Foi assim que ontem recebemos a visita de um casal amigo, o L & L e a filha linda! O mesmo casal que me "obrigou" a fazer uma daquelas coisas que mais me arrependo até hoje, no meu relacionamento com o lindo... Eles na verdade não me obrigaram a nada, eu é que me senti na obrigação de... Enfim...
Começando....
Passou-se já há alguns anos, talvez uns cinco anos ou nem tanto, em que numa mesma oportunidade eles quiseram vir visitar-me... Na altura vivia com o lindo (na casa onde estivemos antes da actual... A casa era minha mas viviamos juntos por acordo comum, e como ainda não tinha assumido a minha homossexualidade para eles, julguei (mal!) que a única forma de os receber seria pedindo ao lindo para ir beber café e passar algum tempo fora de casa... Meu Deus... Não estava bom da cabeça, só pode! Ou estava... Mas aquele medo de assumir conjugado com a vontade de os receber levou-me a tomar a pior opção... O lindo na altura aceitou e fez isso, mas preferia (agora) que não o tivesse feito para não carregar esta culpa! Foi a primeira e a última vez que o fiz! Mas isso não impediu ontem de recordar esse momento que me deixa triste comigo próprio!
Enfim, coisas de Ser Gay...
:))
Eu, o lindo e alguns amigos discutimos frequentemente a questão: "As mães sabem sempre que somos gays! São as primeiras a saber!". Eu, baseando-me na minha história pessoal, e acreditando que não me mentiram, tanto o meu pai, a minha mãe e o meu irmão me disseram que nunca desconfiaram...Ok, é certo que há muita coisa escancarada diante dos nossos olhos e nós, por acharmos que é algo que não queremos ver, o subconsciente trata de "não deixar ver"... Já me aconteceu isso, e só me apercebi disso muito tempo depois de ter acontecido! Eu continuo a acreditar que a minha mãe não sabia que tinha um filho homossexual até lhe ter contado. Acredito que ela me achasse especial, diferente, mas penso que não lhe passaria que essa diferença passasse por gostar de homens! Lá na aldeia, a homossexualidade é tabu, e fala-se disso em surdina ou então nem sequer se fala... E muita gente, principalmente mulheres, nem sabem que "isso" pode existir por ali...
Partilho, à semelhança do que tenho vindo a fazer, mais uma história do livro Partilha-te. Tem a ver com este assunto, e a jovem que a escreve fá-la de uma forma muito ternurenta...
Como não contei à minha mãe
Tudo tinha acabado, tanto tempo a partilhar a minha vida com
alguém para acabar assim, era difícil de acreditar.
Estava sentada no chão a chorar quando a minha mãe entrou no
meu quarto e sentou-se do meu lado sem nada dizer, esperava que eu
lhe dissesse o que se estaria a passar.
- Eu ainda não estou pronta, eu não consigo contar-te. -
Lamentava a minha falta de coragem, afinal ela era a única pessoa que
receava que me rejeitasse.
- Mas eu já sei, querida.
- Já sabes? Como assim?
- Tu e a tua namorada acabaram.
Não fui capaz de dizer mais nada, encostei a minha cabeça no seu
ombro e deixei que dos meus olhos corressem todas as lágrimas que
teriam de cair, não valia a pena sequer secá-las, logo a seguir viriam
muitas mais, tinha acabado de libertar-me do meu maior medo.
Passaram vários minutos, talvez horas, ou talvez, nas melhores das
hipóteses, o tempo tinha mesmo acabado de parar e a minha Mãe
acabou por falar:
- És a minha filha e eu amo-te acima de tudo, eu sempre te disse
que a única coisa importante para alcançar nesta vida era a felicidade,
não foi?
Consenti e ela continuou:
- E eu só quero que sejas feliz, independentemente dos caminhos
que escolhas, orgulho-me tanto de ti e basta olhares em teu redor,
tantos homossexuais que se assumem e conseguem ser felizes. Tu não
serás diferente, és a minha pequena lutadora e conseguirás tudo aquilo
que quiseres. Sempre que falhares e caíres, eu estarei aqui para te
apoiar, sempre.
Não foram poucas as vezes que tentei falar, mas as palavras de
pura gratidão que brotavam do meu coração, acabaram todas por
morrer nos meus lábios, depois de ouvir da pessoa que mais amo, que
me aceita tal como sou, o que haveria ainda por dizer?
Isto que vos conto não é ficção, é somente a verdade, tenho
imensa sorte, mesmo sem nunca ter dito fosse o que fosse sobre o
facto de ser lésbica, a minha mãe sabia-o melhor do que ninguém.
Muito me escondi e repugnei tudo o que era natural em mim, o
Amor é um sentimento e pertence a todos, sejam quais forem as suas
características!
Aberração? A quem me chama isso só tenho uma coisa a dizer: "O
monstro que vês em mim não passa de um reflexo teu!"
Vivam, amem, sejam felizes que isso, na realidade das coisas, é a
única coisa que realmente interessa.
Depois de contar aos meus pais sobre a minha homossexualidade, vivemos numa aparente normalidade, embora nada estivesse bem. O meu pai nunca mais abordou o assunto, e a minha mãe, quando os visitava à terrinha, lá desabafava um pouco comigo, partilhando a dor que sentia por não poder desabafar com o meu pai sobre o assunto. Sim, porque à assuntos que pura e simplesmente não dão para ser discutidos ou conversados... Passei então - e depois de adoptar a mesma técnica (fazer de conta que nada se passava) - a falar por meio de acções... Reduzi drasticamente as minhas visitas, reduzi os telefonemas, reduzi aos mínimos a minha relação com eles. Eles notaram, principalmente a minha mãe que acabou por ser a vítima deste duro processo... Mas no fundo sabia que ela me apoiava e que entendia as minhas acções... Mas foi no Natal do ano de 2005 se não estou em erro, que dei a golpada final: decidi passar o Natal por cá, acompanhado do lindo, no ano em que o meu irmão também ia passar com a família da minha cunhada, ou seja, eles passaram o Natal sozinhos na aldeia. Custou-me muitoooooooo... Muito mesmo... E a eles também lhes custou muito... Mesmo assim, no dia de Natal, e porque o lindo ia trabalhar, decidi aparecer de surpresa para almoçar com eles. Nunca me hei-de esquecer a cara deles quando me viram dentro de casa: a minha mãe ficou de boca aberta e o meu pai também, e ele teve o impulso de me vir abraçar o que é muito raro acreditem. Foi, e continua a ser dos momentos mais marcantes da minha vida, e ainda hoje não consigo contar o episódio sem ficar com os olhos húmidos, como estão neste preciso momento. Esse Natal foi a golpada final para o meu pai entender que algo tinha que mudar, e de facto, no ano seguinte, mês após mês o meu pai deu passinhos (grandes) para chegarmos ao ponto em que estamos hoje: todos em família.
Mas este post é sobre aquele silêncio que por vezes se perpétua uma vida inteira nas nossas vidas, sobre um determinado assunto incómodo: primeiro por conveniência e depois por hábito. E a este respeito partilho mais uma das histórias do livro Partilha-te, que tenho vindo a falar. Desta vez trata-se da história do Raim e que apenas transcrevo sem nenhum comentário:
Vivo em Lisboa, sou homossexual, muçulmano e aos 17 anos os
meus pais, depois de verem que eu tinha umas brochuras da ILGA,
perguntaram-me da forma directa como encaram a vida:
- És gay?
- Sim sou - respondi da forma directa com que eles me ensinaram
- Isso daqui a uns tempos passa... - disse o meu pai
Fiz um ar de quem não estava a perceber, e a minha mãe já
angustiada remata
- Não queres ter uma família?
-...pensei que já tivesse uma. - Respondi
Depois desta resposta mantém-se o silêncio sobre este assunto até
hoje.
O resto continua igual.
Raim
28 Anos
Continuo com muito pouco tempo para postar, mas aproveito esta fase para divulgar algumas histórias do livro Partilha-te. Em continuação do último post, onde o Ricardo descrevia como contou aos seus amigos, trago a 2ª parte da "novela" onde descreve como foi contar aos pais.
Os meus pais
Acho que o maior receio de quem é homossexual, é o contar aos
pais. Este não é um passo obrigatório mas parte de cada um de nós
saber se considera importante partilhar esta parte tão importante da
nossa vida com eles ou não.
Apesar de este ser um passo muito complicado no meu caso
tornou-se bastante mais fácil pois aproximadamente um mês antes
tinha contado aos meus irmãos que aceitaram muito bem e que se
prontificaram a ajudar-me em tudo o que fosse preciso quando
decidisse contar aos meus pais. Quando decidi contar, perguntei aos
meus irmãos se estariam lá comigo quando isso acontecesse e ainda
bem que o fiz porque a ajuda deles foi essencial.
Decidi então marcar um jantar em casa dos meus pais em que lhes
disse que tinha algo para lhes contar mas que não ia revelar mais nada
até ao dia do "fatídico" jantar. A minha mãe começou então a ligar para
as minhas irmãs para ver se descobria do que se tratava mas elas
conseguiram manter o segredo. Uma das vezes que falou com a minha
irmã disse-lhe que já sabia do que se tratava e que se todos os
problemas fossem assim estava ela bem. Isto foi a forma da minha mãe
me dizer (indirectamente através da minha irmã) que já estava
preparada.
Chegou então o dia do jantar em que iria finalmente contar algo
que escondi durante 17 anos da minha vida. Jantámos, falámos de tudo
e de nada, rimos e tudo corria bem. Esperei pelo fim do jantar e senteime
então à frente dos meus pais e dos meus irmãos e tentei não rodear
muito o assunto e ser directo Quando acabei de revelar a minha
orientação sexual aos meus pais a sala ficou em silêncio durante uns
segundos, que para mim pareceram uma eternidade.
A minha mãe disse-me então que já desconfiava e que por ela
estava tudo bem e desde que eu fosse feliz ela estava bem. O meu pai
não disse quase nada mas aceitou bem. Estranhamente nos dias que se
seguiram eles continuaram a tratar-me como sempre tinham feito mas
eu não conseguia estar com eles. Este processo apanhou-me de
surpresa pois pensei que seriam eles a precisar de tempo para se
adaptar mas na realidade fui eu que precisei de tempo para me poder
sentir à vontade com eles novamente.
Já passaram cerca de dois meses desde que contei e posso dizer
que não houve qualquer alteração na maneira como a minha família me
trata. O amor por um filho ou irmão não desaparece só por causa da
nossa orientação sexual. Infelizmente demorei algum tempo a perceber
isso mas como se costuma dizer: "mais vale tarde que nunca"
Ricardo M. Santos
27 Anos
Todos os posts sobre o "Partilha-te" podem ser lidos AQUI
O conhecido artista da rádio e tv pirata e quiçá do mundo também, com o nome de Elton John, acaba de tornar público que perdeu a virgindade aos 23 anos de idade, e que foi nessa altura que percebeu quem era. Eu também gostaria de ter-me conhecido muito antes, mas felizmente, penso que cada vez mais as novas gerações têm condições para se assumir mais cedinho. Fica a notícia:
Sir Elton John não sabia quem era até fazer sexo pela primeira vez. É o próprio quem o diz, ao mesmo tempo que lamenta ter perdido apenas a virgindade aos 23 anos. A confissão surge depois da divulgação de uma carta que o cantor escreveu para si mesmo.
«Cometi o erro de só ter sexo aos 23 anos. Adorei estar com outro homem e percebi finalmente quem era», disse. Homossexual assumido, casado com David Furnish, Elton John. «O meu conselho é nunca procurar o amor. Ele encontra-te quando menos esperares», escreveu.
«Diverte-te, tem muito sexo seguro e disfruta a tua sexualidade. Orgulha-te de quem és», leu ainda Elton John da carta que escreveu para si próprio, com o intuito de a ler 16 anos depois, 14:44 - 22-10-2009
que integra o livro Dear me: A Letter to My Sixteen-Year-Old Self, de Joseph Galliano.
in http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=180276
Há alguns meses foi lançado o livro "Partilha-te" já por mim referido anteriormente aqui(disponível para download em www.partilhate.com). Basicamente trata-se de 149 histórias de homossexuais, amigos ou familiares que partilham a sua experiência nas mais variadas vertentes. Hoje publico uma dessas histórias, que ao lê-la me "transportou" para o momento em que - no dia que assumi a minha homossexualidade para o meu pai - o meu irmão me ligou depois de contactado pela minha mãe a contar o que se tinha passado. O meu irmão é militar e considero-o a minha antítese. Somos muitooooo diferentes, e dos vários traços da sua personalidade, salientam-se a sua virilidade e as milhentas aventuras que teve com mulheres. Por isso eu receava muito a sua reacção ao saber que o seu irmão era gay. Nesse dia ele ligou, conversamos normalmente (eu estava, aliás, ambos estavamos muito nervosos mas a tentar disfarçar) e na hora da despedida em que eu estava quase a pensar "Ufa, afinal ele não sabe de nada ainda!", eis que me pergunta "Não tens nada para me dizer?". Pronto, nesse momento caiu-me tudo!!! Para me tranquilizar ele quase não me deixou falar, e disse, emocionado: "Mano, já sabemos o que se passa e quero que saibas que eu e a tua cunhada estamos ao teu lado e te apoiaremos no que for necessário. Estamos um pouco chocados mas conta connosco.". Desde então, e (ainda) neste momento em que escrevo estas palavras, não consigo deixar de me emocionar. Foi dos momentos mais marcantes do meu com'out e ainda mexe muito comigo. A história do Partilha-me que transcrevo de seguida, retrata a situação de uma outra pessoa, o Ricardo (um dos principais impulsionadores do livro), e da forma como os seus irmãos receberam a notícia. Quem tiver curiosidade pode ler a história do meu com'out através do marcador "Contar aos pais".
Os meus irmãos
Durante muitos anos ouvi histórias de pessoas que tinham tido problemas em contar à família por isso sempre achei que eu não seria diferente. Mas chega uma altura da nossa vida em que não podemos continuar a fugir à realidade e a minha altura tinha chegado. Decidi então, no início do ano, contar aos meus irmãos. Cabia-me agora decidir se contar a todos ao mesmo tempo ou em separado. Por muitos conselhos que possamos pedir, no final de contas somos sempre nós a decidir.
Numa manhã em que estava a trabalhar fui invadido por uma onda de coragem e enviei uma mensagem aos meus irmãos a combinar um encontro pois precisava de falar com eles.
Começaram então chover as mensagens de resposta a perguntar se estava tudo bem e o que se passava. Foram dois ou três dias em que me preparei para todos os cenários possíveis menos para o cenário com que fui confrontado. Preparei também montes de coisas que queira dizer mas no momento da verdade nada desta preparação serviu.
Nada correu como eu planeei e não usei nenhum dos discursos que tinha preparado. No fim depois de alguma conversa de circunstância acabamos por nos sentar, eu de frente para eles e foi então que, estranhamente, fui invadido por uma calma enorme e lhes contei o
maior segredo da minha vida. As palavras que saíram da minha boca "sou homossexual"
provocaram diferentes reacções nos meus irmãos. No momento em que acabei de dizer a frase deu para ver as caras deles mudarem, mas o que aconteceu a seguir não era nada do que eu esperava. Reagiram muito bem, melhor do que qualquer dos cenários que eu tinha criado na minha mente, sendo que a única reacção "negativa" foi que eu já
devia ter contado há mais tempo.
Algo que me espantou também na reacção deles foi terem tentado perceber o quanto eu devo ter sofrido ao esconder durante tantos anos (17 para ser mais preciso) a minha verdadeira orientação sexual. No momento em que lhes contei a verdade pareceu que o tempo parou e tive tempo de observar cada uma das reacções que eles tiveram e decidi
então perguntar o que pensaram no momento em que contei.
As minhas irmãs disseram-me algo que eu já desconfiava, ou seja que já "sabiam" mas só esperavam por confirmação e o meu irmão que não imaginava e que sempre pensou que eu fosse tímido com as raparigas, mas que me apoiava a 100% e que só tinham pena que eu
tivesse demorado tanto tempo para contar.
No final da conversa senti-me livre, mas nos dias que se seguiram andei completamente perdido com uma confusão de sentimentos enorme. Tudo isso acabou por passar com o tempo e os meus irmãos têm-me dado muito apoio o que é muito importante pois mais à frente iria precisar do apoio deles para contar aos meus pais.
Ricardo M. Santos
27 Anos
Ao que parece, esta semana, temos notícia de mais um com'out de uma figura pública, desta feita o conhecido apresentador de televisão José Carlos Malato. Embora não tenha comprado a revista, e portanto cada um tire as suas próprias conclusões, a capa da TV 7 Dias é bastante elucidativa (ou não! Nunca se sabe até onde vai o sensacionalismo...) e juntando a isso os rumores de que eu tinha conhecimento, trata-se apenas da constatação de algo que eu já tinha (quase) como certo.
Segundo o que apanhei aqui na net, perguntaram-lhe porque motivo é que ele nao tem filhos, se gosta tanto dos sobrinhos e de crianças, ao que respondeu "Desde cedo percebi que nunca ia ser possivel ser pai....". E pronto, não dizendo bem directamente o que se passa, e pressupondo que não é estéril, e com as palavras da capa da TV 7 Dias, penso que deverá estar de facto a referir-se à sua orientação sexual.
Pressupondo que sim, que é disso mesmo que se trata, fico contente por mais uma figura pública (querida para muito boa gente!) da nossa televisão assumir, mesmo ninguém tendo nada a ver com a sua intimidade. Mas uma coisa é certa, desde os jovens aos adultos que sofrem com medo de assumir a sua orientação sexual, penso ser bastante positivo e encorajador virem cada vez mais figuras públicas quebrar o tabu assumindo a sua homossexualidade!
:)
Mais um livrinho que terminei (quem diria há uns anos atrás que me ia tornar num leitor assíduo de livros!? Será da idade?), desta vez O MESSIAS DOS JUDEUS, e adorei! A história é linda, sem muitos rócócós pelo meio. Objectiva qb, aborda vários temas problemáticos, mas foca-se na paixão vivida por dois adolescentes (gays) que embora vivendo em mundos diferentes, e descobrindo pouco a pouco a sua sexualidade, tentaram levar por diante o seu sonho de ficarem juntos e darem vida ao seu amor. Com avanços e recuos, com aventuras e medo, com ousadia e timidez, fica-se agarrado a esta história e lê-se com gosto e rapidez tal é a vontade de ver o desenrolar dos acontecimentos!
Recomendo!
Este foi o livro das minhas últimas férias, "fio solto", de Dennis Cooper, editado em Portugal pela editora Bico de Pena...
Bem, trata-se de um livro para maiores de 18 anos!
É um livro um pouco louco... Ou pelo menos retrata a loucura de um moço que vive um amor proibido... Com se não chegasse uma homossexualidade não aceite por ele próprio e portanto uma constante luta interior, o rapaz apaixona-se pelo próprio irmão... Um romance trágico, que demonstra bem a dificuldade que por vezes é aceitarmos a nossa sexualidade, que neste caso em particular é levada ao extremo...
Fácil leitura...
11 euros...
Podes comprar AQUI
Desta vez foi o Vítor de Sousa! Homem dedicado às artes da representação, assume agora a sua homossexualidade. Fica a notícia, retirada do correio da manhã
28 Março 2009 - 00h30
Aos 62 anos, Vítor de Sousa decidiu abrir o livro da sua vida privada: "Se ser homossexual é eu poder gostar do que é belo e tanto poder ser uma mulher ou um homem, então sou homossexual", garantiu o actor à ‘TV Guia’, assegurando que esta é a altura certa da vida para fazer confissões.
"Só pensava falar disto daqui a uns anos, mas posso morrer amanhã ou depois".
Neste fim de semana, regressei à "santa terrinha", onde está (sempre) um pouco de mim! Este regresso foi especial pois foi feito após 4 meses desde a última visita,e isto foi um facto inédito, e que espero que não se repita! Preciso de ir lá... Não sei explicar, mas preciso.. Sentir o cheiro, cumprimentar aquelas velhotas queridas e que eu gosto (e que sei também gostarem de mim!), andar por ali e obviamente voltar à casa que me viu crescer! O lindo não entende (ou prefere não entender!) muito bem este sentimento, mas pronto, não é grave!
E para além da visita ser esperada há muito, fui também participar no aniversário do Rancho Folclórico da minha aldeia! Sim, também fui dançarino! E tanto que dancei!!! O Rancho comemora os seus 25 anos e com muito orgulho fui um fundador do mesmo! Como eu, aliás, como a maioria, cada um seguiu a sua vida e acabou por abandonaro Rancho, mas ele sobrevive ainda, com a vontade dos mais velhos e com o empenho dos dançarinos que vão entrando! O Rancho tratou de convidar todos quantos já tinham participado no mesmo ao longo de todos estes anos, e obviamente reencontrar amigos com quem partilhei (sempre dentro do meu armáriozinho) tantas emoções nas inúmeras viagens, actuações por esse país fora, iria com certeza ser um momento especial. Sei que todos sabem hoje que sou gay, e não, não notei qualquer diferença no trato, pelo contrário, ouve muitos abraços e muito "matar a saudade". Notei porém, que o juíz lá da terra, que outrora se teria levantado e dado um abraço, desta vez se ficou por um cumprimento frio e rápido, como quem apenas cumprimenta por cortesia, nada mais... Sim, será que foi o que estão a pensar? Talvez...
No rancho, durante os 15 anos que por lá andei, nunca ninguém desconfiou da minha orientação sexual, aliás, nem eu próprio ousava pensar que era "diferente", mas guardo na lembrança que era muito bem tratado por todos, e que mesmo sendo um pouco "diferente" - como o rapazinho,que ainda não deve ter 10 anos de idade, que estava na festa e que a S. me chamou a atenção por achar que ele poderá ser gay (devido a ser um pouco "diferente" nas suas conversas, isolar-se um pouco e estar sempre mais próximo das meninas, e talvez também por um tique ou outro) - ,mesmo assim, sem nunca ter conseguido falar com nenhum deles sobre o que realmente sentia, foram muitos e bons anos de convivência e crescimento.
Fica uma foto, já com alguns (muitos) anos, desses tempos...
Obviamente não poderia deixar de referir aqui o programa que ontem nos chegou, através do conhecido programa de debate da RTP1, o "Prós & Contras". Ontem o assunto era o casamento homossexual... Não vou aqui pronunciar-me sobre as intervenções, pois basta ver o programa e cada um tirar as suas próprias conclusões.
Mas pergunto-me por que raio estava um padre do lado do não? O que é que a Igreja tem a ver com este assunto?! Trata-se de casamento civil e não de um casamento católico! Ora, este tipo de participação só serve para confundir as pessoas! A Igreja católica defende na sua religião o que bem entende, mas trazer para o debate um padre como se o que nós quisessemos entrar numa Igreja para casar é que não está com nada, e isso deviam ser os produtores do programa ou a própria Fátima Sousa a ter esse discernimento.
Apenas mais uma referência ao facto que não consegui ficar indiferente, de ter ali do lado do não, tantos jovens, ainda por cima a mandar bocas, assobiar, enfim, a mostrar uma falta de respeito e uma ignoância lamentáveis. A olhar para eles, só pensava nos amigos ou amigas gays que possivelmente eles terão e que não sabem, e que estarão infelizes por ter amigos que os descriminam pela sua orientação sexual...
É triste!
Para quem não pode ver mas tem interesse, pode ver os vídeos do programa AQUI
Cada vez mais recebo no email do blog dúvidas postas por rapazes e raparigas cada vez mais jovens. É com certeza uma nova geração, mais informada, mais aberta, e também com mais ferramentas à disposição para procurar informação. Este blog, não pretendendo ser um "quiosque de informações", acaba ao fim deste tempo todo por ter imensa informação não só através dos posts, mas principalmente pelos milhares de comentários que já fazem parte do blog. A rubrica "O PSI RESPONDE" tem-se mostrado como mais um instrumento à disposição de quem precise dele, e portanto continua disponível o email do blog (blogsergay@hotmail.com) disponível para porem questões ao nosso PSIcólogo, um amigo que tem sido de uma disponibilidade admirável! Portanto, aproveitem e mandem as vossas dúvidas,como fez o leitor, de 15 anos de idade, de quem hoje vou publicar o email (mantendo SEMPRE o anonimato). Penso ser um retrato das dúvidas que muitos adolescentes têm e por isso consider-o muito útil. Espero que ajude.
Leitor
Olá. Sou um rapaz de Lisboa, tenho 15 anos e este ano foi sobretudo de reflexão. Finalmente disse para mim próprio: "Sou homossexual". No entanto, não revelei esse meu grande segredo à minha família, e não estou infeliz com isso. Estou até feliz...acho que isso não vai contribuir para a minha felicidade mas sim para a minha infelicidade. Alguma homofobia paira no ar da minha casa :).
À medida que o tempo vai passando, cada vez fico mais interessado em ter relações sexuais com homens, não querendo assumir um compromisso...Mas isso acho que acontece devido à minha personalidade. Odeio estar dependente.
Nestes últimos dias, tenho estado atento aos rapazes e homens que vou encontrando na rua e nos transportes públicos. Certas pessoas provocam uma tensão sexual enorme em mim apenas com um olhar e gosto de fazer o mesmo com essas pessoas.
Acho que ninguém desconfia da minha homossexualidade. Sou um rapaz com uma voz máscula e visto-me de forma masculina, além disso, desperto algum interesse em certas raparigas. Ás vezes, gosto de brincar com esses rapazes e homens, da rua e dos transportes públicos...Eles ficam constrangidos ao verem que um rapaz aparentemente hetero e atraente está olhar fixamente para eles como quem está a dizer: "se estivesse-mos os dois sozinhos, devorava-te...".
Mas por vezes pergunto-me: "E se eu estiver apenas a fantasiar? E se nenhum desses homens e rapazes for gay e não sentir aquilo que sinto ao trocar olhares com eles?"
Além disso sinto uma enorme frustração. Nunca conheci ninguém que fosse gay e que me atraísse. Como irei iniciar-me neste mundo se não conheço ninguém que faça parte dele? Onde posso encontrá-las num local seguro? Apesar de ter 15 anos sinto um enorme desejo por homens mais velhos (20-40 anos)... É normal?
O PSI RESPONDE
Olá
Obrigado pelo mail que de forma muito objectiva, demonstra o que vai na cabeça de muitos adolescentes.
Antes de mais, congratulo-te pelo teu "coming out" e pela forma como decidiste vivê-lo. Parece estar adequado à analise que fizeste do meio que te rodeia (familiar). Pelo menos por enquanto.
Quanto às questões que me colocas: é obvio que podes estar a fantasiar quanto às trocas de olhares nesses locais, mas fantasiar é muito bom e faz parte do processo sexual. Terás a certeza se esses homens são ou não como tu, de acordo com os olhares que eles te devolvem. Saberás muito bem perceber se um olhar de um homem para ti é com interesse homossexual ou não, pois ele olhar-te-á da mesma forma e intensidade que tu o olhas.
Quanto aos locais seguros onde possas encontrar pessoas como tu: o mais seguro (e ainda assim com pouca seguraça) são os bares gays. Tens a internet e os locais de engate, mas estes são ainda menos seguros. Poderás utilizar todos os que há, mas nunca te esqueças que deves fazê-lo com a maior segurança possível. Sempre com dúvida e renitência, pois nunca sabes que vais encontrar e até que ponto é alguém verdadeiro.
O teu interesse por homens mais velhos não é nada de anormal, pois não se desenquadram da tua faixa etária. Se falasses de homens de 50 anos.... Os que te atraem, só te poderão trazer boas experências, tanto sexuais como de maturidade.
Força e um abraço
Todos os posts da rubrica O PSI RESPONDE podem ser vistos aqui
Será talvez das coisas mais complicadas na vida de um gay, contar à nossa Mãe que somos gays! Hoje, obtive um relato de alguém, que com 25 anos, chamado José Mendão, decidiu contar à sua Mãe. Como penso ser um dos momentos que mais pavor cria na cabeça de um gay, partilho agora com quem queira ler, a experiência deste amigo, que com uma coragem invejável serve de (bom)exemplo para todos nós, e para todas as famílias!
Parabéns rapaz! :))
"Olha só contei à minha Mãe na sexta passada
andamos a adiar por causa do trabalho do meu irmão
eu não consegui arrancar a conversa
fomos jantar fora os 3
é depois da refeição
o meu irmão fazia-me sinais
mas eu não conseguia
até que arrancou ele
e eu comecei a chorar
ele começou por dizer
que eu andava num grupo de amigos novos e que não sabia qual ia ser a reação dela
e eu disse esses amigos são homossexuais
e a Mãe desatou a rir
e o meu irmão disse
e o zé anda nesse grupo num processo de descoberta
e eu disse descoberta não, eu sou homossexual
e a minha Mãe ficou assim espantada
aceitou
eu disse-lhe que estes 3 anos de psicólogo tem servido para isso
que esse grupo onde estou inserido o meu psicologo concordava com ele
no dia a seguir havia reunião (na rede ex aequo)
a minha Mãe quis ir
foi ela e o meu mano
o tema era família e amigos
a minha Mãe pensava que eu era assexual
já lhe tinha passado pela cabeça ser homossexual, mas que não me via para aí
e que achava que eu era assexual
agora está num processo de adaptação à ideia
disse que só queria que eu fosse feliz
e pronto e chorei muito agarrado a ela, a Mãe não chora devido ao medicamento
e pronto
disse-me no dia seguinte que não ia passar a vida a falar disto
porque não é necessário
se ela tiver uma dúvida
me perguntará
e que eu não tome como desprezo apenas não acha necessário
e disse-me que está aqui para tudo o que eu precisar
e pronto
ontem ficou chocada por eu dizer que quero adoptar
mas eu disse-lhe que não devia estar já a pensar nisso
deve primeiro consolidar a ideia e não estar já pensar se eu quero ou não constituir familia
mas ela no fundo ainda queria que eu fosse assexual
e pronto!
fiquei muito contente por ela por iniciativa propria
ter ido à reunião"
"tenho 25 anos não sou uma criança, já fiz o meu coming out o resto que se lixe, a vida é minha e ninguém tem nada a a haver com isso"