O dia de hoje fica com toda a certeza marcado na memória dos gays da vizinha Espanha, e também para todos os outros do resto do mundo, depois de finalmente ter sido aprovada esta manhão, no parlamento, a alteração da lei que dá aos homossexuais os mesmíssimos direitos que os heterossexuais, no que respeita ao casamento civil e à adopção de crianças por gays.

Enquanto mesmo aqui ao lado, se vão dando passos no caminho da mudaça, do desenvolvimento, por cá vamos ficando na cauda da Europa, cada vez mais pertos da cauda do mundo...

PARABÉNS a todos quanto poderão beneficiar da lei aprovada hoje em Espanha... Quanto aos outros, nós, a luta continua...

Um, dois, três...

Longe estava eu de pensar, há três anos atrás, quando conheci o meu mais que tudo, que pudesse actualmente estar tão feliz ao lado dele...

Sempre pensei que nunca iria conseguir amar ninguém, nem ser amado... Hoje tenho absoluta certeza que me enganei nas duas vertentes. Eu tinha a mania, antes de saber o que era o Amor, de perguntar a alguns amigos (aos que os olhos brilhavam de felicidade), o que para eles era o Amor, e eles nunca me conseguiram explicar bem, e eu achava isso estranho... Surgia sempre outra pergunta, "Mas achas que eras capaz de ser ainda mais feliz, de gostar ainda mais de outra pessoa?", e a resposta era quase sempre "Acho que não!".

Se agora fizer as perguntas a mim mesmo, acho que irei responder o mesmo que eles... Quando tento definir o Amor que sinto pelo lindo, fico pensativo em busca da palavra correcta, e não acho... É um sentimento demasiado grande para escrever em palavras! Nestes três anos, tivemos e continuamos a ter os nossos problemas... Mas soubemos sempre ultrapassar os pontuais desentendimentos, e acho que nem eu nem ele olhamos para o nosso futuro sem a companhia um do outro. Isso deve-se essencialmente ao Amor, à compreensão, e a nunca virarmos as costas falando sobre todos os nossos anseios, tristezas e dúvidas.

Uma coisa vos digo, mesmo sabendo que não é muito original: "O AMOR É LINDO!"

:))

Como referi no post anterior referente ao Arraial Pride 2005, este ano eu e o meu lindo fomos até ao arraial, no parque do Calhau em Monsanto... Para mim foi a primeira vez, para o meu lindo não... Saímos de casa por volta das 23.30 e lá fomos... Tentamos tirar um mapa de acesso ao local, mas não imprimimos, pensando que chegando a Monsanto não seria difícil de chegar lá... Estavamos redondamente enganados, pois enganámo-nos e não achamos nenhuma indicação do tal Parque do Calhau! Chegados ao local, lá subimos até ao referido parque, onde a música já se fazia ouvir e onde o arraial já tinha um considerável número de pessoas. Passamos nas barracas dos bares gay de Lisboa (pareceu-nos que não estavam todos representados, e os bares simpatizantes também não se faziam representar) , onde havia muita bebida, e snacks para os estomagos mais vazios... A distribuição de preservativos e gel lubrificante era também feita em todas as barraquinhas! Depois procuramos um local no centro do arraial e ali ficamos numa de ouvir a música e a ver quem passava... Novos, menos novos e velhos, muitos gays e lésbicas, muitos putos (mirones e outros gays assumidos, para meu espanto), e claro também heterossexuais iam enchendo o recinto... No palco iam passando uns travestis mostrando os seus (relativos) dotes, chegando também a passar por lá o conhecido actor Alexandre Frota, sem camisa, como se isso bastasse para tornar a presença do rapaz significante...

E pronto, de resto foi música e mais música e a confirmação daquilo que eu pensava, ou seja, que o arraial é muito mais (para não dizer é tudo o mais) que travecas espanpanantes... É sim um arraial (uma rave) ao ar livre cheia de gente "normal", do qual eu sinceramente esperava um pouco mais... Destaco ainda uma imagem da noite, que vi, que foi passar por nós um par de lésbicas em que uma delas estava de barrigão... :))

Encontrei a capa deste livro num blog interessantíssimo (Homem, homossexual e pai), e realmente lembrei-me de uma das primeiras coisas que fiz quando decidi assumir perante os meus amigos e família, comprei o livro "Kamasutra Gay", que embora o nome sugira um teor mais sexual, na verdade dá muitas dicas e relata experiências vividas por pessoas que passam por situações idênticas. Tenta também dar uma visão das várias fases por as quais se passa desde que se decide assumir perante os outros como homossexual, e acreditem que me deu um jeitão.

Agora, vi a capa deste livro e realmente que interessante seria poder ter nas nossas bancas um livro relatando experiências de filhos de pais homossexuais ou mães lésbicas...

 

Ficamos à espera, mas entretanto podem aceder a aqui a uma série de livros sobre a temática gay editados no nosso país.

Mais um ano, e mais uma marcha para festejar o dia Internacional do Orgulho e da Libertação LGBT (28 de Junho). Este ano as comemorações decorrem no dia 25 de Junho, em Lisboa, a Marcha do Orgulho, com partida do Parque Eduardo VII às 17h. A encerrar o dia, o 9º Arraial Pride tem início pelas 20h no Parque do Calhau, em Monsanto, integrando pela primeira vez a programação das Festas de Lisboa. Quem costuma ler este blog saberá que não vejo com muito bons olhos estas marchas, não pelo objectivo, mas pela forma de como é vivida por muitos manifestantes. Verdade seja dita que a comunicação social também gosta de dar mais destaque às extravagâncias da festa. A este propósito abri mais uma sondagem precisamente sobre este tema, que espero vir a ser bastante participada, e quiçá este ano também vá dar um pulo à Marcha e/ou ao arraial. :)

Mais uma sondagem que dou por concluída, com um total de 101 votos, tendo por base a pergunta "Acha que um (casal) homossexual deve poder adoptar uma criança?". Os resultados desta sondagem deixam-me obviamente contente, onde uma clara maioria a apoiar a possiblidade de adopção por parte de (casais) homossexuais... Mas bom, analise-se então os resultados em promenor:

Os mais decididos e que não vêem qualquer hipótese de os homossexuais poderem vir algum dia a adoptar crianças representam 10% dos votantes. Já outros 15%, são menos drásticos e votaram num "não" mostrando portanto que no futuro a opinião poderá mudar... Existem ainda 28% que têm dúvidas e que abrem a hipótese da adopção por parte de homossexuais fazendo depender disso alguns factores. A resposta vencedora da sondagem é o "Sim", que recolhe 47% dos votos.

CONCLUSÃO: Não é difícil concluir que mais de 70% das pessoas aprovam com ou sem restrições a adopção de crianças em Portugal por homossexuais. Não escondo que isso me deixa feliz e a acreditar que se calhar, ao contrário do que muitos pensam, a lei poderá ser alterada mais rapidamente do que se possa imaginar. Na minha opinião, se nos centrarmos no que realmente interessa neste assunto, ou seja, o bem estar físico e psicológico da criança, não me parece complicado perceber que qualquer criança anseia ter um lar com todas as comodidades e bem estar possíveis. Se há um pai, uma mãe, dois pais, duas mães, um tio, uma tia é no meu ver o secundário desta questão. Haverá concerteza homossexuais que não terão condições para adoptar uma criança, mas acredito sinceramente que se calhar haverá mais casais adoptantes que não tenham essas condições, mas que mesmo assim são previligiados nos processos de adopção.

PS: VOTE NA NOVA SONDAGEM JÁ DISPONÍVEL NO BLOG.

No fim de semana passado estive num casamento, como já referi, onde por acaso se passou uma cena que faz com que muitos gays não tenham coragem de se assumir... Falo do caso de um dos convidados, que (ao que algumas pessoas sabem) é gay, e que para a cerimónia se fez acompanhar de uma amiga de longa data... Não quero mentir, e por isso, suponho que ele é gay (que é o que me interessa para este post), e que de facto ela era uma das amigas inseparáveis das bichas (eheheh) que o acompanhou com todo o gosto... Pois bem, a meio do almoço, uma das amigas deles lembrou-se de pedir um beijo com uma salva de palmas ao tais amigos (que para a amiga que pedia, o fazia apenas por maldade, por saber de algo, ou apenas para se divertir)... Ele ficou super envergonhado e incomodado, mas lá acabou por dar um xoxito à amiga... No meu entender, são estas supostas iniciativas inocentes (ainda por cima de amigos próximos) que deixam um gay "desarmado", ao ponto de ficar completamente desencorajado a assumir algo perante os seus (supostos) amigos próximos... Por outras palavras é a sociedade a empurrar um rapaz para uma realidade que não é a dele, mas que aos olhos da maioria é a suposta realidade dele... Uma amiga minha, que estava na minha mesa apressou-se a comentar "amigos?! sim sim..." sem sequer lhe ter passado pela cabeça que ele poderia ser gay, mesmo tendo ela um par de bichas na sua própria mesa! Assim não vamos lá...

... que é o facto de apenas elas poderem passar pela experiência única de engravidar e ter um filho. Falo disto porque neste fim de semana estive no casamento de dois amigos de longa data (ele por acaso lê este blog e quero desejar-lhes as maiores felicidades do mundo!), entre muitos outros amigos convidados, e a verdade é que devido a vários casais terem casado há pouco tempo atrás, os filhos são uma constante nas conversas... Umas grávidas, outras a tentar e outras com algumas experiências menos agradáveis. Mas é bonito vermos uma mãe nova, a falar dessa sua experiência com um brilho nos olhos único e muito particular... Penso logo com os meus botões "Como eu gostava de também poder passar por essa experiência". Mas quis, quem nos "inventou" que apenas a mulher tivesse esse previlégio e quanto a isso não há mesmo nada a fazer. E por acaso estou numa fase em que vários amigos passam por estas experências (uns já futuros papás, outros a tentarem ser papás, outros papás e outros ainda em que as coisas não correram muito bem), e isso torna as conversas bastante interessantes... E até nisso nós (sociedade) tentamos (normalmente com boa intenção) meter o bedelho perguntando para quando um bébé sem sabermos por vezes o que realmente se passa e que esta simples pergunta pode causar bastante constrangimento ao casal. Já o disse várias vezes que no dia em que me assumi como gay umas das coisas que mais me custou foi saber que o sonho de ter um filho teria de ser posto de lado, pelo menos da forma "normal" como é concebido um bébé... Pensarão muitos que mesmo assim nem tudo está perdido, e isso é bem verdade... Neste fim de semana, o desejo adormecido de ter um filho tornou a acordar, e a adopção passou novamente a fazer parte dos meus pensamentos diários.... A ver vamos! :)

Esta foi uma das dúvidas que muitos amigos meus tiveram quando souberam que eu era gay... De facto sempre vivi rodeado de mulheres (próprio de bicha mesmo!!! Ehehehe), mas eram todas amigas, excepto algumas... Naturalmente que tive namoradas, e isso suscitou a pergunta "Então como tiveste namoradas se és gay?!?!"... Pois, eu acho que isso acontece porque todos nós (falo na sociedade em geral) nos empurra para as mulheres, tornando-se por vezes o facto de não ter namorada motivo de alguma desconfiança ou dúvida. Ora como eu sempre quis esconder que era gay, nada melhor do que tentar ter uma namorada... Mas não resulta, namorei com a Cristina, com a Sara e com a Susana (poucas hein...) e de facto as coisas não resultaram e acreditem que pelo menos uma delas era tudo o que eu queria para mim... Mas a natureza não perdoa, e havia sempre algo que faltava para completar a relação. Actualmente sou grande amigo de todas elas e elas aceitaram muito bem o facto de ser gay, e nalguns casos serviu até para clarificar algumas situações... E perguntam vocês "E como foi essa relação, era uma relação normal de amor e sexo?", ao que eu respondo que acho que seria muito mais de amor (ou um sentimento forte a que eu chamava amor) do que sexo, até porque em relação ao sexo as coisas nunca correram muito bem...

Quem tem ligo os posts deste meu blog, com certeza já terá notado que não sou de engolir injustiças e que tento sempre dar voz aos meus anseios, às minhas angústias... Por isso acho que o melhor sítio para expressar isso mesmo seria aqui, mesmo que o assunto possa não estar relacionado com a temática deste blog... Este primeiro comentário "Off the record" é dedicado à tão conhecida e já com barbas "crise portuguesa". Esta anda sempre de braço dado com o seu amigo Défice, que tem umas costas muito largas, e que por isso está constantemente a ser responsabilizado pelos desaires dos seus sobrinhos, os políticos portugueses. Lembrei-me e senti vontade de escrever sobre este assunto, depois de ter constatado ontem, numa esplanada em Lisboa, enquanto almoçava, que as pessoas das duas mesas que me rodeavam comentavam (ou lamentavam) os já anunciados aumentos de impostos... Como se não bastasse, e por coincidência ou talvez não, passaram também duas senhoras diante de mim que desabafavam de forma revoltada que os políticos deviam ir roubar os ricos e não os pobres... Para terminar esta sequência, dirigi-me logo após o almoço a um quiosque ali ao lado e qual o meu espanto ao ler na primeira página de um jornal que Sócrates recuava um pouco nas medidas anunciadas que retiravam algumas regalias ao deputados, e que a Caixa Geral de Depósitos (que nos primeiros três meses deste ano subiram em 20% os seus lucros) está nos próximos dois anos isenta de pagar IRC (imposto sobre o lucro das empresas). Nada que me devesse espantar, mas é triste, muito triste, que sejamos governados por maus políticos, e o mal não é só de agora... Acho que de há 10 anos para cá (se calhar estou a ser optimista) o povo que trabalha tem sido ano após ano enganado e desgovernado... E se dúvidas havia, é quase incontornável a situação caótica (que é isso que pelo menos por agora, à semelhança de outros anos passados, nos querem fazer acreditar) em que estamos metidos. E quem paga pelas irresponsabilidades dos nossos governantes? Eles? Claro que não... Eu acho que somos um país onde ser-se político é cada mais aliciante, e não pelo facto de as suas responsabilidades serem mais nobres e os desafios serem maiores, mas pelo simples facto de que eles, independentemente de fazerem bem ou mal o seu serviço (serem ou não produtivos, por outras palavras) na grande maioria dos casos sabe-se que nunca lhe serão pedidas responsabilidades, e como recompensa pode ainda habilitar-se a um belo tacho, numa empresa pública, a ganhar valores ainda mais interessantes. E este é verdadeiramente o problema do nosso país, a impunidade, o desinteresse, os lobbies... Mas a verdade é que os maus políticos que temos actualmente, são também fruto de um povo acomodado, e que raramente luta na rua pelos seus direitos. Acho que se cada cidadão ouvisse o já comum pedido de contenção e de aperto de cinto, e equiparasse esse anúncio com uma perda da sua equipa de futebol no campeonato nacional, tudo seria diferente. O povo tem que ter consciência que queiramos ou não, gostemos ou não, os políticos (bons, mas com toda a certeza cada vez mais maus) continuarão a (des)governar este país, e a nossa Assembleia da República a gastar 100 e poucos milhões de euros por ano,e que por isso teremos de ser nós (povo) a exigir aos nossos governantes que sejam produtivos e que (de facto) assumam as suas responsabilidades e cumpram o prometido!

À medida que o tempo passa, eu, a minha mãe e o meu lindo vamos ficando cada vez mais ansiosos e nervosos. Ambos sabemos que mais tarde ou mais cedo vai haver um encontro que abrirá uma nova etapa na minha (nossa) relação. Esse encontro aproxima-se a passos largos, será em Agosto num encontro familiar para o qual o meu irmão fez questão de convidar o meu lindo... E este, não tem como escapar ao encontro porque calha no nosso período de férias (ehehehe)! Mas bem, gosto de levar este assunto com ligeireza mas a verdade é que as coisas não são assim tão fáceis... Ninguém sabe como será a reacção do meu pai perante a situação. Certo certo é que o encontro é inevitável e agora basta aguardar para ver como vai terminar mais este episódio desta novela... :))