Tenho tido o previlégio de contactar com uma mãe muito especial, a pm, leitora do blog e através do qual nos conhecemos pessoalmente. A pm é mãe de um homossexual e ficou a sabê-lo por acaso... Foi um terrível choque, pois isso não lhe passava pela cabeça... Já tinha feito referência na altura a esta mãe que gentilmente tinha entrado em contacto com o autor do blog (eu) para desabafar (podem ler o post AQUI). Agora, passado mais de , a pm, para minha (boa surpresa) volta a deixar um comentário neste blog, que tomo a liberdade de destacar pelo seu conteúdo e para dar esperança, alento, coragem a quem como ela, sofreu e ainda sofre (como muitas mães) com a orientação sexual do seu filho, mas que acima de tudo, ama o seu filho, independentemente da sua orientação sexual. Isto não significa que seja um processo fácil e concluído, bem pelo contrário, pode ser um processo lento, moroso e muito complicado. Penso e acredito que muitas vezes deixamos o medo turviar-nos as ideias... Deixo aqui um beijão para a pm e para o seu filho, que gosto muito, e publico aqui com destaque de 1ª página o seu comentário, que espero ela não me leve a mal.
Nunca fui preconceituosa nem de criticar este ou aquele mas é muito fácil falar quando não nos “toca “ a nós.
Um dia sem querer descobri que sou mãe de um gay e posso garantir que isso nem me passava pela cabeça, era uma coisa impossível até porque não notava nada de “estranho” no meu filho.
Entrei em desespero e pensei que o mundo acabava e blá blá blá a minha historia vai por ai fora.
Bom comecei a procurar tudo o que podia sobre homossexualidade e pesquisei muito na internet ate encontrar este blogue.
De todos os que tinha encontrado foi o único que me mereceu confiança, tanto pela forma como abordava os assuntos como pela linguagem utilizada nos textos. Bom ganhei coragem e enviei um e-mail (ao dono do blogue) a fazer as perguntas mais disparatadas e a colocar as minhas duvidas e os meus preconceitos, porque afinal eu também era preconceituosa e não sabia.
O meu espanto foi enorme quando reparei que (ele) gentilmente me respondeu e se prontificou a responder a tudo o que eu de alguma forma tivesse dúvidas.
Seguiram-se vários e-mails e passamos a falar diariamente e surgiu uma empatia (julgo que mutua).
Uns tempos depois resolvemos todos, (ele, o lindo, eu e o meu filho) conhecemo-nos pessoalmente. Lembro-me de estar receosa e de lhe perguntar em forma de brincadeira claro (como é que ele era) ao que me respondeu a sorrir para não ter medo que não ia de lantejoulas e plumas cor-de-rosa.
Bem isto tudo para dizer que encontrei dos seres humanos fantásticos (muito boa gente) e generosos. Ao ponto de me permitirem falar de tudo tirar duvidas (e eles sabiam que um dos motivos de eu estar ali era a curiosidade deles serem gays). Hoje entendo que um casal gay pode ser tão normal e fazer uma vida tão normal como um casal hetero. ( na casa deles fui muito bem recebida)
Não vou dizer que aceito tudo na boa com normalidade em relação ao meu filho, não estaria a ser sincera, mas sei que o conheço bem melhor . e a homossexualidade não faz dele pior pessoa. Portanto não adianta ter preconceitos, existe um ditado antigo cuidado ao cuspir par o ar pode ter cair na cara.
A ti só te posso agradecer por seres a pessoa fantásticas que és. Se achar um abuso este comentário apaga.
Gosto muito de ambos
Um beijo
Pm
De Anónimo a 7 de Maio de 2008 às 22:58
Só não brindo contigo porque como sabes estou doente ( estava a falar a serio).
Não te posso levar a mal nada do que escrevas ou que faças referencia ao que te escrevi porque me tens ajudado imenso.
Não está tudo bem, tu sabes. E mãe sofre mesmo muito…
Falar sobre isto contigo ajuda-me a perceber certas coisas . E diabo, tu fazes-me pensar ..
Tenho vindo a descobrir coisas e a derrubar mitos que existiam em volta dos gays. Um deles é que um homossexual não tem que ser uma” bicha “ espalhafatosa.
Cada vez me convenço mais que faz parte da natureza humana assim como a (heterossexualidade ) não sei se a palavra existe.
Os que tenho conhecido não tem tiques, não são afeminados e não se rebolam a andar. Para bem de todos, os gays não são azuis. Porque como já li em algum lado se fossem azuis íamos ficar espantados com a quantidade de gente azul à nossa volta.
Quando aprender a fazer um blogue vou escrever todas as minhas mágoas de mãe, acho que me ajudava e me ia fazer bem.
Um beijo meu amigo
Pm
De Anónimo a 22 de Maio de 2008 às 01:39
Comentário apagado.
De PM a 2 de Junho de 2008 às 21:51
Gostei do comentário embora não entenda esta parte :
(Com todo o respeito, evito ir para ambientes gays e da mm forma que evito ter mts amigos gays)
Amigos não se escolhem pela orientação sexual, certo?
Bom … também gostava de dizer assim como já disse ao (meu amigo) que escreve este blog que muitos dos preconceitos que a sociedade tem com os gays em parte é culpa deles mesmos.
Fazem um folclore à volta de uma coisa tão simples… não vejo ninguém juntar-se aos saltos e gritos a dizer que é hetero ,mas é só o meu ponto de vista.
Em relações aos blogs escritos por gays então vamos de mal a pior é um mais sofrido do que o outro e com historias que não lembra ao diabo de tão dramáticas.
Amo o meu filho sem dúvida que sim e teria que ser muito mais do que isto para me fazer deixar de ama-lo.
Mas ainda não consigo perceber muito bem … não aceito nem deixo de aceitar é a orientação dele e não posso fazer nada a única coisa que quero é que seja feliz.
Mas também não estou aos pulos de contentamento.
Outra coisa que quero dizer é que sinto-me muito mais confortável com esta situação porque ele não tem tiques ou qualquer aspecto bichanado. Na minha opinião ser homossexual é uma coisa ser um “bicha “ é outra.
A todos os pais só posso dizer uma coisa: nunca mande pedras ao telhado do vizinho porque o seu pode ser de vidro e você não saber…
Eu também vivi na ilusão muito tempo e posso-lhe garantir que qualquer pai ou mãe. que tenha um filho hetero não é mais homem que o meu que é gay.
Não acuse não seja preconceituoso, lembrem-se sempre da lei do retorno…
Um beijo para ti
PM
De Hugo a 26 de Abril de 2009 às 20:41
Olá. Tenho 25 anos e sou de lisboa. Acabei de ler o seu comentário. Eu não sei por onde hei-de começar. Primeiro gostaria de dizer que sou um rapaz normal em todos os aspectos. Apesar da minha orientação, sempre gostei de conviver no meio heterossexual. Com todo o respeito, evito ir para ambientes gays e da mm forma que evito ter mts amigos gays. Talvez porque sempre tenha querido fugir aos padrões a que a sociedade associa no mundo gay: lantejoulas e tiques efeminados. É um direito meu. Tão simples como isso. Gosto de jogar futebol, de jogar videojogos e de me vestir de forma viril. O que me distingue dos padrões sociais tradicionais relativamente às características do que é ser um rapaz "normal" é a minha orientação sexual.
Dito isto. A minha mensagem para si "pm" é a seguinte: qualquer que seja a orientação do seu filho, ame-o.
O amor é a verdadeira e única energia que nos distingue enquanto seres humanos. O resto é conversa de xaxa. Tanto cinismo e hipócrisia que nós podemos encontrar na sociedade que às vezes se esquece de ter em consideração o que realmente interessa - o carácter das pessoas. A orientação sexual do seu filho é apenas mais uma das fatias que compõem o "bolo" que ele representa como ser humano. Não dê particular importância a isso. A partir do momento em que o vir e sentir em função da sua homossexualidade, irá trazer para dentro de sua casa um exército de fantasmas que poderão mt bem contaminar a vossa relação mãe-filho.
Eu nunca contei aos meus pais acerca da minha orientação uma vez que sempre me soube dessenrrascar bem na sociedade em que me movimento. Sou licenciado em Economia e tenho uma carreira profissional sólida aos 25 anos. No dia em que desconfiar que um amigo, familiar ou colega pretenda recorrer à minha orientação como arma de arremesso contra a minha pessoa, eu irei pisar primeiro antes que seja pisado. É a lei da sobrivivência. Mas atenção: esta lei é válida para homossexuais, heterossexuais, bisseuxais, altos, baixos, gordos, magros, ciganos, pretos, brancos, católicos, agnósticos, doentes, saudáveis, novos, velhos.....e por aí adiante.
A mensagem que tenho para si é esta: estamos todos no mesmo barco. O sol quando nasce nasce para todos. Mais uma vez o que nos distingue verdadeiramente enquanto seres humanos é o carácter e a capacidade (ou não) de manifestar perante os outros formas incondicionais de amor.
Deixo aqui o meu mail do msn caso queira trocar umas ideias comigo. Caso contrário desejo-lhe as maiores felicidades. A si. E ao seu filho.
Já referi no post anterior que foi muita a emoção ao ler o que escreveu a pm, e que é reconfortante ver que há mães que procuram perceber o que se passa com os filhos.
Deixei de viver com os meu pais desde muito cedo (desde os 3 anos e pouco) e foi entregue a uma família amiga por tribunal. Nessa família, fui obrigado a procurar uma figura que encontrei para substituir os meus pais - como são mais velhos que os meus pais (eu tenho 20 e eles 68) desde cedo comecei a trata-los por avós. E isto explica o facto de ter medo de lhes revelar que sou gay.
A sua idade, a maneira como (sei que) pensam, o ambiente sócio-religioso que nos envolve, pesam na minha decisão em apenas falar com a minha madrinha (agora com 40 anos!). Ainda que a nossa família seja muito unida sei que posso confiar nela e que não será por ela que saberão.
Temo pelo dia em que a minha família souber por outra pessoa e não por mim, mas falta-me a coragem para o fazer.
Sou um "filho" gay e percebo esta mãe, mas que poderá querer uma mãe quando tem o amor e a sinceridade do filho?
Um abraço!
Auf Wiedersehen,
f n
De
NCa a 9 de Maio de 2008 às 10:31
Olá....Gostei muito deste post!
A maneira como a P.M., que sendo mãe, expõe as suas preocupações e dificuldades denota uma preocupação amada pelo filho, em compreender tudo o que a vida dele se pode transformar.
Acho fabuloso!!!
Um abraço a ambos
De Hugo a 2 de Junho de 2008 às 22:17
Parece-me que interpretou mal o meu comentário. Eu não escolho os meus amigos pela orientação sexual. Escolho-os pela sua capacidade em se comportarem em público e em privado.
Agradeço o seu conselho de "Não acuse não seja preconceituoso, lembrem-se sempre da lei do retorno". Mas não sou a pessoa mais indicada para o dirigir. Eu escrevi-lhe o meu 1.º comentário precisamente por não se preconceituoso e por acreditar que a sua relação com o seu filho pode e deve manter-se inalterável em termos do amor recíproco independentemente da sexualidade dele.
E mais lhe digo, se o seu filho é realmente masculino como diz, então afirmo aqui que seria um orgulho enorme para mim tê-lo como amigo, irmão ou namorado. É exactamente nesse ponto que quis tocar no meu 1.º comentário: saber estar é o que realmente conta no fim de contas. O resto é irrelevante, redundante e acessório. Leia e releia o meu 1.º comentário e irá sentir certamente que era isso mesmo que eu estava a tentar transmitir, embora reconheço que a forma como escrevo é um pouco gélida. Mas isso faz parte da minha natureza como homem e ser humano.
Devo dizer-lhe que depois de ler o mail que me enviou continuo a sentir que por detrás das suas palavras continua a existir ainda alguns sentimentos negativos relativamente À orientação do seu filho. Mas sinto tb que está a travar dentro de si um conflito para levar a bom termo o bom senso e o amor pelo próximo.
Mas não sinta estas minhas palavras como um ataque. Seja como for cada fantasma que derrubar dentro de si representa uma batalha a ser levada a cabo. Todos nós somos cercados de conflitos interiores. E qd pensamos que está tudo ganho, é quando aparece um novo fantasma mais forte que o anterior.
Peço desculpa pela linguagem metafórica mas é a melhor forma que por vezes temos de nos expressar.
Eu gostaria mt de ver a comunidade gay ter outro tipo de postura em relação ao chammado "orgulho gay", que não é mais do que um festival de cores e sons que nada mais faz do que afundar a própria comunidade gays nos preconceitos que eles´próprios reforçam. Seria mais fácil viver a homossexualidade da mesma forma que se vive a heterossexualidade: sem um festejo ou revolução gratuita. Seria tudo mais simples.
Continuo a ter este principio em relação a si, ao seu filho, a mim própiro e a todos os outros: o sol quando nasce, nasce para todos. Afirmei-o no primeiro mail e reafirmo-o agora. Mais que uma frase feita, é um princípio que sigo religiosamente.
Felicidades mais uma vez...
De PM a 2 de Junho de 2008 às 22:37
Primeiro quero pedir desculpa ao dono do blog por estar a ocupar o teu espaço, desculpa-me e um beijo enorme para ti
Agora ao Hugo.
Vou te tratar por tu porque acho que não existe necessidade de estarmos com formalidades.
Se leres com atenção este foi o final do meu comentário
“”A todos os( PAIS ) só posso dizer uma coisa: nunca mande pedras ao telhado do vizinho porque o seu pode ser de vidro e você não saber…
Eu também vivi na ilusão muito tempo e posso-lhe garantir que qualquer pai ou mãe. que tenha um filho hetero não é mais homem que o meu que é gay.
Não acuse não seja preconceituoso, lembrem-se sempre da lei do retorno…””
Não era para ti o conselho nem tinha porque o fazer, pois se ate concordo com varias partes do teu comentário.
Se me expliquei mal peço-te desculpas.
Disse que não se escolhem os amigos pela orientação sexual e acho que não se escolhem mesmo mas também te digo que me sentia mal andar com alguém enfeitado e bichanado atrás de mim.
Tem razão, tenho ainda muita magoa e custa-me entender… quem sabe um dia chego lá
Mas amo-o a cima de tudo
Beijinho
PM
De
Luís a 28 de Junho de 2008 às 15:04
E aqui mais um post fantástico.. Segui o outro post que tinhas escrito e é bem verdade como as coisas se desenrolam!! :)
Se não me engano comentei o outro post e disse uma coisa que a minha mãe referei quando lhe contei.. Ela apenas disse: "Pensei que só acontecia aos outros!" Em casa houve durante algum tempo um "mau ambiente" e pensei que tinha "estragado" tudo contudo as coisas estão óptimas e dei por mim, depois de ter acabado um relacionamento, com a minha mãe a dizer-me: "O que não faltam no mundo são homens!".. Confesso que nunca pensei ouvir isto da minha mãe mas nunca me senti tão bem em ouvir.. Não pelo texto (porque sei que há muitos homens no mundo!) mas sim por a minha mãe ter aceite o facto de eu namorar com alguém do mesmo sexo que eu..
Em relação ao comentário da "mãe PM" (peço desculpa por tratar assim mas parece-me engraçado..) ela é uma mulher de armas e caiu na realidade.. Sim!! Nem sempre as coisas acontecem ao vizinho do lado.. Por vezes passa-se o mesmo debaixo dos "nossos" narizes!! E é muito bom ver uma mãe partir na aventura de querer conhecer pessoas gays e tentar entendê-las.. A ela uma força!! ;)
Hugo! (Desculpa "dono do blog" a extensão deste comentário) Entendo quando dizes em não querer conhecer pessoas gays e ambientes gays.. Não se trata de discriminação dentro dos mesmos mas apenas uma "selecção".. Estou a passar pelo mesmo critério não pela orientação mas pela postura.. Todos conhecemos as ditas "bixas" que pisam o chão como se este ardesse.. Não condeno! Não sou contra (cada um é como é!).. Contudo evito conhecer. Acho que era este aspecto que o Hugo quis mencionar.. Sou homem! Gosto de homens! Ser gay não implica ser "donzela".. Tudo é uma questão de postura..
"Comparo" os conhecidos, no meio gay, por "bixas" aos conhecidos, no meio hetero, por "broncos".. Todos sabem existem, e apesar de tudo todos os aceitam.. Cada pessoa tem o seu papel na sociedade! Seja de um modo ou de outro..
De novo peço desculpa pela resposta tão grande e também por me ter desviado um pouco do tema..
Abraços e continuação de bons posts,
Luís
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