Nas minhas deambulações pela net, deparei-me com um artigo de opinião de um jornal regional, o "Reconquista", de Castelo Branco, onde o sr. Fabião Baptista expressa na edição de 7 de Maio deste ano a sua opinião sobre os "casamentos" (as aspas não são minhas, são dele!)... O sr. obviamente tem direito à sua opinião, não é isso que está em causa, mas sendo ao que parece um jornalista no activo, choca-me um pouco o tratamento dado ao assunto pelo senhor... Vou realçar algumas partes do artigo mas deixo o link para quem tiver interesse ler o artigo por inteiro (ver AQUI).
O sr. Fabião começa por falar no facto de que "a informação veiculada pela Direcção-Geral da Saúde, através da Internet, de que durante o ano de 2008, voltaram a decrescer os nascimentos em Portugal, nomeadamente no Interior do País".
Até aqui tudo bem...
Depois fala do que se tem feito: "Muitos dos presidentes de Câmaras, numa desesperada, mas louvável, tentativa de inverterem esta situação, já criaram incentivos, não só para se processar o aumento da natalidade, como para a fixação de jovens nos seus concelhos, oferecendo-lhes terrenos, a preços simbólicos e facultando-lhes projectos de construção de casas e até crédito e auxílios vários para poderem edificar as suas próprias habitações. Mas até agora, tudo tem resultado em vão. E, para agravar a situação, surgiu a ideia luminosa, do Ministério da Saúde, de encerrar grande número de maternidade, obrigando a que muitos portugueses nasçam em reduzidos e incómodos espaços de ambulâncias de bombeiros voluntários e outros tivessem de, pela primeira vez, ver a luz do dia, em Badajoz."
Continuamos bem...
E eis que de repente introduz-se o mal fadado tema dos casamentos: "E mais deve inquietar ainda, quando vemos parte da Juventude Socialista, o Bloco de Esquerda e seus afins, a lutarem, desesperadamente, para que sejam legalizados os chamados “casamentos dos homossexuais”.
E logo de seguida diz: "Estaremos na raia da loucura, em auto-gestão? Será deste modo que se incentivarão os jovens a terem mais rebentos biológicos?"?!?!?!?!?!?!
Depois vêm os males que afectam o país: "Como é possível, havendo problemas tão graves, a resolver n a nossa sociedade, como seja o desemprego, onde 70 mil jovens licenciados procuram ocupação; onde todas as semanas há fábricas e encerrarem os seus portões e espaços comerciais a ficarem insolventes; onde a fome já é uma triste realidade; onde os leques salariais são uma verdadeira afronta e um desolador ultraje a quem trabalha: onde os assaltos, à mão armada, são o pão nosso de cada dia: onde a Justiça perdeu toda a credibilidade; onde se faz para destruir a Família e diluir os alicerces fundamentais do matrimónio; onde o empobrecimento do erário público é já uma preocupante realidade, à vista de quem quer que seja: o sistema bancário está periclitando(...)".
E agora, a tirada de mestre: "(...)onde tudo isto acontece, a Juventude Socialista abstrai-se de todas estas “bagatelas” e concentra toda a sua estuante força e sinergia partidária, no “casamento dos homossexuais”. Até parece que oficializando a união pelo “casamento”, de dois homens ou de duas mulheres, conhecidos em linguagem popular por “larilas” e por “lésbicas”, todos os problemas ficam resolvidos. Será esta, a preocupação mais premente da Juventude Socialista? Eu não acredito. Até porque, a grande maioria da mocidade socialista, não defende tão aberrantes e mesmo dentro do PS, há, felizmente, uma grande corrente que repudia esta forma de pensar, à frente dos quais se situa a deputada Maria do Rosário Carneiro."
E para concluir em beleza: "Se já há poucos nascimentos, com os chamados “casamentos homossexuais”, então o número de nasciturnos desceria drasticamente. Será assim que a JS deseja contribuir para atenuar a desertificação do Interior do País? Será que a JS vai organizar manifestações, colóquios e comícios para pederastas e lésbicas? Será que vamos assistir a marchas de GAY’s, integrados nas campanhas eleitorais e na propaganda socialista, nos próximos actos eleitorais?"
É de bater palmas não acham?
Mesmo sendo jornalista de um jornal tutelado pela Igreja Católica, tratar os supostos "irmãos" que penso Jesus ter um dia defendido que nós todos somos, como "larilas" é qualquer coisa que me incomoda à séria... Ao nível do "bufo" que a Manuela Moura Guedes chamou ao Bastonário da Ordem dos Advogados...
É triste ver como estas opiniões podem ferir tanta e boa gente... Ainda por cima no interior do país onde sei por experiência própria que abordar o tema da homossexualidade é algo muito raro e complicado, ler este tipo de opinião (legítima é certo) de um jornalista, uma pessoa supostamente formada, deixa-me triste e desapontado... Mas como é que alguém pode pensar que a legalização dos casamentos entre homossexuais pode favorecer a desertificação do interior do país, ou não deve ser discutida porque há outros problemas mais graves a tratar...?! Caramba, na Assembleia da Répública são discutidos semanalmente assuntos com um interesse muitas vezes duvidoso, e um assunto que trata da Igualdade e igual oportunidade de todos às mesmas coisas nas mesmas condições não pode ser discutido?
Conto com a JS e com o Bloco de Esquerda e todos quantos queiram participar (eu vou dar a minha modesta contribuição) para se discutir os casamentos entre homossexuais e todos os outros assuntos que sendo ou não mais importantes podem e devem sempre ser discutidos e debatidos!
Sr. Fabião Baptista, sendo obviamente livre de expressar a sua opinião, pense sempre, quando o fizer, que pode estar a magoar e a "condenar" ao sofrimento um "irmão" seu, que pode ser um familiar seu, um amigo, um conhecido ou até um colega de trabalho. Todos temos direitos e deveres, e todos merecemos ser felizes, casando ou estando solteiro, tendo ou não filhos!
Pense nisso!