Nestes últimos dias tenho acompanhado de perto a vida do C., de 17 anos, filho de pais separados, e que acidentalmente a sua madraste descobriu que o C. tem um namorado, ou seja, descobriu que o C. é homossexual. Sendo filho de pais relativamente novos, pensei que o drama pudesse ser mais inventado nas nossas cabeças do que aquele que efectivamente iria acontecer... Pensei muito mal... Certo é que a madrasta tratou de contar ao pai que no próprio dia saíram para festejar (ou pelo menos beber um copo) e regressaram directos para o quarto sem o C. ter ouvido a reacção do pai. Mas no dia seguinte.... O pai tratou de lhe tirar o telemóvel, a internet e acompanhou as acções com frases do tipo "Tens de te curar!" ou "És um anormal". Sabemos - quem assume - que temos de estar preparados para ouvir este tipo de coisas, mas obviamente custa sempre muito. O C. ainda ficou baralhado e por momentos acredito que tenha achado que se calhar o pai tinha razão. Em conversa comigo, aconselhei-o a ter calma e paciência que estavam a reagir a quente e que mais tarde ou mais cedo tudo regressaria à normalidade. Visto que a mãe ainda não sabia, aconselhei-o a telefonar para a mãe a contar, antes que terceiros (pai e/ou madrasta) o fizessem. Tarde de mais, porque a mãe soube... Como a mãe também é nova pensei que fosse ela a salvar a honra do convento, apoiando (dentro do possível) o filho... Mas não, mais uma vez frases como "Eu não te criei para isto!", "És a minha vergonha!" ou coisas ainda piores foi o que ele recebeu. O C. mesmo assim manteve-se firme e hirto. As consultas foram sugeridas pelo pai e pela mãe, para tratar a "doença" do filho e o próprio médico de família disse que (espantem-se!!!!) "não é normal" e que deveria consultar pedo-psiquiatra. Aconselhei-o a aceitar ir a todas as consultas, desde que os pais o acompanhem (deve ser uma condição!) pois se for um profissional a sério que os atenda, o médico irá direccionar a consulta para os pais e não para o homossexual.
A consulta está marcada!
Força C., é uma fase complicada mas vais ver que tudo vai acabar bem!
Abraço