Hoje, neste dia triste de inverno, dei um saltinho à entrega dos prémios média 2009 da rede ex-aequo, tal como já tinha feito o ano passado, para dar alguma côr a este dia cinzento. Fiz bem! Não me arrependi! A presença anunciada dos homenageados não se concretizou em alguns casos (Ana Zanatti, Filipe La Féria, e as actrizes Diana Chaves e Ana Guiomar fizeram-se representar por outras pessoas), mas mesmo assim, a presença de outros foi enriquecedora para o evento. Falo especificamente do jornalista Nuno Ropio, o autor de algumas novelas Rui Vilhena e o actor Nuno Távora. Com o jardim de Inverno do Teatro São Luiz bem composto, à semelhança do ano passado, o evento começou com a actuação de um grupo musical, que correu muito bem! De seguida foram as homenagens e as respectivas entregas de prémios, e por fim o habitual espaço de perguntas e respostas.
Destaco deste espaço - de perguntas e respostas - a intervenção do jornalista Nuno Ropio, que contou algumas histórias pessoais e profissionais, relacionadas com o processo de preparação das suas reportagens... Mas houve uma principalmente, que foi realçada, que se tratava de uma amiga sua - também presente no evento, embora não identificada -, que há coisa de sete anos foi despedida devido à sua orientação sexual. Ela entrou numa batalha jurídica da qual o jornalista foi também participante como testemunha. O Ropio, depois do desenrolar que levou à saída da amiga da empresa, não aguentou a pressão e saiu também passados dois meses. Mas, interessante na história foi a referência ao então responsável lá no emprego, que segundo o jornalista se trata de uma pessoa conceituada e bastante conhecida do panorama nacional. Mas porque raio é que nunca se tratam as pessoas pelos nomes????? O Nuno Ropio acabou por não identificar a pessoa em questão e temos de respeitar isso, mas penso que esses "manda-chuva" deste país, hipócritas, que entram muitas vezes pela nossa casa adentro através da televisão apregoando boas maneiras e liberdades, e que na verdade escondem por atitudes verdadeiramente deplorantes e discriminatórias. E o que acontece quando um jornalista (não me refiro apenas ao Nuno Ropio, mas a muitos, a maioria com certeza) sabe de um podre que se prende com liberdades e/ou discriminação, por alguém com responsabilidades neste país? Não se denuncia... Mas o Nuno Ropio é dos poucos jornalistas que aborda com regularidade as questões da discriminação e foi por isso mesmo que foi homenageado.
E pronto, deixo o texto acerca da escolha dos homenageados disponibilizado pela rede ex-aequeo e para o ano há mais!
Ana Zanatti, Actriz e autora, pela abordagem de temas extremamente relevantes para a juventude LGBT no programa “Sete Palmos de Testa”, numa atmosfera de respeito por todas as pessoas e por diferentes pontos de vista aliada a uma grande franqueza e a uma intenção clara de auscultar a juventude.
Rui Vilhena, autor, e Nuno Távora, actor, pela novela “Olhos nos Olhos” (TVI).
Filipe La Féria pela encenação da peça “A Gaiola das Loucas”, onde foram abordadas as temáticas do transformismo e homossexualidade.
Ana Guiomar e Diana Chaves, actrizes, pela novela “Podia Acabar o Mundo” (SIC).
O programa “Prós e Contras” (RTP1), pela inclusão do casamento entre pessoas do mesmo sexo nos seus temas de debate.
Nuno Ropio pelas várias reportagens realizadas ao longo deste ano onde abordou os temas da Homossexualidade e Transsexualidade. “Polícias homossexuais discriminados pelo Ministério da Administração Interna”, “Filhos de lésbicas regem-se pela normalidade”, “Casas de abrigo para jovens gays e lésbicas expulsos pelas famílias”, etc.