A um mês e meio, sensivelmente, da data do jantar convívio do Blog Ser Gay (no próximo dia 23 de Janeiro, Sábado), que comemora o sexto aniversário do blog, achei por bem iniciar o período de pré inscrições para tomar pulso ao que será este primeiro convívio do blog.
A pré inscrição consiste em enviarem um email para blogsergay@hotmail.com, dizerem para quantas pessoas será a inscrição e o nome em que fica a mesma. Também podem deixar o comentário a este post com os dados, mas penso que para o email é mais eficiente para futuros contactos. Todas as pré inscrições serão confirmadas mais próximo da data do jantar para efectivar a inscrição. Portanto, por agora, é ainda sem compromisso...!
O jantar deverá ser tipo menu, num restaurante em Lisboa ou arredores, com tudo incluído, e o preço deve variar entre 10 a 15 euros no máximo. Preciso de saber quantas pessoas estão interessadas para poder fazer uma boa escolha do local e ementa.
O logotipo do jantar é o mostrado abaixo.
Quem quiser, e agradecendo desde já, pode usar a imagem para publicitar ou convidar amigos através dos vossos blogs e/ou emails. Deixo também o link para as informações do jantar aqui no blog: http://gay.blogs.sapo.pt/tag/jantar+conv%C3%ADvio
O jantar terá algumas surpresas que estou a magicar e gostaria que fosse um encontro para conversar sobre tudo e sobre nada, mas com muito boa disposição.
Alguma dúvida que tenham é só dizer.
O jantar não é apenas para a comunidade LGBT, é para os amigos que queiram vir!
São todos bem vindos!
Vou pondo aqui as novidades!
Mais uma campanha contra a discriminação...
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Ontem, no trabalho, dois dos meus colegas não trabalharam devido a problemas com as filhas... A situação acontece muitas vezes, e sendo nós cinco pessoas (incluindo o boss) e estando a minha amiga S., também colega de trabalho, grávida, o meu chefe começa a ficar preocupado com o futuro... E dessa preocupação, ontem, saiu-se com esta para mim "________, espero que quando tiveres filhos, não sejas igual a eles...". Por vezes fico a pensar se estas frases não serão para me testar ou se ele é (mesmo) tapadinho e ainda não viu que eu sou gay. Mas esta questão fez-me pensar que de facto, nós gays, e do ponto de vista do patrão supostamente não teremos filhos, ou pelo menos a probabilidade é (por enquanto) infíma, e isso só os beneficia: não há saídas repentinas para ir buscar os filhos, não há (por enquanto) licença de paternidade, não há licença de casamento, não há obrigatoriedade de tirar férias no período de férias dos putos, e mais uma série de coisas normalmente associadas a direitos de um casal com filhos. Se juntarmos a isto sermos bons profissionais (válido para gays e não gays) no que respeita a produtividade estamos em clara vantagem, certo? Se calhar, deveria ser motivo para também ganharmos um pouco melhor, não?!?
:))
Foi assim que ontem recebemos a visita de um casal amigo, o L & L e a filha linda! O mesmo casal que me "obrigou" a fazer uma daquelas coisas que mais me arrependo até hoje, no meu relacionamento com o lindo... Eles na verdade não me obrigaram a nada, eu é que me senti na obrigação de... Enfim...
Começando....
Passou-se já há alguns anos, talvez uns cinco anos ou nem tanto, em que numa mesma oportunidade eles quiseram vir visitar-me... Na altura vivia com o lindo (na casa onde estivemos antes da actual... A casa era minha mas viviamos juntos por acordo comum, e como ainda não tinha assumido a minha homossexualidade para eles, julguei (mal!) que a única forma de os receber seria pedindo ao lindo para ir beber café e passar algum tempo fora de casa... Meu Deus... Não estava bom da cabeça, só pode! Ou estava... Mas aquele medo de assumir conjugado com a vontade de os receber levou-me a tomar a pior opção... O lindo na altura aceitou e fez isso, mas preferia (agora) que não o tivesse feito para não carregar esta culpa! Foi a primeira e a última vez que o fiz! Mas isso não impediu ontem de recordar esse momento que me deixa triste comigo próprio!
Enfim, coisas de Ser Gay...
:))
'Morrer como um Homem', a terceira longa-metragem do realizador português João Pedro Rodrigues, venceu recentemente o Prémio de Melhor Filme no Festival Gay e Lésbico 'Mezipatra', na República Checa.
O filme faz o retrato realista, sensível e até provocador de um travesti que se debate com um dilema interior: submeter-se a uma cirurgia e transformar-se, definitivamente, na mulher que veste todas as noites e quer ser todos os dias ou permanecer o homem que nasceu e morrer assim, segundo os desígnios de Deus?
'Morrer como um Homem' segue o trajecto de Tonia, personagem livremente inspirada na falecida Ruth Bryden e interpretada pelo actor estreante Fernando Santos, transformista de profissão, que comove no realismo e crueza da sua drag queen.
O filme teve honras de abertura do Queer Lisboa, Festival de Cinema Gay e Lésbico, em Setembro último, e chegou aos cinemas a 15 de Outubro. Segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual foi visto por pouco mais de cinco mil pessoas.
Trailer do filme:
A última história que partilho aqui no blog, retirada do livro "partilha-te", retrata a bonita história (desculpem a redundância) real de um casal que a morte separou. E esta história vem também a propósito de várias conversas que tenho tido ultimamente: casais que estão em fase de separação, como se fica quando "perdemos" a nossa cara metade, ou como é que um relacionamento pode durar 50 anos. São situações que podem acontecer tanto a casais gays como heteros, se bem que a durabilidade de um relacionamento gay é (ainda) muito questionada. O que fazer depois de perdermos a nossa cara metade? Enfim... Cada caso é um caso e tudo depende das circunstâncias em que perdemos o outro... Mas basicamente, na minha opinião, aquela velha história de que "quando nos juntamos a alguém não estamos a pensar na separação", não faz grande sentido. Penso que devemos SEMPRE continuar a pôr-nos em primeiro lugar, depois o filho, depois o marido/esposa ou vice-versa, e por aí a diante. Quando metemos o filho ou o marido em primeiro lugar, é óbvio que a perca de um deles terá efeitos devastadores na nossa vida. Felizmente, os casos próximos e recentes de separações estão de acordo com o que acho correcto o que minimiza em muito os efeitos da separação. Não quero com isto dizer que é fácil! Nada disso! É difícil, muito difícil! E quando isso acontece numa fase madura da vida em que supostamente se estaria numa fase de estabilidade, o facto de olharmos em frente e vermos uma (re)construção de uma nova vida (sozinho ou a dois, normalmente numa fase inicial não se consegue visualizar uma nova vida a dois!) é em muitos casos inadmissível e traumática. Os amigos, a família, são muito importantes no processo... No caso de casais gays é tudo igual... Mas há (ainda) uma diferença... A tal longevidade de um relacionamento - mais uma vez digo, na minha opinião - num casal hetero pode de certa maneira estar facilitada. Os filhos, os netos, que surgem em diferentes fases da vida trazem (quase sempre) novos motivos (normalmente) de alegria e vontade de viver. Nós gays (falo no sentido geral) não temos... Somos nós e o outro... Ok, alguns terão sobrinhos, mas penso não serem comparáveis a filhos... Se isso é bom ou mau (porque muitos casais usam os filhos como salvação do relacionamento, que normalmente nunca dá certo!) cada um saberá, mas certo é que vivemos com menos dependentes de nós e isso dá-nos uma (maior) liberdade para quebrarmos um relacionamento...
Não sei se me faço entender...
Enfim... Adiante!
Aconselho portanto a lerem a história que transcrevo de seguida... Penso que é muito bonita e inspiradora.
A nossa história
Porque achei o projecto com interesse, quero partilhar a minha
experiência homossexual com a esperança que ela irá contribuir
positivamente para que a nossa sociedade passe a acreditar que uma
relação “homo” pode ser tão bela e duradoura como uma
“heterossexual”.
Uma vivência em união de facto “homo” só exige como qualquer
outra uma coisa, a existência desse sentimento, tão velho como o
mundo, a que se chamou “Amor”.
A minha relação começa em Outubro de 1967 no desaparecido
Café Monumental com uma simples troca de olhares e de uma atracção
física muito forte. Depois de alguns encontros e apesar de ambos
termos namorados, chegámos à conclusão que algo nos tinha
acontecido e merecia um relacionamento mais estreito.
Ficámos livres e todos os dias surgiam mais indícios de
entendimento, de interesses comuns e de um grande desejo de
estarmos juntos, cada vez com mais frequência e durante mais tempo.
Vão passando os dias até que em 1969 já não temos dúvidas, estamos
unidos e presos por um grande amor. Há que investir nesta relação,
fazer dela uma união familiar em que o meu e o teu passem a ser nosso
e assumi-la se nos fosse perguntado. Com esta decisão deixei a casa dos
meus familiares, alugámos uma casa maior e fui viver com ele e a mãe.
Nesta altura começa outra fase da nossa vida a dois. Tudo é mais
partilhado, desde um quarto só para nós à manutenção da casa, aos
projectos para o futuro, aos problemas maiores e menores que surgiam
por se viver em comunhão total, enfim tudo o que é inerente a uma
família. Os anos vão decorrendo e, apesar de nenhum de nós ser
perfeito ultrapassámos as divergências surgidas com certa facilidade,
talvez porque cada vez mais nos conhecíamos melhor e nos sentíamos
unidos por um grande amor, compreensão e um entendimento sexual
muito forte.
Nunca nos sentimos discriminados, nunca foi necessário afirmar
que éramos um casal “gay”. Os amigos, colegas de trabalho, familiares
e outros aceitaram-nos sempre sem perguntas ou insinuações. Talvez
houvesse alguns que não estivessem muito de acordo, no entanto
nunca o demonstraram, pois a educação é muito bonita mesmo que
isso às vezes obrigue a engolir algum sapo.
Fomos realizando os nossos sonhos, o apartamento com vista para
o mar que tanto desejámos, viajámos, vimos os grandes espectáculos de
ópera e musicais em Nova Iorque e Europa, tivemos uma vida a dois
da qual não nos pudemos queixar e posso afirmar que vivemos a
felicidade, não a total, porque não existe, mas a possível.
Mas como tudo tem um fim, em Janeiro de 2008, quarenta anos
depois, ele partiu, foi traído pelo coração, esse mesmo coração onde
tantos anos morei, disso tenho a certeza. Amei muito, mas também fui
muito amado.
Foi um grande desgosto, até porque nada fazia prever esta partida
súbita. Valeram-me os amigos e famílias e até alguma ajuda médica.
Fiquei na nossa casa, no nosso quarto que mantenho tal e qual estava,
vivendo com a mãe dele que trato e tratarei o melhor que puder, não só
porque a ela me ligam laços que considero familiares, mas também em
memória dele que a adorava.
Para terminar, afirmo que valeu a pena ter vivido esta união de
facto durante 40 anos com um companheiro com quem partilhei uma
paixão e um grande, muito grande amor.
Hoje vivo com a saudade e as recordações de tantos anos. Sei que
jamais voltarei a sentir algo de parecido. Viverei com a sua imagem, o
seu querer, as suas palavras, poemas e tantas provas de amor que me
deu, até ao dia em que partirei ao seu encontro. Serei novamente feliz!
PS. Recorri ao tribunal para me habilitar ao que a lei confere ao
sobrevivente de uma União de facto. O julgamento já se realizou e
espero a sentença.
Carlos
65 Anos
Todos os posts sobre histórias do livro "Partilha-te" AQUI
Não pude ir... Mas fica a reportagem da SIC sobre a entrega de prémios ARCO ÍRIS 2009, organizado pela ILGA. Espero no próximo ano (também) estar presente!
Acabei de ler esta semana, o livro "Michael Tolliver está vivo" e aconselho vivamente, principalmente a quem leu as Histórias de São Francisco (ver aqui post). A forma como o autor (Armistead Maupin) retrata de forma tão natural, ternurenta e apaixonante a vida de um casal gay (com grande diferença de idade entre os dois), o seu dia-a-dia, as amizades, é tão engraçada que é impossível ficar indiferente. Mesmo para quem não leu as Histórias de São Francisco, o autor tem o cuidado de enquadrar as personagens sendo muito fácil criarmos uma "relação" rapidamente com elas.
Aconselho vivamente!
Todos os posts sobre Livros AQUI
Casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Referendo: Sim ou Não?
O programa de informação "Prós e Contras" conduzido pela jornalista Fátima Campos Ferreira abordará hoje (16 de Novembro de 2009), às 22:50, o tema do referendo ao Casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Para uns, o casamento entre pessoas do mesmo sexo já foi referendado no programa eleitoral do PS das últimas eleições.
Para outros, a questão é mais profunda, divide a sociedade e deve ser referendada à parte.
A discussão está lançada!
“Casamento Polémico” no maior debate da televisão portuguesa.
"Prós e Contras" - RTP1
Sendo uma questão muito pessoal, e que muitas vezes quando questionados tendemos a dar a resposta politicamente correcta, achei que a sondagem (sugerida por um leitor do blog) que agora termina (com mais de 900 votos) poderia dar-nos alguma ideia (real) de quais as qualidade que mais valorizamos no(a) nosso(a) companheiro(a). A pergunta era "O que valorizas mais no(a) companheiro(a)?", e a resposta com mais votos foi a "honestidade" com 35% dos votos. Em segundo lugar, e com praticamente a mesma percentagem ficaram a "inteligência" e o "aspecto físico" com 24% dos votos cada uma. O "dinheiro" aparece em 4º lugar e todas as outras respostas ("religião", "raça" e "escolaridade") obtiveram um total de 6%.
Bom quanto a mim o resultado era previsível, no entanto, seria muito interessante fazer a mesma questão num blog que não seja de temática gay para vermos as diferenças. A honestidade, eleita como a qualidade mais requerida, é também a qualidade que mais exijo do meu companheiro e dos meus amigos. Ser honesto connosco e com os outros é meio caminho andado para termos uma relação mais justa e mais madura. O aspecto físico, qualidade muito apreciada por todos mas (arrisco dizer) ainda mais valorizada pela comunidade gay, fica a par com a inteligência, o que mostra bem a sua importância.
E pronto, mais uma que termina e mais uma sondagem que inicia, desta feita, sobre o jantar convívio do blog que irá realizar-se no próximo dia 23 de Janeiro. OPINEM!
:))
Todas as sondagens podem ser lidas AQUI
Hoje, ao vir no comboio a ler o livro do qual falarei obrigatoriamente quando o terminar, deixei-me emocionar com uma das personagens que começando a envelhecer e a pensar já na cada vez mais próxima hora de partir, dizia ao seu "filho" que muitas vezes aquilo que não dizemos a alguém é o que mais tarde, no futuro, terá de saír de uma ou outra forma para ficarmos mais "leves"... Se o que fica por dizer é a alguém que por infortúnio se vai, então os remorsos, o arrependimento, a angústia, o desconforto poderão ser ainda maiores...
Ao ler isto pensei de imediato no meu avô... Já tem os seus oitenta e tal anos, vive em França junto de alguns familiares, e foi há muito pouco tempo mudado para aquela que supostamente há-de ser a sua penúltima morada: o lar. Era uma situação previsível, pois o seu peso extraordinário foram com o tempo "esmagando" as suas articulações e impossibilitando-o de se movimentar com ausência de dor. Embora tenha um passado cheio de actos e palavras horríveis, comigo - e talvez por ter vivido a minha infância perto dele - sempre foi aquele avô querido, barrigudo, que brincava comigo e a quem eu mexia (e puxava) as orelhas... Ouço dizer que a infância é muito importante na nossa vida, pois deixa marcas para o resto da vida, pois bem, no meu caso, esta relação que tive com o meu avô ficou cravada em mim até hoje e nutro por ele um sentimento muito especial... E sei que é um sentimento recíproco. É uma relação do passado, não é uma relação do presente... Mas mesmo assim, depois de ler aquilo hoje de manhã, pensei "Eu gostava tanto de partilhar a minha vida com o meu avô antes que ele se vá...". A última vez que estive com ele foi já há uns três ou quatro anos e sempre que me vê é notório nos seus olhos que fica contente. A última vez, ele a um tio meu: "C'est le coupain de _____?" que em português quer dizer "É o companheiro do _______?". O meu tio não confirmou nem desmentiu e ficou aliás a dúvida se ele se refereria a "companheiro" ou a "amigo". E aquilo fez-me (mais uma vez) ficar na dúvida se ele sabe ou não...
E isso leva-me à tal vontade que temos de partilhar a nossa vida com quem gostamos... E ele encaixa nesse grupo de pessoas... Mas logo de seguida penso se de facto valerá a pena contar... Contar para quê mesmo? O que pode isso mudar? Bom talvez eu não fique com o tal peso o resto da minha vida por não lhe ter contado... Mas por outro lado, e se ele não aprova? E se ao invés de lhe estar a dar uma boa notícia (no sentido de ele saber que partilho a minha vida com alguém que amo e isso me faz muito feliz) o estarei a desapontar? Para quê correr esse risco?
Não sei se ainda estarei com ele no estado em que possamos manter uma conversa, mas se isso vier a acontecer, continuo sempre com a mesma dúvida "Conto ou não conto?"...
A ideia não é nova... Há muito que tenho a vontade de juntar e conhecer alguns daqueles que passam por este cantinho, alguns desde o seu início (há quase cinco anos) outros mais recentemente... A ideia foi sugerida por algumas pessoas que me conhecem pessoalmente, mas na verdade elas foram apenas (mais) um incentivo a essa realização.
O blog é um pouco de mim. Quem "me" lê conhece um pouco de mim, mas penso que talvez fosse mais interessante manter o anonimato, ou seja, não dar a cara,e deixar que cada um que me visita imagine a minha idade, a minha fisionomia, a minha profissão... Mas quebrei isso também este ano ao participar no pic nic de bloguistas...
Manter um blog como eu venho mantendo com todo o gosto e humildade, com coisas mais ou menos interessantes, mas que me dão sempre muito gozo escrever e partilhar, requer algum tempo e disponibilidade que nem sempre temos... E eu estou numa dessas alturas, em que o tempo escasseia! Mas hoje, um dos leitores do blog que tem dado alguma contribuições importantes para o blog tanto com matérias muito interessantes mas principalmente por ter feito o blog e eu próprio participar um pouco na sua vida, o Alexandre, puxou novamente o assunto do jantar... Eu tinha ideia de o fazer quando atingisse o primeiro milhão de visitas, mas notei hoje que essa meta foi passada...
E foi então que o Alexandre sugeriu fazer o jantar na dada de comemoração dos seis anos do blog, dia 23 de Janeiro de 2010. Aceitei de imediato a proposta e a ideia vai portanto seguir em frente!
Irei portanto pensar na forma de divulgar o evento, e darei mais novidades sobre o assunto.
Não posso deixar de dizer que gostaria muito que este evento não fosse um encontro de gays, mas sim de pessoas que gostam de passar por este cantinho e que estejam disponíveis para conversar um pouco...
Mataram a filha gay durante um ritual para a «curar»
Uma jovem marroquina morreu durante um ritual organizado pelos seus pais para «curar» a sua homossexualidade. Esta sexta-feira, um tribunal belga colocou-os em prisão preventiva, conta o 20minutos.
O crime ocorreu em Outubro, quando Layla Achichi não resistiu aos golpes e às queimaduras sofridos durante uma cerimónia na sua própria casa, em Amberes, norte da Bélgica.
Segundo o advogado da família, Johan Platteau, os pais rejeitam as acusações e garantem que estavam apenas a fazer a «cura espiritual» da filha, uma vez que estavam convencidos que a filha tinha sido possuída por um espírito maléfico que a fazia gay.
Houve uma terceira pessoa envolvida no ritual, que terá lido passagens do Corão.
E esta hein?!
Vem mesmo a calhar este "título" atribuído agora à "cidade maravilhosa", pelo canal de televisão MTV e pelo site Trip Out Gay: Rio de Janeiro é considerado o melhor destino gay do mundo! Dizia eu que vem mesmo a calhar, porque está nos planos de 2010 uma possível visita ao Rio de Janeiro, cidade que sempre quis conhecer (influência das novelas brasileiras!). Ao que parece o título não foi tanto atribuído por haver mais bares ou noite gay, mas sim por se poder exibir sem complexos nem discriminação o amor que se nutre pelo namorado, mesmo na famosa Praia de Ipanema. A rua Farme de Amoedo como a "rua mais gay" bem pertinho da "praia gay de ipanema". O título foi disputado com Buenos Aires, Barcelona, Londres, Montreal e Sydney.
Foram atribuídos outros prémios, tais como:
Melhor destino gay dos Estados Unidos: Nova Iorque;
Melhor bar gay do mundo: ABBEY
Melhor destino gay com mais sex appeal: PARIS
:))
Eu, o lindo e alguns amigos discutimos frequentemente a questão: "As mães sabem sempre que somos gays! São as primeiras a saber!". Eu, baseando-me na minha história pessoal, e acreditando que não me mentiram, tanto o meu pai, a minha mãe e o meu irmão me disseram que nunca desconfiaram...Ok, é certo que há muita coisa escancarada diante dos nossos olhos e nós, por acharmos que é algo que não queremos ver, o subconsciente trata de "não deixar ver"... Já me aconteceu isso, e só me apercebi disso muito tempo depois de ter acontecido! Eu continuo a acreditar que a minha mãe não sabia que tinha um filho homossexual até lhe ter contado. Acredito que ela me achasse especial, diferente, mas penso que não lhe passaria que essa diferença passasse por gostar de homens! Lá na aldeia, a homossexualidade é tabu, e fala-se disso em surdina ou então nem sequer se fala... E muita gente, principalmente mulheres, nem sabem que "isso" pode existir por ali...
Partilho, à semelhança do que tenho vindo a fazer, mais uma história do livro Partilha-te. Tem a ver com este assunto, e a jovem que a escreve fá-la de uma forma muito ternurenta...
Como não contei à minha mãe
Tudo tinha acabado, tanto tempo a partilhar a minha vida com
alguém para acabar assim, era difícil de acreditar.
Estava sentada no chão a chorar quando a minha mãe entrou no
meu quarto e sentou-se do meu lado sem nada dizer, esperava que eu
lhe dissesse o que se estaria a passar.
- Eu ainda não estou pronta, eu não consigo contar-te. -
Lamentava a minha falta de coragem, afinal ela era a única pessoa que
receava que me rejeitasse.
- Mas eu já sei, querida.
- Já sabes? Como assim?
- Tu e a tua namorada acabaram.
Não fui capaz de dizer mais nada, encostei a minha cabeça no seu
ombro e deixei que dos meus olhos corressem todas as lágrimas que
teriam de cair, não valia a pena sequer secá-las, logo a seguir viriam
muitas mais, tinha acabado de libertar-me do meu maior medo.
Passaram vários minutos, talvez horas, ou talvez, nas melhores das
hipóteses, o tempo tinha mesmo acabado de parar e a minha Mãe
acabou por falar:
- És a minha filha e eu amo-te acima de tudo, eu sempre te disse
que a única coisa importante para alcançar nesta vida era a felicidade,
não foi?
Consenti e ela continuou:
- E eu só quero que sejas feliz, independentemente dos caminhos
que escolhas, orgulho-me tanto de ti e basta olhares em teu redor,
tantos homossexuais que se assumem e conseguem ser felizes. Tu não
serás diferente, és a minha pequena lutadora e conseguirás tudo aquilo
que quiseres. Sempre que falhares e caíres, eu estarei aqui para te
apoiar, sempre.
Não foram poucas as vezes que tentei falar, mas as palavras de
pura gratidão que brotavam do meu coração, acabaram todas por
morrer nos meus lábios, depois de ouvir da pessoa que mais amo, que
me aceita tal como sou, o que haveria ainda por dizer?
Isto que vos conto não é ficção, é somente a verdade, tenho
imensa sorte, mesmo sem nunca ter dito fosse o que fosse sobre o
facto de ser lésbica, a minha mãe sabia-o melhor do que ninguém.
Muito me escondi e repugnei tudo o que era natural em mim, o
Amor é um sentimento e pertence a todos, sejam quais forem as suas
características!
Aberração? A quem me chama isso só tenho uma coisa a dizer: "O
monstro que vês em mim não passa de um reflexo teu!"
Vivam, amem, sejam felizes que isso, na realidade das coisas, é a
única coisa que realmente interessa.
Ontem ao final do dia foi entregue na Assembleia da Répública o programa de Governo 2009-2013, chefiado (como todos sabemos) pelo Engº. José Sócrates. Nele está escrito (quem quiser pode ler AQUI todo o Programa):
"Remover as barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do
mesmo sexo;"
E pronto, agora só falta por em prática o que está escrito. Eu penso que rapidamente será aprovado, tal como Zapatero fez em Espanha, sem referendos e aprovado no parlamento. Os católicos do Partido Socialista já se fazem ouvir segundo notícia do Expresso (ler AQUI):
"O porta-voz do grupo de militantes socialistas católicos, Cláudio Anaia, desafiou hoje o primeiro-ministro, José Sócrates, a ter "coragem política" para avançar com um referendo sobre o casamento homossexual. "
A ver vamos!!!
Depois de contar aos meus pais sobre a minha homossexualidade, vivemos numa aparente normalidade, embora nada estivesse bem. O meu pai nunca mais abordou o assunto, e a minha mãe, quando os visitava à terrinha, lá desabafava um pouco comigo, partilhando a dor que sentia por não poder desabafar com o meu pai sobre o assunto. Sim, porque à assuntos que pura e simplesmente não dão para ser discutidos ou conversados... Passei então - e depois de adoptar a mesma técnica (fazer de conta que nada se passava) - a falar por meio de acções... Reduzi drasticamente as minhas visitas, reduzi os telefonemas, reduzi aos mínimos a minha relação com eles. Eles notaram, principalmente a minha mãe que acabou por ser a vítima deste duro processo... Mas no fundo sabia que ela me apoiava e que entendia as minhas acções... Mas foi no Natal do ano de 2005 se não estou em erro, que dei a golpada final: decidi passar o Natal por cá, acompanhado do lindo, no ano em que o meu irmão também ia passar com a família da minha cunhada, ou seja, eles passaram o Natal sozinhos na aldeia. Custou-me muitoooooooo... Muito mesmo... E a eles também lhes custou muito... Mesmo assim, no dia de Natal, e porque o lindo ia trabalhar, decidi aparecer de surpresa para almoçar com eles. Nunca me hei-de esquecer a cara deles quando me viram dentro de casa: a minha mãe ficou de boca aberta e o meu pai também, e ele teve o impulso de me vir abraçar o que é muito raro acreditem. Foi, e continua a ser dos momentos mais marcantes da minha vida, e ainda hoje não consigo contar o episódio sem ficar com os olhos húmidos, como estão neste preciso momento. Esse Natal foi a golpada final para o meu pai entender que algo tinha que mudar, e de facto, no ano seguinte, mês após mês o meu pai deu passinhos (grandes) para chegarmos ao ponto em que estamos hoje: todos em família.
Mas este post é sobre aquele silêncio que por vezes se perpétua uma vida inteira nas nossas vidas, sobre um determinado assunto incómodo: primeiro por conveniência e depois por hábito. E a este respeito partilho mais uma das histórias do livro Partilha-te, que tenho vindo a falar. Desta vez trata-se da história do Raim e que apenas transcrevo sem nenhum comentário:
Vivo em Lisboa, sou homossexual, muçulmano e aos 17 anos os
meus pais, depois de verem que eu tinha umas brochuras da ILGA,
perguntaram-me da forma directa como encaram a vida:
- És gay?
- Sim sou - respondi da forma directa com que eles me ensinaram
- Isso daqui a uns tempos passa... - disse o meu pai
Fiz um ar de quem não estava a perceber, e a minha mãe já
angustiada remata
- Não queres ter uma família?
-...pensei que já tivesse uma. - Respondi
Depois desta resposta mantém-se o silêncio sobre este assunto até
hoje.
O resto continua igual.
Raim
28 Anos