundo

Do pecado

Da carne

Reprimida…


 


 

sinto-me: bem...
publicado por cristms às 20:55
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Violência entre casais gay é maior do que entre heterossexuais

É pelo menos a conclusão de um estudo levado a cabo pela Universidade do Minho, que embora conclusivo, deve-se ressalvar a diminuta amostra do estudo: "151 indivíduos dos 15 aos 60 anos ligados a associações de defesa dos direitos dos homossexuais – 37,7 por cento eram estudantes, 19,9 exerciam profissões intelectuais e científicas, e as pessoas “mais escolarizadas tendem a identificar como violentos comportamentos banalizados pelas menos escolarizadas".

Deste estudo obtem-se o que "cada um admite já ter praticado, a violência psicológica é mais frequente (30,5) do que a física (24,5). Analisando o que cada um diz já ter sofrido, a tendência mantém-se: 35,1 por cento foram vítimas de, pelo menos, um acto de violência emocional e 24,5 de uma agressão física no último ano.
O mais comum é insultar, difamar, humilhar, partir ou danificar objectos de propósito ou deitar a comida no chão para assustar, gritar ou ameaçar, dar uma bofetada. Foi encontrada uma forma específica de abuso: o outing ou ameaça de outing (revelação indesejada da orientação sexual do parceiro se este tentar acabar a relação)".

É referido ainda (e na minha opinião faz todo o sentido) "que a violência entre casais do mesmo sexo tem sido 'negada ou ocultada' pela comunidade homossexual, já que reforça estereótipos negativos, e pelos investigadores da área, já que interroga o pressuposto feminista de que a violência é filha da desigualdade de género. As questões de género 'são relativas', já que estão 'associadas a diferenças de poder e as diferenças de poder ocorrem independentemente do género'.

Acrescenta-se ainda que "A homofobia pode gerar 'baixa auto-estima ou sentimento de inadequação sexual, que o sujeito procura compensar através da subjugação do parceiro'. Também pode 'funcionar como um legitimador da violência sofrida, uma vez que o indivíduo acredita que é merecedor ou até mesmo culpado da violência'".

Sendo obviamente questionável as conclusões devido à pequena amostra usada, o certo é que este estudo vai de encontro a outros estudos realizados na Europa, e portanto, poder-se-á admitir que muito provavelmente revela a realidade existente em Portugal.
E a mim, não me custa a acreditar, sei de casos bem próximos de violência entre casais homossexuais que são abafados... Se isso acontece muitas vezes num casal hetero (o facto de haver muitas vítimas que não apresentam queixa) não é difícil de acreditar que num casal homo, tendo em conta o medo e a vergonha de ser discriminalizado leva a que a vítima se cale...

Para mim, mais uma vez mostra que nada é diferente entre um casal gay ou hetero, e que não é solução por parte de quem defende os direitos da comunidade LGBT, esconder aquela que é muito provavelmente a realidade de muitos casais gays. Aliás, consegue-se a igualdade tratando de igual forma as coisas boas e más que acontecem na comunidade LGBT, pois nós SOMOS IGUAIS a todos os outros casais por esse paí fora...

Para o mais curiosos podem ler toda a notícia em: http://criasnoticias.wordpress.com/2009/07/13/violencia-entre-casais-gay-e-maior-do-que-entre-heterossexuais/

sinto-me: contra a violência!
publicado por cristms às 11:47
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Terça-feira, 14 de Julho de 2009

Contra a homofobia, marchar, marchar!

Passado que está o mês do Orgulho Gay(Junho), as festividades não pararam... As marchas do Orgulho Gay aconteceram em imensas cidades por esse mundo fora. Por cá, em Lisboa, tivemos a marcha com maior participação de sempre, perto de 2000 pessoas ao que parece. Este ano que estava decidido a ir, tive teatro e portanto não foi possível...

Mesmo assim foram milhões de pessoas que sairam à rua em defesa dos direitos da comunidade LGBT...
Deixo alguns títulos que vi na net:

 

  • Primeira parada gay da China atrai 2 mil a Xangai
  • Parada Gay reúne 200 mil em Roma
  • Parada Gay de SP reúne 3,1 milhões, diz organização
  • Mais de 2.000 pessoas participaram nesta quinta-feira, de forma discreta, da oitava edição da Parada Gay de Jerusalém
  • Parada Gay de Fortaleza reúne 900 mil pessoas
  • Parada gay leva mais de 1 milhão às ruas de Madrid

 

sinto-me: a marchar!
publicado por cristms às 11:58
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Sexta-feira, 10 de Julho de 2009

Partilha-te :: "As saudades são infinitas"

Não resisto a transcrever uma das 149 histórias do livro Partilha-te... Ainda não as li todas, mas das que li esta tocou-me particularmente...

É afinal a história de muitos nós...

 

As férias de Verão na aldeia sabiam sempre bem. Era uma maneira
de descomprimir do stress das aulas e dos professores, de todas as
responsabilidades que uma cidade nos põe nos ombros. Lá, na aldeia, o
tempo não corre. Os vales verdejantes aconchegam-nos o coração e a
alma. Os vales verdejantes e os teus cabelos ruivos. Um contraste quase
outonal. Ainda hoje os teus cabelos ruivos e a tua tez levemente
sardenta me atormentam o espírito. Éramos unha com carne.
Reparei em ti quando devíamos ter para aí doze anos. Na altura
éramos putos rebeldes e divertíamo-nos a jogar playstation nas tardes
soalheiras em tua casa. O sol era imenso e não dava para brincar cá
fora. Só saíamos à tardinha, quando começava a soprar o vento fresco
de norte. Já nessa altura eu gostava quando os teus braços roçavam ao
de leve nos meus, enquanto nos aconchegávamos no sofá estreito, em
frente à televisão, a ver o Jet Set Radio no seu skate maldito.
E os anos passaram. Um, dois, três, quatro. A nossa amizade foi
crescendo. Éramos melhores amigos naquela aldeia. Os outros rapazes
gostavam de ir para o rio ver as moças, jogar à bola e andar de mota. A
nós nada disso nos apelava e punham-nos de lado. Passávamos o
tempo a falar de jogos, de tecnologia, de música, de livros. E fomos
crescendo, lado a lado, solitários. No fim do Verão eu regressava
sempre à urbe, ao bulício, à confusão. E tu por lá ficavas resignado,
cada vez mais só, na tua aldeia. Soube que ultimamente os outros
rapazes gozavam contigo e eu não gostava disso. Chamavam-te
“cenoura”, “cagado das moscas” e coisas assim. E tu fazias orelhas
moucas a eles todos. Era uma alegria sempre que me vias e vinhas logo
para o pé de mim a correr. Íamos para o miradouro, longe de tudo e
todos, olhar o rio. Lá, abraçavas-me, e agarravas-te a mim. Preguiçoso
como eras, deitavas-te no meu colo e deixavas que eu te fizesse festas,
devagarinho, no cabelo. Enquanto fechavas os olhos e dizias coisas
muito baixinho e lentamente. E eu olhava-te de cima e só desejava que
o tempo nunca mais passasse. Estava a ficar completamente apanhado
e não havia retorno.
Neste último ano a tua mãe dera-te um telemóvel. Passaste o ano a
melgar-me com mensagens, às quais, eu respondia sempre, presto e
com carinho. Queixavas-te de um Inverno rigoroso e solitário que
nunca mais passava. De tardes e noites enfiado em casa só a jogar e a
ler porque não tinhas mais nada para fazer nem ninguém com quem
falar. E uma solidão que te começava a enlouquecer. Eu, na cidade,
rodeado de gente e facilidades. Mas cada vez mais só, também. Não me
revia em nenhum dos meus colegas que só se pareciam interessar por
futilidades. E sempre que pensava em amor não era uma moça que me
vinha à ideia. Eras tu. Tu, quem me aparecia sempre nos sonhos.
Sonhava contigo no meu colo, no miradouro, e em como, devagarinho,
me baixava e tu deixavas que os meus lábios tocassem nos teus. Ao
pôr-do-sol. Era um cenário perfeito. Era uma fantasia perfeita. E
sobrevivi mais um ano inteiro na cidade à custa dela.
Quando chegou a Julho reunimo-nos de novo. O Julho dos nossos
dezasseis anos iria ser mágico, pensei. Não podia ser de outra forma.
Tinhas crescido e criado alguma barriguinha. Nada que te afectasse.
Era mais qualquer coisa para apalpar e com a qual eu me podia meter.
Tu afastavas-te a rir e a dizer “Pá, pára lá com isso”, mas sem levar a
mal. No entanto estavas mais frio, mais distante. Apenas um pouco,
mas notava-se. Os anos iam tendo peso em ti. E a descoberta de ti
mesmo também. O que era natural, também me vinha descobrindo a
mim próprio. E nesta altura já não tinha dúvidas. Do que eu era, de
quem eu era, do que sentia. Mas o tempo ia passando e não havia
novidades. As mesmas brincadeiras de sempre, as mesmas conversas,
era tudo bom, mas sentia falta de qualquer coisa. Sentia falta de mais.
De um passo, do nosso beijo, do beijo que tanto imaginei. E de tudo o
que se poderia seguir. Mas tu não tomavas iniciativas e fechavas-te em
copas. Uma vez, em tua casa, quando jogávamos playstation, fui atrás
de ti, espreitar-te, à casa de banho. Não fiz por mal, tinha muita
curiosidade. Tu reparaste. Mas nada disseste. Baixaste apenas a cabeça
e ficaste calado. Pareceste ficar um pouco incomodado. Já te conhecia
bem demais. Quando os outros rapazes gozavam contigo era isso que
fazias. Baixavas a cabeça e fechavas-te em copas.
Outro dia, quando passeávamos na estrada, pus-te a mão no
ombro e comecei a apertá-lo ao de leve. Nada que não tivesse feito
antes, que não fosse natural entre nós. E tu nada disseste. Mas quando
a dona Arminda se aproximou, ao fundo da curva, mal te apercebeste
da sua presença, retiraste-me a mão. Foi um pequeno gesto. Muito
subtil, que ninguém notaria. Mas que eu notei e me deixou triste. Nessa
noite tive vontade de chorar. Parecia que te estava a perder aos poucos.
Comecei a entrar em turbilhão na minha cabeça. Não podia ser. A
imagem do beijo encorajava-me. De ti no meu colo. No dia seguinte
levei-te ao miradouro.
Mas não te deitaste no meu colo. Ficaste apenas calado com a
cabeça a olhar o longe. Coloquei as minhas mãos nas tuas costas e fizte
umas leves massagens. Mas tu não rolaste nem deste patinha. Não te
derreteste como era costume. Ficaste como uma estátua. Pus a mão no
teu cabelinho e afaguei-o. Virei a tua cara para a minha e disse apenas:
- Tenho algo muito importante para te dizer.
Os teus olhos cruzaram os meus e piscaram. Quase um esgar de
dor. Pareceram minutos infindáveis os segundos que me contemplaste
a tentar ler a minha alma. E quando acabaste de o fazer só fechaste os
olhos, a medo, retorquindo:
- Não sei se quero ouvir isto...
Mas já era tarde. Eu já ia embalado. Ou era agora ou nunca. Eu
não te podia perder.
- Acho que estou apaixonado por ti. Eu gosto de ti.
Ficaste parado, sem reacção. Olhaste para o rio. Desviaste o olhar
de mim. Eu desinchei como um balão, mas quase tremia expectante.
Temi uma fúria desmedida. Pensei muito nisso quando antecipava este
momento. Podias ficar furioso. Mas eu tinha de arriscar. Porque ainda
acreditava que, no fundo, te irias render e eu iria ter o meu beijo.
Mas não. Nem ficaste furioso, nem eu tive o meu beijo. Limitastete
a levantar, baixar a cabeça e em silêncio desaparecer.
- Tenho de ir jantar...
Disseste com voz sumida.
E eu fiquei prostrado a olhar o vazio. Uma lágrima veio por mim
abaixo. Suspirei muito. “Já está!” Pensei. “Agora não há volta a dar”.
Durante a semana toda não vieste à rua. Não apareceste. Não
respondeste a nenhuma mensagem. Nada. Um silêncio dilacerante. E
eu não tinha coragem sequer de te ir bater à porta. Passei a semana a
comer mal, a dormir mal. A minha avó achou que eu estava doente e
resolveu mandar-me de volta para casa, para a cidade. E eu concordei.
Já não estava ali a fazer nada. O meu paraíso estava um inferno. A
minha mente andava a mil à hora e não percebia, não conseguia
compreender o que se passava. Como tudo tinha mudado. E como
tudo tinha ficado tão difícil. No dia seguinte partiria. Antes porém
passei por tua casa, tinha mesmo de te ver. Com toda a coragem do
mundo bati à porta. Abriu-a a tua mãe. Sorriu-me como sempre, nela
nada houvera mudado e disse-me para entrar e avisou que eu estava ali.
Entrei a medo e fui até à sala. Estavas a jogar, como sempre, e nem
viraste a cara para mim. Disse-te apenas:
- Amanhã vou embora. Volto para casa.
Continuaste a jogar como se nada fosse. Nem estremeceste. Fiquei
impávido e chamei o teu nome baixinho. Acabei por murmurar.
- Desculpa...
Não sei porque o disse. Mas disse-o. Vacilaste. Senti uma pequena
reacção, uma palavra que finalmente penetrou a tua muralha silenciosa.
Muito baixinho murmuraste a custo e muito devagarinho, sempre sem
virar a cara.
- A minha boca é um túmulo... Faz boa viagem... E que tenhas
muita sorte na vida...
Virei-me e parti com o coração destroçado. Mas ao mesmo tempo
aliviado. Se não me tivesse declarado ficaria para sempre a pensar no
que poderia ter acontecido. Assim, o assunto morreu ali. Nunca soube
o que realmente se passou. O que realmente iria na tua cabeça, se
tinhas medo. Porque antes nunca mostraras medo. Se gostavas de
alguém. Como iria o teu coração. Porque nunca te ouvira falar em
raparigas. Nunca te ouvira falar em ninguém. Ainda hoje conservo no
meu telemóvel a mensagem enviada meses antes.
- Quando vens para a aldeia? Já estou a ficar doido de estar aqui
sozinho. As saudades são infinitas...


André Abel Aaires
22 Anos
 

sinto-me: tocado
publicado por cristms às 12:09
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