Quem for ler o histórico deste blog, rapidamente perceberá que um dos gostos que levamos muito a sério aqui em casa são as viagens. Sempre, pelo menos uma viagem por ano, normalmente duas, e num bom ano podemos fazer até 3 viagens, entre as "Grandes Viagens" e as city breaks. 

Este ano estamos em ponderação de datas e destinos, e a primeira coisa a ver é o plafond disponível. Sou daqueles que detesto andar a ver destinos sem saber quanto podemos gostar. Não sou masoquista e acho uma perca de tempo. 

No próximo fim de semana iremo a Paris, numa viagem inesperada, mas motivada pela comemoração do aniversário de uma prima que nos é muito próximo, e que este ano com o pretexto dos 40 anos, escolheu comemorar num destino diferente. Escolheu Paris. Convidou-nos e nós, que somos apaixonados por Paris e que por acaso já há muito tempo não vamos até lá, aceitámos de imediato! Será por isso uma viagem em família com crianças à mistura, e por isso não levamos qualquer tipo de objectivo, apenas o de passearmos pelas ruas de Paris descontraidamente... Depois deveremos escolher outra cidade para visitar na Europa, e uma grande viagem (se conseguirmos será China) ou uma viagem mais pequena (Turquia, Croácia e Polónia estão na mira). 

É uma altura que adoro, a de planear viagens! Melhor que isso mesmo, é o ir! Ir é sempre um bom remédio! :)

Não resisto a opinar sobre a minha experiência de ontem. Fomos ver a Madame X, a personagem criada pela Madonna para o seu último album e Tour. Com um fã aqui em casa é normal que desde que se tenha o bilhete, a ansiedade de chegar ao dia do show é sempre em crescendo. Desta vez não foi a excepção com a agravante que a Madonna já cancelou uma série de espectáculos, o último tinha sido no Domingo e portanto a (in)certeza de assistir ao show manteve-se praticamente até estarmos na fila para entrar no Coliseu dos Recreios. Sabíamos que seria algo bastante diferente do que tínhamos visto dela. Confirmei. É de facto um espectáculo bastante diferente de tudo o que ela já fez. Ontem vi uma Madonna muito próxima do público, comunicativa, bem disposta, a ouvir o público, com a voz em bom estado e com o corpo em não tão bom estado (notava-se que está debilitada fisicamente). Mas o que realmente me conquistou é o tributo que ela faz de forma explícita ao nosso país e a Lisboa em particular. Cenários com imagens da cidade e do país, fachadas, cantou um fado, ouvimos Saudade de Cesária Évora (acompanhada do Dino Santiago), vimos e ouvimos a força das batukadeiras de Cabo Verde, e a guitarra PORTUGUESA aparece quase sempre em lugar de destaque tocada pelas mãos do sobrinho-bisneto de Amália Rodrigues, o Gaspar Varela. Para os que tanto criticaram a senhora por se ter instalado na nossa cidade (por causa dos lugares de estacionamento) e que não percebiam o porquê de facilitar um pouco as coisas, é importante dizer que ela é uma das cantoras POP mais conhecidas de sempre (goste-se ou não), que tem quase 15 milhões de seguidores no Instagram, e que praticamente de forma diária, usa a palavra Lisboa e a bandeira de Portugal nos seus posts e comentários. Muitos podem não ligar nenhuma a isso, mas quanto a mim, isto vale uns bons lugares de estacionamento e muito mais ainda! E por último, foi bom ver e sentir que o seu gosto pela nossa cidade é genuíno! Valeu muito o espectáculo (para conhecer esta Madonna mais intima) e que não tendo sido tão espectacular como normalmente é ao nível da produção, a mim pessoalmente, agradou-me muito mais tê-la ali para cantar de corpo e alma para quem gosta dela. Obrigado à companhia, que para além do lindo que estava eufórico, estávamos todos muito bem dispostos e isso também ajuda!

PS: Este espectáculo não permite o uso de telemoveis e por isso temos de os por numa bolsa selada, que só é aberta no final para podermos ter de volta o telemóvel. Este espectáculo e todos os que assistiram só ganharam com esta medida, a qual devia ser estendida a todos os espectáculos para estarmos todos (e não só o artista) de corpo e alma a ver um espectáculo!

Ultimamente dou comigo a pensar "Como podemos decorar o quarto da criança?", "Como é que ela vai reagir às nossas miúdas?", "Será que os avós ainda vão conhecer a criança?"...

E ainda nem sabemos se podemos adotar... Estão a imaginar se formos aceites para adoção?! 

MEDO!!!!

Já por aqui disse mais do que uma vez que o meu relacionamento (que completará este ano 18 anos!) começou através do site de engates Gaydar e resultou! Continuo a acreditar, talvez cada vez mais pela força das circunstâncias, que os sites de encontros online são uma boa alternativa para os que (cada vez mais) não têm tempo ou possibilidade ou vontade de sair para a rua para locais de diversão para conhecer pessoas. Hoje em dia, na comunidade gay, um dos que mais ouço falar é no Grindr e como não tenho conta criada não sei dizer bem como funciona, porém não será muito diferente do que havia na altura, sendo que agora se usa mais no telemóvel (com apps) e usando a funcionalidade de GPS que nos diz exatamente, quem está ao nosso redor (registado no site). São algumas facilidades adicionais e que imagino que facilitem ainda mais que se trave conhecimento. Porém, e era aí que queria chegar, o Facebook, para mim, sempre foi e é uma rede social no verdadeiro sentido da palavra. Uso-o para partilhar com quem quero (amigos ou alguma selecção de pessoas) cenas pessoais, mensagens, ideias, desabafos e encontrar pessoas que por ventura eu tenha perdido o rasto e outras novas que me vão surgindo. E é neste ponto, que por estas últimas semanas tenho percebido que afinal o Facebook é também mais do que uma rede social "normal". Isto porque iniciei um pequeno projecto pessoal de decoração, o AzulejosPT, e fiz publicidade da página no Facebook deste negócio num grupo Queer, que por causa disso me deu alguma visibilidade nesse grupo que originou uma série de pedidos de amizade. Fui aceitando esses pedidos de amizade (com a tag de #conhecidos) com o interesse de os convidar a seguirem a página do AzulejosPT. Lá devo ter aceite alguém muito bem cotado, que comecei a receber pedidos em grande número, a chegar aos 100 por dia. Deu-me jeito confesso pois foram todos convidados para conhecerem o meu projecto pessoal. Porém (tudo isto para chegar aqui!), comecei a ser abordado de forma bastante regular por estas novas amizades, via Messenger, e de muitos olás, respondi a alguns, e em quase todos começava por receber piropos e com duas ou três frases, chegava-se logo à parte tão usada do "dd tc" e já sabia para onde ia evoluir a conversa. Obviamente que aos poucos que respondi disse que era casado, alguns resistiram mas a maioria (obviamente) foi-se! Não fazia ideia que o Facebook era tão usado para engates como me parece (agora) que é! A mesma coisa se deve passar com o Instagram embora eu não tenha essa experiência. Isto leva-me a crer que as coisas, nesta vertente, afinal não mudaram muito e (quiçá!) ainda bem! Sendo que, nada como ao vivo e a cores, o chat deve ser apenas o pontapé de saída. Um dia contarei uma história que tive conhecimento de grande burla online, relacionado com este tipo de chats de encontros...

Hoje, o dia seguinte a ter dado a novidade aos meus pais, meti conversa com a minha mãe para saber como estavam a digerir a coisa. Como já imaginava e sabia, a minha mãe é a melhor do mundo e sou verdadeiramente um sortudo por ter esta mulher na minha vida. Deixo a nossa conversa de hoje que me deixa de coração cheio:

Mãe - Olá! Tudo bem por aí?

Eu - Tudo e por aí?

Mãe - Tudo ok!

Eu - Contentes com a notícia ou ainda a digerir?

Mãe - Eu estou muito contente,tenho pena de não ser mais nova,para poder acompanhar por mais tempo,o pai apenas disse que talvez vão fazer uma asneira,mas ele nem sabe o que diz.

Eu - A decisão é nossa. Mas claro, vocês serão os únicos avós da criança e ficaremos muito felizes que ela possa ter-vos, o tempo que for!

Mãe - Á pois o tempo que será não se sabe,mas sim quando a Paula me falou nisso,eu disse e ela pode confirmar,que tinha tristeza de vocês não terem uma criança,uma vez que gostam tanto de crianças, o lindo não sei tão bem,mas tu sei que adoras crianças,e se isso vier a acontecer,e que tudo corra bem,a vossa vida mudará muito e que serão muito mais felizes, embora tenham que pensar no lado positivo e no negativo,e isso vocês sabem melhor que eu

Eu - Claro! Também acho que vai ter pontos negativos mas penso que os positivos serão sempre maiores!

Mãe - Espero do coração que sim,e dores de cabeça,e alguns problemas, haverá sempre, ou mais ou menos,como em todos os casais,e tudo se ultrapassa.

Foi hoje.

Os meus pais vieram a Lisboa e eu e o lindo consideramos que seria hoje o dia certo para lhes comunicar a nossa decisão. Não influencia a nossa decisão (que aliás já tomamos) mas é importante termos a família nuclear ao nosso lado, e eles têm sido um grande apoio para nós, e se a família crescer isso será mais importante ainda.

Vieram com o tempo muito apertado. Estava a ver que não conseguíamos nos sentar com eles para lhes contar. Mas um pouco antes de irem embora conseguimos ir a uma pastelaria ao lado do centro de saúde e falarmos. Estávamos os quatro.

E eu comecei: "Temos uma coisa para vos dizer... Penso que é boa... Nós decidimos adotar uma criança e já começamos o processo!".

(silêncio)

A minha mãe, que estava à minha frente, olhou-me nos olhos, mostrando-se pouco admirada, e disse com um sorriso ténue "Acho que fazem bem, se é isso que querem!".

Ao lado, estava o meu pai, em frente ao lindo que continuava a mastigar a sandes e não parou.

A minha mãe continuou a dizer que uma irmã dela, nossa tia, lhe tinha falado nessa possibilidade no ano passado e por isso não era total a surpresa. Reparando que o meu pai não tinha dito nada, olhou para ele e disse "Então, acabam de te dizer uma coisa tão importante e tu não dizes nada?!"... Ele olhou, riu meio envergonhado e "enconstado contra a parede" lá disse "Não há nada para dizer, para já!".

E pronto, sairam a correr para ir apanhar o comboio.

Eu e o lindo regressamos a casa, pouco surpresos. A reação era mais ou menos a esperada. O meu pai estará por agora a digerir a novidade. 

Amanhã vai ser um daqueles dias.

Vamos contar aos meus pais que decidimos iniciar o processo de adoção de uma criança. Os meus pais estão para lá dos 70 anos e embora sejam neste momento nossos cúmplices da vida, nunca se sabe bem qual vai ser a reacção deles. Eu diria que a minha mãe vai reagir bem, mas o  meu pai....... Eu penso que eles deveriam ficar felizes, já que se abre a possibilidade de ainda virem a ser avós novamente, mas isso sou eu que penso. 

Os avós são muito importantes na vida de uma pessoa, principalmente quando somos crianças. Por isso espero muito que eles se sintam felizes e prontos para amar o possível novo neto(a) que pode estar a caminho...

Amanhã saberei! Amanhã saberemos!

Quem nunca sonhou ser pai?

Eu desde sempre disse , durante a minha infancia, adolescência e juventude, que queria casar-me, ter filhos, casa e carro! 

Tudo isso era muito claro na minha cabeça, até ao dia em que assumi para mim próprio que sou homossexual. Na altura, penso que o facto de achar que já não seria pai, foi das coisas que mais me custou. Tenho muita auto estima e amor próprio, e isso provavelmente reforça a vontade de querer que alguém continue neste mundo com os meus genes (que considero bons!)! Mas bem, naquela altura abandonei a ideia e convenci-me que não valia a pena pensar mais nisso. 

Entretanto o lindo surgiu na minha vida. Apaixonei-me. Começamos a viver juntos. Começamos a aproveitar a vida a fazer o que nos dava gozo, e concretizando projectos comuns. E há uns 10 anos pensámos na hipótese de ter filhos, já que também decidimos casar (após a aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo). O passo seguinte (normal) seria o de sermos pais e pensámos muito sobre isso, mas achámos que na altura, tanto a nível de disponibilidade que tínhamos, como a vida e o que queríamos fazer, não eram compatíveis com a adoção. Decidimos prosseguir com a nossa vida a dois. 

Este ano, e numa conversa informal com um dos meus colaboradores, ele dizia-me (ao ver-me com o filho da sua companheira ao colo) que eu deveria ser pai, que me achava boa pessoa e que deveria pensar em ser pai. Expliquei-lhe que não estava nos planos adotar. E ele disse que deveria ser um filho de sangue... Expliquei-lhe que não podia, e ele retorquiu dizendo que me arranjaria as condições para eu poder ser pai biológico. Noriundo da Nigéria, ele conhecia várias mulhers dispostas a ver para Portugal e "dar-me" um filho. Rejeitei a ideia peremptoriamente. Mas a verdade é que aquela conversa reacendeu em mim a vontade de ser pai. De tal forma que nesse dia não dormi bem. Falei com algumas pessoas que eram pais pela via da adoção e sem querer, estava a nascer em mim uma vontade imensa de ser pai. No dia seguinte comentei com o lindo sobre isso... E ele (ao contrário do que eu imaginara) disse "porque não?! Podemos pensar nisso". Fiquei estupefacto e com a cabeça a mil. A adoção surgiu logo como opção natural e que faz sentido. Neste momento eu trabalho a partir de casa, o lindo já não trabalha por turnos, temos casa própria no centro da cidade e uma estabilidade emocional e financeira. Temos uma vida tranquila, já viajámos muito (e queremos continuar a fazê-lo, talvez noutros moldes) e por isso estamos receptivos a incluir no nosso seio familiar uma criança para lhe darmos amor e educação. A nossa relação não depende disso, aliás, o principal medo do lindo é o impacto (que irá ter de certeza) na relação possa ser devastador ao ponto de nos separar. Mas não achando que isso possa acontecer, a verdade é que, não podemos adivinhar. 

Certo é que, estamos a remar para o mesmo lado e empenhados agora em ser pais! E estamos felizes com essa ideia! :)

O nosso 2020 começa da melhor forma possível: decidimos dar o passo de aumentar a família. Iniciámos hoje o processo de adopção e como deverão imaginar estamos muito motivados e ansiosos!

Será um processo longo, e poderá não chegar a bom porto, já que há uma série de etapas, porém estamos confiantes e com muita vontade de dar a possibilidade de uma criança ter um lar e ser amada!

Agora já posso também contar que esta é a novidade que me fez regressar ao Blog. Para mim faz todo o sentido dar a conhecer e partilhar esta experiência que agora começa. Um passo natural para muitos casais hetero, menos (por enquanto) para casais gay e por isso acho importante poder partilhar convosco o que nos for acontecendo.

Adoptar é um acto de amor e coragem. Estamos felizes por darmos este passo.

Esta última noite de 2019 e a primeira de 2020 representam a entrada num novo ano e numa nova década!

Comentava ontem que parece que foi ontem que nós pensávamos no ano 2000 como algo longinquo e com todas aquelas suprestições associadas, e num abrir e fechar de olhos passaram 20 anos! Portanto tudo me leva a crer que esta nova década, os anos 20, também passem igualmente rápido e isso deixa-me um pouco assustado. Daqui a dez anos já estarei nos meus 50 e poucos anos de idade!!! 

Mas bem! 

Falemos do agora. Ontem acabámos por receber algumas amigas chegadas aqui em casa. E aqui jantámos. Um caril de frango delicioso que o lindo faz, e um entrecosto assado que também estava ótimo! Aliás tudo estava bom, as entradas, o vinho, os pratos e as sobremesas! A companhia também estava bem, mesmo adivinhando-se (e agora confirmado) que seria uma noite calma... Confesso que preferia uma boa noite de festa como aliás foram a maioria das minhas passagens de ano, mas este ano, sinal dos tempos, e das vidas que me rodeiam (quero acreditar!), ninguém nos convidou para alguma festa. Não vou dizer que isso não mexe comigo, porque mexe, mas ao mesmo tempo compreendo... O pessoal da minha idade, os amigos, estão mais velhos (muitos com filhos) e então só apostam em coisas mais caseiras, e devem achar que seria algo que eu não iria gostar... A verdade é que com isso a minha acabou também por ser bem caseira... Mas pronto! Depois do jantar, descemos à beira do Rio Tejo para ver o fogo de artíficio e regressamos ao lar... Mas (há sempre um "mas") no beijo da meia-noite, o lindo segredou-me algo ao ouvido que irá (quiçá) mudar a nossa vida! Por agora fico-me por aqui, mas se assim for, voltarei ao assunto (é quase certo) para partilhar o que vai mudar......................

BOM ANO!

SEJAM FELIZES!