Assisti pela primeira vez - e não da forma mais apropriada nem confortável - a um bailado, o conhecido Lago dos Cisnes, apresentado pela Companhia Nacional de Bailado, no âmbito do Festival ao Largo produzido pelo Teatro São Carlos. Para quem não conhece este festival decorre no largo junto ao Teatro de São Carlos, e oferece gratuitamente espectáculos de música e dança verdadeiramente extraordinários. É serviço público de cultura, e eu também aproveitei! Adorei ver, é de facto muito belo e prazeroso assistir a um espectáculo destes... E depois, para quem aprecia homens, é uma boa oportunidade para ver belas pernas (e não só!) a desfilar pelo palco!
:)
Na última viagem a Madrid, havia ténis New Balance em tudo o que era pés... Fiquei cheio de vontade de ter uns, sabe-se lá porquê!!!
Dizia há alguns dias um amigo meu: "O teu blog anda muito parado"... Respondi-lhe que a actividade do blog é inversamente proporcional à actividade da minha vida! O blog é e será sempre a primeira vítima dos momentos mais atarefados e agitados da minha vida, mas confesso, que por vezes, dou comigo com saudades de escrever no blog... Faz bem vir aqui partilhar um pouco da minha vida, e outras coisas com mais ou menos graça, com mais ou menos interesse.
Estas últimas semanas têm sido de uma agitação muito intensa, com boas e más notícias, e com picos de emoção tanto de felicidade como de tristeza...
Estivemos de férias em Istambul, quatro noites por lá, que deram para conhecer um pouco daquela cidade e cultura, até porque o nosso anfitrião (um amigo nosso que está lá a trabalho) nos proporcionou isso mesmo! Voltaremos com certeza, para ver algumas coisas que ainda não vimos e que ficamos curiosos, e também para fazer o circuito pela Turquia! Quanto à vida gay esqueçam! Nada! :)
Esta viagem foi feita na altura em que decidimos mudar-nos definitavemente para Lisboa, e deixar a "aldeia" onde de há cinco anos para cá temos habitado. A casa é óptima, e sabemos que faremos um downgrade no que respeita a conforto, mas estamos certos que teremos níveis de satisfação e conforto noutras áreas que compensarão essa suposta perda. Escolhemos um bairro histórico, no caso, o Bairro Alto, e tudo indica que no início de Março nos mudaremos para lá...
Para além disto, a minha mãe pregou-me um valente susto na semana passada, quando desmaiou ao meu lado e do lindo, o que me deixou em pânico. Valeu o lindo para segurar as pontas, e tudo acabou em bem, mas fez-me pensar muito, e chorar muito... Por segundos pensei que estava a perder a minha mãe e isso deixou-me fora de mim. Felizmente já está tudo ok com ela, mas...Há sempre um "mas"... Ontem fomos surpreendidos por notícias menos boas sobre a saúde do meu pai que nos deixou um pouco abatidos e confusos... Mas a vida continua e aproximam-se tempos de mudança (no sentido figurado e no sentido literal da coisa)!
No fim de semana passado, decidi à última hora ir até à terrinha sem o lindo. O lindo iria estar a trabalhar, e eu, que preciso de arejar ideias para não dar em maluco com o trabalho, decidi ir até lá e aproveitar para ver a família e amigos e voltar à festa popular que se realiza todos os anos. Assim foi... E como é tradição lá na terra, no Domingo, após a procissão são anunciados os festeiros (os casais que organizam a festa) do próximo ano. Vários amigos e a minha família mais próxima, estavam convencidos que nós iriamos ser nomeados (hípotese que já se tinha posto noutros anos), pois estamos oficialmente casados... Embora não tendo qualquer receio disso, sempre achei que, tratando-se de uma festa popular e religiosa, que não faria muito sentido ser nomeado um casal que vai contra a doutrina católica, mas... A verdade é que não fomos nomeados, e, não tanto pelo facto de não ser nomeado (porque não faço questão disso), mas pelo facto de terem sido nomeados pessoas que se casaram há duas ou tres semanas atrás, e outras que nem sequer oficializaram a coisa, surgiu-me de imediato a questão que na cabeça: "Discriminação?". Ou seremos chamados quando não houver mais quem queira (como na questão da adopção, em que a maioria é a favor de podermos adoptar porque há muitas crianças abandonadas e do mal o melhor, antes ficar com gays que ficar sozinha), e aí sim talvez a nomeação se dê! Penso até (e isso é muito giro!) que os meus pais ficaram desapontados, o que para mim pessoalmente acho interessante eles poderem sentir um pouco a (possível) discriminação da qual muitos gays são vítima.
</p>Tenho andado super ocupado com trabalho e mais trabalho... Agosto será assim e ainda bem, dependendo do ponto de vista! Tenho dado por mim a parar e a pensar "Será que vale a pena esta lufa lufa diária? Todo este esforço?" quando vemos gente que nos rodeia que não corre atrás e provavelmente será feliz na mesma! Hoje tive de ir almoçar a casa de amigos que têm uma filha fantástica para brincar com ela e espairecer um pouco as ideias, e conseguir desligar-me das minhas preocupações profissionais! E que bem que me fez... E isso levou-me (e leva-me sempre) a pensar como seria diferente a (minha) vida caso tivessemos um filho ou optassemos por adoptar?! Seria capaz de abdicar de uma grande parte do que faço para me dedicar a esse filho? Não tenho dúvida que o faria e rapidamente entraria na vida em que os meus amigos estão metidos: rotinas condicionadas, prioridades invertidas, agendas controladas pelos filhos... Ser pai deve ser a coisa mais fantástica (não duvido disso) mas por outro lado a facilidade de podermos fazer o que queremos quando queremos é também uma liberdade difícil de abdicar!
Hoje brinquei, saí do mundo real e fiz parte do mundo de fantasia da Lara, que tem uma capacidade incrível de inventar histórias e personagens e de nos levar a viajar no seu mundo de fantasia... Hoje respirei fundo, fugi da rotina um pouco, e consegui descontraír um pouco... Hoje por alguns momentos não corri atrás, fiz uma pausa... Amanhã, volto a correr atrás... Até quando?
Há dias na vida de uma pessoa em que parece que a nossa pele não nos consegue proteger o interior... Tenho passado nestes últimos dias por muitos altos e baixos, a achar que sou parvo todos os dias, e de repente a achar que estou realizado e que tenho de acalmar-me, e de repente a apetecer mandar tudo para aquele sítio, ou de repente a ficar mudo sem querer ver ninguém... Tenho passado por tudo isto, e tento não demonstrar nem chatear o lindo com as minhas cenas... Nunca fui muito de contar as minhas angústias quando acho que ninguém me pode ajudar... E quando acho isso, fico caladinho e tento esperar por melhores dias... Sim, tenho um pouco de louco dentro de mim, bem sei, mas o que posso fazer? Partilho a propósito, A Pele Que Há em Mim, de Márcia e JP Simões
Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou.
Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei
Para lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
Para voltar a viver
Já não sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber.
Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada.
O quarto vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala.
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala.
Hoje ao almoço uma amiga minha tirou da sua carteira a lembrança que há um ano atrás dei no I Jantar do Blog Ser Gay. Como ando super ocupado nem me tinha ainda lembrado que o blog está de parabéns. Nasceu há 7 anos.... 7 anos é uma eternidade no mundo da blogosfera, e desde essa altura tanta coisa mudou, inclusivamente o blog. Este ano não há tempo para festejos, e penso que no que toca ao blog também não há grandes motivos de comemoração... Tem estado meio em banho maria por falta de tempo da minha parte... Não tenho que pedir desculpas por isso, pois um blog é isto mesmo, o reflexo da vida do seu autor... Este último ano de blog trouxe algumas novidades (a loja Blog Ser Gay, passatempos - a propósito está prestes a terminar o prazo para recepção de fotografias para ganhar os fantásticos slips) e espero que rapidamente volte também a postar com mais regularidade e a abordar assuntos que andam aqui a vaguear pela minha cabeça.
Mesmo assim, e porque este post é dedicado ao blog, posso dizer que actualmente o blog está com 1500 visitas diárias e mais de 2500 páginas vistas por dia. Penso ser um número extraordinário e que é também um reflexo de mais de 1200 posts e 4200 comentários que ao longo destes anos tenho tido o prazer de escrever e ler.
Quero portanto agradecer a todos os que vão passando por aqui, e prometer o meu empenho em manter o blog à altura das expectativas,assim eu tenha mais tempo (que não será para já!).
PARABÉNS AO BLOG SER GAY!
Sempre e em toda a minha vida, quem me conhece espera de mim maluqueiras! Sempre as fiz e espero continuar a fazê-las durante muitos e bons anos.
Uma das últimas, passou-se em Lisboa. Uma hora de almoço, de pausa do trabalho. Regressava para a empresa com a amiga S., e eis que olho para o lado e vejo a carregarem uma carrinha de caixa aberta, com entulho e móveis à mistura. Vi umas malas, uns baús, um pouco grandes é certo e com um aspecto um pouco acabado, mas algo me disse que eu devia intervir. "Essas malas são para deitar fora?" perguntei eu ao senhor que as carregava... "Sim, são!". Iam deitar aquelas malas e eu não podia fazer nada?! "Posso ficar com elas?", perguntei eu... "Claro que sim!". Lá escolhi duas... A minha amiga não queria acreditar que eu estava a fazer aquilo. Pior do que isso era o tamanho, eram bastante grandes, e estava em plena Lisboa sem carro. Perto só mesmo a empresa... E foi para aí que as levei, primeiro uma depois a outra... "Agora o edifício é para guardar lixo?" pergunta o segurança com um sorriso nos lábios. Lá as deixei, e nessa noite, dia de apoio aos sem abrigo, poderia passar de carro para as carregar. Assim foi. Carreguei as duas. Ao chegar a casa convidei o lindo para me vir ajudar à garagem (mal sabia ele o que o esperava!). "O que é isso???" pergunta ele ao ver os dois baus a ocupar toda a traseira do carro. Lá as tiramos e estas semanas tenho tratado da recuperação de uma delas... Hoje partilho o resultado que me enche de orgulho. Para além de ter ficado linda, trazia dentro um pequeno buda de barro, muito pequenino mesmo, assinado e datado de 1947. Um pequenino boneco que acaba por ser a recompensa... Esta mala pode já ter viajado por uma boa parte do mundo... E só isso vale a pena, o facto de saber que a mala, fez com certeza parte de sonhos de muita gente... Agora é minha! :)
Conclusão: Os nossos olhos devem ver sempre para lá do que nos é posto diante dos olhos. Ver mais além.. Imaginar... Sonhar... O sonho comanda a vida!
A Páscoa nunca significou nada para mim, senão mais um período de férias (quando estudava) e agora um pretexto para um fim de semana prolongado ou um encontro de família. Tudo o que ela simboliza, no que respeita à religião católica, não me diz absolutamente nada! E esta Páscoa, é - no contexto da Igreja Católica - muito conturbada com histórias sucessivas em vários pontos do globo, de padres que molestam/abusam de crianças... É óbvio que isto acontece um pouco por todo um mundo, a diferença é que nalguns sítios a comunicação social ou a própria sociedade é mais fechada e as histórias são abafadas! Mas é muito triste ver que o Papa, mesmo envolvido em algumas histórias, prefere não falar abertamente do assunto e criticar o aborto! Como se o aborto fosse pior do que aquilo que os seus próprios pastores andam por aí a fazer! Assim reina a hipocrisia numa comunidade cada vez mais exposta e que dão cada vez mais origem ao conhecimento de histórias macabras. Mas o que se espera quando numa comunidade onde reinam os homens e estes não podem manter uma relação sexual, quando o sexo faz parte do ser humano? Obviamente que as crianças são um alvo fácil, mas eu próprio tenho conhecimento de muitos casos por este país fora de padres que têm os seus encontros sexuais pela calada da noite, e que até fazem questão de praticar sexo na própria igreja e vestidos de batina, e que no dia seguinte se apresentam às suas ovelhas com príncipios e valores que revelam uma hipocrisia repugnante! Tudo isto para dizer que mais uma vez a Igreja e muitos dos que todos os dizem andam a pregar a palavra de Deus não sabem acompanhar a evolução da sociedade... Ouvia no outro dia na televisão, uma freira, em Roma, à espera de ver o Papa, quando questionada pelo jornalista sobre o que pensava sobre as últimas notícias e ela respondeu "Confio cegamente no Papa!". Este é a raíz do mal... Confiar cegamente, não questionar, não pensar e não querer saber... Viver na ignorância para sermos todos felizes enquanto outros provam amargamente o Mal...
Enfim!
Tenham um óptimo fim de semana!!! :)
Nós, gays, aqueles que têm a sorte de ter irmãos e amigões daqueles que também fazem parte da família, eventualmente terão muitos sobrinhos e "sobrinhos"... Será para muitos de nós o mais aproximado a ter filhos! :))
Desta vez foi a Mariana, que na passada Terça-feira decidiu vir cá pra fora! Filha de um casal lindo e que são amigos intimos, fizeram crescer a família. A Maria chegará também no próximo mês, filha também de uma das minhas melhores amigas! Felizmente está a correr tudo bem e espero que assim continue!
Mas - há sempre um "mas" - não vou negar que estes nascimentos me reacendem sempre a chama... A de ser pai... Não é um sonho completamente posto de parte, bem pelo contrário, tudo está em aberto, e eu e o lindo não pomos de parte virmos a decidir adoptar uma criança... No entanto - e esse é um dos meus grandes receios - não vou ser hipócrita a dizer que é a mesma coisa, porque para mim não é... Pelo menos por agora não é... Gostava de um filho de sangue... Que (quiçá!) tivesses alguns traços da minha personalidade, algumas feições, alguns valores que fazem parte do meu património genético! Esta foi sem dúvida aquilo que mais me custou, no meu processo de auto aceitação...
Ainda assim vou espalhando mimos para os sobrinhos que vão surgindo na minha vida...
Parabéns Susana & Hugo! Bem vinda Mariana! :))
Muito provavelmente, amanhã será o dia que muitos (não direi todos, obviamente) anseiam: O fim da discriminação no acesso ao casamento civil! Embora ainda não seja 100% garantido, e mesmo que venha a ser aprovado em Assembleia da República poderá eventualmente ser vetado (o que não acredito!) pelo Presidente da República ou em alternativa este enviar a lei para o tribunal consitucional e verificar-se uma inconstitucionalidade na lei (devido à restrição dos casais gay no acesso à adopção), mesmo assim será muito provavelmente um dia histórico na luta pelos direitos dos homossexuais em Portugal. É nesse sentido que faço eco do pedido da ILGA, que diz:
"O desafio que te lançamos é simples: mete um dia de férias, falta às aulas, diz ao ou à chefe que vais fazer história, mas aparece na sexta no Parlamento e vem ver, connosco, como decorre a discussão. Veste uma camisola de uma das cores da bandeira arco-írís e prepara-te para celebrares (apenas depois do plenário, já que durante o mesmo o silêncio é obrigatório) o dia C dos nossos direitos."
Eu vou fazer os possíveis e impossíveis para estar na Assembleia da República, mas a vida profissional nem sempre nos permite... Mas vou tentar!
Amanhã será dia de celebração, e se não estiver na Assembleia, gostaria muito de ir comemorar a qualquer sítio à noite!
A ver vamos!
Eu e o lindo estamos a passar uma fase.... Como lhe hei-de chamar? Uma fase exigente! O lindo anda assoberbado de trabalho, investindo todo o seu tempo e atenção para os seus trabalhos e curso que o deixam completamente esgotado! É portanto uma fase complicada para ele, que obviamente me afecta a mim também! Cá por casa a palavras "nós" anda arredada do vocabulário... Eu tento dar a força que ele precisa ao mesmo tempo que tento ocupar o meu tempo da melhor forma possível. Mas assumo que por vezes é-me difícil... Sei que não o faz por mal, mas dou muitas vezes por mim a falar para um "parede", no sentido em que ele liga o "companheiro automático" que me vai respondendo, mas o pensamento, o foco, a atenção do lindo está (quase) sempre noutro sítio. Por outro lado, este tempo em que ele investe todas as energias nestas actividades sinto-me mais seguro, mais descansado... Sei que não tem tempo para me traír! Hihihihi! Se bem que para traír alguém são precisas apenas alguns minutos ou horas, dependendo do que cada um entende como "traição".
Sei que é apenas uma fase, e uma relação é isso, bons e maus momentos, momentos mais fáceis e outros mais difíceis...
E nós vamos com certeza passar esta fase e entrar num estadio da relação mais completo!
:))
Ontem, no trabalho, dois dos meus colegas não trabalharam devido a problemas com as filhas... A situação acontece muitas vezes, e sendo nós cinco pessoas (incluindo o boss) e estando a minha amiga S., também colega de trabalho, grávida, o meu chefe começa a ficar preocupado com o futuro... E dessa preocupação, ontem, saiu-se com esta para mim "________, espero que quando tiveres filhos, não sejas igual a eles...". Por vezes fico a pensar se estas frases não serão para me testar ou se ele é (mesmo) tapadinho e ainda não viu que eu sou gay. Mas esta questão fez-me pensar que de facto, nós gays, e do ponto de vista do patrão supostamente não teremos filhos, ou pelo menos a probabilidade é (por enquanto) infíma, e isso só os beneficia: não há saídas repentinas para ir buscar os filhos, não há (por enquanto) licença de paternidade, não há licença de casamento, não há obrigatoriedade de tirar férias no período de férias dos putos, e mais uma série de coisas normalmente associadas a direitos de um casal com filhos. Se juntarmos a isto sermos bons profissionais (válido para gays e não gays) no que respeita a produtividade estamos em clara vantagem, certo? Se calhar, deveria ser motivo para também ganharmos um pouco melhor, não?!?
:))
Hoje, ao vir no comboio a ler o livro do qual falarei obrigatoriamente quando o terminar, deixei-me emocionar com uma das personagens que começando a envelhecer e a pensar já na cada vez mais próxima hora de partir, dizia ao seu "filho" que muitas vezes aquilo que não dizemos a alguém é o que mais tarde, no futuro, terá de saír de uma ou outra forma para ficarmos mais "leves"... Se o que fica por dizer é a alguém que por infortúnio se vai, então os remorsos, o arrependimento, a angústia, o desconforto poderão ser ainda maiores...
Ao ler isto pensei de imediato no meu avô... Já tem os seus oitenta e tal anos, vive em França junto de alguns familiares, e foi há muito pouco tempo mudado para aquela que supostamente há-de ser a sua penúltima morada: o lar. Era uma situação previsível, pois o seu peso extraordinário foram com o tempo "esmagando" as suas articulações e impossibilitando-o de se movimentar com ausência de dor. Embora tenha um passado cheio de actos e palavras horríveis, comigo - e talvez por ter vivido a minha infância perto dele - sempre foi aquele avô querido, barrigudo, que brincava comigo e a quem eu mexia (e puxava) as orelhas... Ouço dizer que a infância é muito importante na nossa vida, pois deixa marcas para o resto da vida, pois bem, no meu caso, esta relação que tive com o meu avô ficou cravada em mim até hoje e nutro por ele um sentimento muito especial... E sei que é um sentimento recíproco. É uma relação do passado, não é uma relação do presente... Mas mesmo assim, depois de ler aquilo hoje de manhã, pensei "Eu gostava tanto de partilhar a minha vida com o meu avô antes que ele se vá...". A última vez que estive com ele foi já há uns três ou quatro anos e sempre que me vê é notório nos seus olhos que fica contente. A última vez, ele a um tio meu: "C'est le coupain de _____?" que em português quer dizer "É o companheiro do _______?". O meu tio não confirmou nem desmentiu e ficou aliás a dúvida se ele se refereria a "companheiro" ou a "amigo". E aquilo fez-me (mais uma vez) ficar na dúvida se ele sabe ou não...
E isso leva-me à tal vontade que temos de partilhar a nossa vida com quem gostamos... E ele encaixa nesse grupo de pessoas... Mas logo de seguida penso se de facto valerá a pena contar... Contar para quê mesmo? O que pode isso mudar? Bom talvez eu não fique com o tal peso o resto da minha vida por não lhe ter contado... Mas por outro lado, e se ele não aprova? E se ao invés de lhe estar a dar uma boa notícia (no sentido de ele saber que partilho a minha vida com alguém que amo e isso me faz muito feliz) o estarei a desapontar? Para quê correr esse risco?
Não sei se ainda estarei com ele no estado em que possamos manter uma conversa, mas se isso vier a acontecer, continuo sempre com a mesma dúvida "Conto ou não conto?"...
"1...2...3..4...5....6......7.......8..........9...........10..............11..................12.................13! Já tens treze cabelinhos brancos deste lado!"
A minha amiga S. saiu-se com esta hoje, na nossa hora de almoço... Eu não tenho qualquer tipo de problema com os meus cabelos brancos, mas a verdade, é que até hoje, ainda não
tinha dado por eles... E depois da observação da S. fiquei a pensar para mim: "Já tenho assim tantos cabelos brancos que já reparam nisso?! Os cabelos brancos que me habituei a ver nos outros mas que não esperava que chegassem assim tão cedo?!..."
A verdade é que o tempo passa... Ouço falar de1999 na televisão, nas notícias... Caramba, eu lembro-me tão bem de 99... Parece que foi há tão pouco tempo... E já lá vão 10 anos! 10 anos...! Assusta-me pensar que os próximos 10 anos passem assim tão rápido....! Tenho tanto para viver! Quero viver tanta coisa, e a merda do tempo parece que passa cada vez mais rápido...
"1..2....3.......4.......5........6! Deste lado só tens 6!!!"
"Ufa, menos mal!",pensei eu!
Nestas férias, o meu amigo J. lançou a questão: "Já alguma vez pensaram, como reagiria uma mãe se assim como hoje em dia elas ficam a saber o sexo do bébé que irá nascer, lhes fosse dito que o seu filho é gay?!". Na altura em que ele disse pensei de imediato "Nunca tinha pensado nisso!", e não, nunca me tinha passado pela cabeça essa possibilidade, mesmo que hipotética (hipotética hoje, daqui a umas décadas será tão natural como hoje saber o sexo do bébé). O que de seguida me veio à cabeça foi a dúvida de como a minha mãe reagiria à notícia... É impossível saber qual seria a opção (caso pudesse abortar por esse motivo!), mas obviamente (e claro, sou suspeito!) penso que ela iria continuar com a gravidez na mesma... Será muito interessante ver a opinião de mães e grávidas sobre o assunto, que suponho também nunca terem ponderado essa hipótese sequer...
Que me dizem a isto?
:)
Estava eu a mostrar à minha sobrinha mais velha (tem 11 anos feitos há um mês), o meu dossier da primária, que por um acaso bastante feliz me veio parar às minhas mãos... Para além da maioria das folhas com contas, ditados e composições (tudo o que fosse para entregar à professora) estarem minadas de florinhas (lindas por sinal!!! Ehehehe!) nas fichas de avaliação aparece repetidamente "muito sociável e continua a preferir a companhia das meninas" (já o referi num post antigo). Ora a minha sobrinha ao ler aquilo, riu, olhou para mim, e tornou a rir... Eu sei que ela sabe que o tio é homossexual e é muito bom ver que na nossa relação isso é o promenor menos significativo... Nunca falamos sobre o assunto é certo, mas não tenho qualquer dúvida que ela já sabe (o facto de perguntar sempre pelo lindo ao telefone, por exemplo) e isso não lhe faz confusão.. Pelo menos aparentemente! Sei que um dia havemos de falar sobre o assunto, mas até lá trocamos sorrisos cumplices que mesmo sem palavras são só por si um belo início de conversa! :))
EU NÃO!!!
"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe. Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade."
Pablo Neruda