Desculpa, estou a tirar 5 minutos do meu período laboral para escrever aqui... Bem sei que não está correcto, mas ou isto, ou explodir e dizer ou fazer algumas coisas feias.
Hoje, ou melhor, de há alguns meses para cá, desci ao mais baixo nível nas minhas qualificações profissionais, pelo menos da tua perspectiva. Hoje, não posso enviar um email, por mais simples que seja, sem passar por ti e que tu corrijas nem que seja uma vírgula; Hoje saio da cama, depois de fazer ronha e mais ronha, até ao limite de tempo que posso, porque sinto na barriga um sensação de mau estar que não gosto e que não me motiva; Hoje sou acusado por ti de falta de memória, de método de trabalho, de capacidade de concentração e de falta de autonomia; Hoje procuro carro (penso que já encontrei) porque tu me deste o prémio de me retirares o carro, quando todos os meus colegas mantêm o carro e recebem prémio monetário; Hoje não gosto do que faço, não me sinto motivado, não me sinto com paciência para te aturar por muito mais tempo; Hoje vejo que as conversas que fiz questão de ter contigo para partilhar o que sentia de pouco ou nada valeram; Hoje tenho a percepção que tu também me queres ver pelas costas; Hoje sinto-me como nunca me senti noutra empresa, ao fim de 15 anos de trabalho; Hoje, se pudesse, entregava-te uma carta... Mas não posso... Neste momento não posso...
Estamos num período bastante conturbado...
A "CRISE" está a tomar conta do país e da vida das pessoas...
Já fui a mais manifestações este ano do que fui em toda a minha vida... E não será por necessidade directa, porque embora seja afectado com as medidas propostas e já tomadas, considero-me um previligiado quando comparado com muito boa gente por este país fora. Mas o sentimento de injustiça invade-me todos os dias e não me permite que assista impávido e sereno ao que se está a tentar fazer ao país e ao seu povo. Vou para a rua, por mim, pelo lindo, pelas minhas sobrinhas, enfim, por um futuro melhor. Muitas vezes defendi que o povo também tinha (e tem de facto) muitas culpas no cartório, porém, o que se está agora a fazer não é devido aos xicos espertos que não passam factura, ou que não declaram alguns rendimentos... Isso são migalhas no oceano de milhões que ao longo dos últimos anos têm sido desviados para muitos bolsos daqueles que têm poder, entre políticos e empresários! E é isso que me indigna: eu trabalho há doze anos, sempre paguei os meus impostos, e cumpri com as minhas obrigações (aqui e ali utilizo a economia paralela, porque também acho injusto o que cobram de impostos e o (pouco ou nada) retorno que obtemos do estado), e eles, os que nos governaram e os que tomaram decisões danosas para o país têm como retributo subvenções vitalícias, altos cargos em empresas públicas e público-privadas, ou então cargos no estrangeiro de elevado reconhecimento... Como é que é possível que pessoas como o Durão Barroso, Vítor Constâncio, José Sócrates ou Guterres podem andar lá por fora a mandar postas de pescada cá para dentro quando eles são culpados desta situação?! Eles, os políticos,foram e são (muito bem) pagos para tomar decisões, procurar soluções e formas de defenderem o interesse público... E foram eles que não fizeram o seu papel... E sabem porquê? Porque se estão a cagar, porque independentemente do resultado das suas decisões sabem que nada lhes acontecerá e que daí a uns anos já estarão fora daqui a curtir todos os direitos então adquiridos com muito ou pouco tempo nos cargos públicos. A minha solução, se é que há solução (e sinceramente eu não sou pago para dar soluções, isso é da responsabilidade deles!), é simples: Responsabilizar os políticos pelas suas decisões. E como? Mudando a classe política! E como? Eles não se auto regeneram, portanto teremos de ser nós a fazer isso e a forçar uma alteração das leis de forma a que se deixe de usar o dinheiro e poder público para lesar o país...
Há minha volta, felizmente, nenhuma das pessoas que me são mais próximas vivem com dificuldades, e isso leva a que, caso andemos muito distraídos, a não perceber o quanto são gravosas estas medidas que estão prestes a ser aprovadas... E penso que é isso que acontece muito, as pessoas esquecem-se que hoje estão bem mas que não sabemos o dia de amanhã... É certo que se calhar a maioria tem situações em que dificilmente lhes permitirá ficar numa má situação, mas penso que isso não pode ser argumento para se alienar da luta e da contestação (seja lá de que forma estas forem feitas) por melhores condições para todos.
Continuarei a ir a manifestações em que acredite valer a pena, mesmo que vá sozinho, como ontem por exemplo. Vou lá, dou largas à minha indignação gritando palavras de ordem, e regresso para casa, com a sensação que estive a fazer algo pelo bem de todos!
O futuro o dirá se sim ou não!
BASTA!
No fim de semana passado, decidi à última hora ir até à terrinha sem o lindo. O lindo iria estar a trabalhar, e eu, que preciso de arejar ideias para não dar em maluco com o trabalho, decidi ir até lá e aproveitar para ver a família e amigos e voltar à festa popular que se realiza todos os anos. Assim foi... E como é tradição lá na terra, no Domingo, após a procissão são anunciados os festeiros (os casais que organizam a festa) do próximo ano. Vários amigos e a minha família mais próxima, estavam convencidos que nós iriamos ser nomeados (hípotese que já se tinha posto noutros anos), pois estamos oficialmente casados... Embora não tendo qualquer receio disso, sempre achei que, tratando-se de uma festa popular e religiosa, que não faria muito sentido ser nomeado um casal que vai contra a doutrina católica, mas... A verdade é que não fomos nomeados, e, não tanto pelo facto de não ser nomeado (porque não faço questão disso), mas pelo facto de terem sido nomeados pessoas que se casaram há duas ou tres semanas atrás, e outras que nem sequer oficializaram a coisa, surgiu-me de imediato a questão que na cabeça: "Discriminação?". Ou seremos chamados quando não houver mais quem queira (como na questão da adopção, em que a maioria é a favor de podermos adoptar porque há muitas crianças abandonadas e do mal o melhor, antes ficar com gays que ficar sozinha), e aí sim talvez a nomeação se dê! Penso até (e isso é muito giro!) que os meus pais ficaram desapontados, o que para mim pessoalmente acho interessante eles poderem sentir um pouco a (possível) discriminação da qual muitos gays são vítima.
</p>Tenho andado super ocupado com trabalho e mais trabalho... Agosto será assim e ainda bem, dependendo do ponto de vista! Tenho dado por mim a parar e a pensar "Será que vale a pena esta lufa lufa diária? Todo este esforço?" quando vemos gente que nos rodeia que não corre atrás e provavelmente será feliz na mesma! Hoje tive de ir almoçar a casa de amigos que têm uma filha fantástica para brincar com ela e espairecer um pouco as ideias, e conseguir desligar-me das minhas preocupações profissionais! E que bem que me fez... E isso levou-me (e leva-me sempre) a pensar como seria diferente a (minha) vida caso tivessemos um filho ou optassemos por adoptar?! Seria capaz de abdicar de uma grande parte do que faço para me dedicar a esse filho? Não tenho dúvida que o faria e rapidamente entraria na vida em que os meus amigos estão metidos: rotinas condicionadas, prioridades invertidas, agendas controladas pelos filhos... Ser pai deve ser a coisa mais fantástica (não duvido disso) mas por outro lado a facilidade de podermos fazer o que queremos quando queremos é também uma liberdade difícil de abdicar!
Hoje brinquei, saí do mundo real e fiz parte do mundo de fantasia da Lara, que tem uma capacidade incrível de inventar histórias e personagens e de nos levar a viajar no seu mundo de fantasia... Hoje respirei fundo, fugi da rotina um pouco, e consegui descontraír um pouco... Hoje por alguns momentos não corri atrás, fiz uma pausa... Amanhã, volto a correr atrás... Até quando?
Há dias na vida de uma pessoa em que parece que a nossa pele não nos consegue proteger o interior... Tenho passado nestes últimos dias por muitos altos e baixos, a achar que sou parvo todos os dias, e de repente a achar que estou realizado e que tenho de acalmar-me, e de repente a apetecer mandar tudo para aquele sítio, ou de repente a ficar mudo sem querer ver ninguém... Tenho passado por tudo isto, e tento não demonstrar nem chatear o lindo com as minhas cenas... Nunca fui muito de contar as minhas angústias quando acho que ninguém me pode ajudar... E quando acho isso, fico caladinho e tento esperar por melhores dias... Sim, tenho um pouco de louco dentro de mim, bem sei, mas o que posso fazer? Partilho a propósito, A Pele Que Há em Mim, de Márcia e JP Simões
Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
E o sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu
O caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou.
Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei
Para lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
Para voltar a viver
Já não sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber.
Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada.
O quarto vazio na madrugada
Vou deixar-te no frio da tua fala.
Na vertigem da voz
Quando enfim se cala.
No passado Domingo fomos almoçar a casa de um casal amigo na Ericeira. Dia fantástico de sol, e um apartamento viradinho para o mar, deram o mote para um almoço e jantar bastante agradáveis. O Vasquinho, filho do casal, tem agora uns 8 anos de idade. Rapidamente ganhou confiança connosco e começou a querer brincadeira! Um pouco antes de almoçarmos ele chegou-se a mim e perguntou-me "O _____ é teu amigo?". Fui apanhado de surpresa pela pergunta, e naquele momento penso sempre "Respondo verdade ou respondo mentira?". Decidi não mentir, mas também não disse que era meu marido (até porque não sabia o que ele sabia sobre nós dois)... "É o meu companheiro!" foi a minha resposta, e ele, olhou para baixo, sorriu e disse "Já vi que não queres dizer..." baixinho. Fiquei intrigado pela resposta, mas a tarde seguiu e muito bem! Ao jantar, e com o Vasquinho no quarto, os pais disseram-nos que tinham falado com ele no dia anterior a explicar que eramos casados, e responderam às dúvidas que o pequeno tinha... Percebi então o porquê da frase do miúdo, ele sabia o que eramos e esteve a testar-me! Penso que não terei passado no teste! Mais adiante, o Vasquinho juntou-se a nós na mesa e passado alguns minutos disse "Porque é que os vossos anéis são iguais?". Ficamos em silêncio, penso que eu e o lindo olhamos para os nossos amigos, e o L. disse "Digam, não há problema nenhum!". Eu lá disse que era a aliança de casamento... Dei-lha para ele poder ver melhor... Ele viu a data que está inscrita na aliança, e disse para o pai "Não me tinhas dito que o casamento tinha sido neste dia!!!". :))
Viver a dois tem destas coisas... Fases boas e fases menos boas... Tanto a nível emocional, como ao nível da relação... Tenho feito eco do nosso sentimento de insatisfação e desânimo, mais de cariz profissional, mas que obrigatoriamente nos afecta pessoalmente! Precisáva-mos de saír daqui, de estarmos "nós", de estarmos calmos, conversar... E assim foi este fim semana! Elegemos a Quinta da Fata, em Vilar Seco, junto a Nelas e bem pertinho de Viseu!
Trata-se de uma quinta de Agroturismo, com um belíssimo solar no meio da extensa vinha, de onde saem as uvas que dão origem ao vinho Quinta da Fata. Calhou-nos uma bela suite, e o frio remeteu-nos para junto da lareira comum... Demos um salto a Viseu, e regressamos... Conversamos sobre o que nos angustia, e quais os projectos para o futuro próximo. Depois da primeira casinha (a Casa de São Vicente, www.aparmentlisbon.com) que está a dar mostras de sucesso, apostamos em acabar a segunda casinha (assim haja dinheiro)... E depois ousar noutras áreas nas quais há muito falamos! Regressamos tranquilos, com mais ânimo, e por causa das coisas em Março vamos a Paris! :))
O casamento para além de outras coisas, tem uma fase muito chata, complexa, terrível... Fazer a lista dos convidados é das coisas que até ao momento se revelou mais difícil... Sabemos quem queremos que esteja e até aqui a coisa parece simples... O problema é quando o dinheiro nos obriga a restringir o número de pessoas... É aí que a porca torce o rabo! Sabemos de muitos que gostariam de estar porque gostam de nós, e sabemos de outros que fazem questão de nos demonstrar de uma forma mais ou menos directa que também contam (ou querem contar) estar presentes. Sou um rapaz que tenho muitos amigos que fui angariando e sabendo manter ao longo da minha vida e obviamente que não poderei convidá-los todos! Vemo-nos assim obrigados a reflectir sobre essas amizades - o que valeram, o que ainda valem e o que eventualmente poderão vir a valer - para saber até que ponto devo escolher aquela pessoa e não escolher a outra. Vai ser um dia especial, e (modéstia à parte) um casamento especial, e (como a nossa Isabel - moça que nos está a organização da festa - diz) "devemos escolher quem realmente merece partilhar este momento especial connosco"... A verdade é que isso não ajuda muito... Há amizades que duram pelo laço que criamos no passado, há outros laços bem mais recentes que sendo fortes podem não estar ainda maduros, e há outras pessoas que criam laços connosco e que eventualmente são desequilibrados relativamente ao que nós sentimos por elas, mas que também são umas pessoas queridas por nós.
Sugiro para quem pensa casar, que faça uma de duas coisas: tenha dinheiro (e assim este problema não se põe) ou então que se prepare para o(s) dilema(s)...
Andando e vendo...
:)
No outro dia, numa conversa ao jantar, falava-se sobre as empregadas domésticas. Nós cá em casa temos uma que vem fazer a limpeza e passar a ferro. Já não prescindimos dela, mas se a vida der uma volta não morreremos se tivermos de voltar às (pouco interessantes) tarefas domésticas. Depois veio à baila a possibilidade de empregados domésticos... Até que ponto seria aceite em casa de um casal gay um empregado doméstico, e quem diz um casal pode também dizer-se um solteiro gay... Bom, eu disse logo "Eu nunca poria um homem em casa a limpar a casa!". Bem sei que é uma atitude discriminatória, mas o facto de pensar que o meu lindo poderia estar em casa no horário de uma eventual limpeza, deixar-me-ia logo de é atrás... Ok, sou inseguro? Sim sou! Não confio no lindo? Sim confio, mas... A ocasião faz o ladrão, e prefiro não correr riscos desnecessários... Já se fosse solteiro... Hummm... Se me apresentassem um rapaz todo interessante (sendo ou não gay, não importaria!) se calhar não me importaria de experimentar os seus serviços... De limpeza, claro! Mas ao mesmo tempo que eu disse isto, um membro de outro casal que estava connosco, disse que não se importaria... E eu por momentos, pensei que se calhar não estava a ter uma atitude correcta... E vocês, aceitariam um empregado doméstico em vossa casa? :P
No Domingo estive num lanche ajantarado em convívio com amigos e conhecidos. A certa altura alguém fala na chegada da Segunda-feira... Houve de imediato uma reprovação geral sobre o tema escolhido, mas eis que a minha amiga A. diz: "Eu cá não me importo nada que chegue Segunda-feira!". Fez-se silêncio, todos os olhares (de estupefacção) se viraram para ela... Todos aguardavam uma explicação para aquela afirmação... Ela então continuou: "Sim, tenho um gaijo à minha frente podre de bom... Loiro, de olhos azuis, inteligente...". A maioria exclamou: "É gay!". Ela respondeu: "Não é nada, ele é casado!", e mais alguns disseram "E que tem isso?". A conversa acabou num desabafo: "Mas será que agora todos os homens bonitos, interessantes, inteligentes têm de ser gays????"...
A pergunta fica no ar...
:))
Uma amiga nossa, a A., contou-nos uma conversa que a sua filhota de 4 anos teve com ela:
- Mãe, quando vamos à Serra ver a neve?
- Está quase...
- Onde vamos dormir?
- Na casa dos nossos amigos ________ e __________
- E podemos dormir juntas?
- Sim filha...
- Então assim nós dormimos juntas e o ________ e o __________ dormem juntos....
- Como é que sabes que eles vão dormir juntos?
- Então Mãe, não te lembras? Já dormi na cama deles, quando estivemos na casa deles...
- Como sabes que era a cama deles?
- Oh Mãe, não te lembras? O quarto estava todo desarrumado!
Em maré de livros, e com o tema da homossexualidade cada vez mais discutido, estão para breve o lançamento de dois livros distintos, dos quais faço agora eco. (obrigado Felizes Juntos pela informação)
- Livro “3º SEXO” da autoria da jornalista Raquel Lito, que se realizará no próximo dia 19 de Fevereiro, pelas 23,30 horas na Discoteca TRUMPS (Rua da Imprensa Nacional 104 B Lisboa – www.trumps.pt – 963160602 ).
São 12 depoimentos marcantes. Uma antiga estudante de teologia que trabalhou em linhas eróticas. Uma militar que não consegue assumir-se no trabalho. Um marido com vida dupla. Uma humorista agredida pela namorada.
Algumas figuras públicas também falam pela primeira vez, sem tabus, da sua atracção pelo mesmo sexo: um actor, um escritor, um piloto de automóveis e um chef de cozinha.
Confissões surpreendentes e corajosas num País onde ainda não é fácil assumir plenamente a homossexualidade, apesar da recente aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
- Livro “O casamento homossexual e o ordenamento jurídico-constitucional português”, de autoria de Isabel Baptista, juíza do Tribunal das Caldas, no dia 25 de Fevereiro, no salão nobre do Governo Civil de Santarém. A apresentação da obra será feita por Rui Rangel.
“A parte principal do livro, tirando o último capítulo, está escrita há dois anos, e faz parte dos meus seminários que integram o meu mestrado na Faculdade de Direito de Lisboa”, revelou a juíza.
A magistrada já tinha chegado à conclusão de que o Tribunal da Relação “devia ter considerado inconstitucional a norma que não permitia o casamento”, criticando também “outra perplexidade que levanta também questões de inconstitucionalidade, que é a não permissão da adopção pelos casais homossexuais”.
Todos os posts do blog sobre livros podem ser lidos AQUI
Quem pratica sexo anal já deve ter usado ou pelo menos ouvido falar do clister ou enema. Hoje o post vai todinho dedicado a ele! :)
Comecemos então pela definição:
"Enema, enteroclisma, ou clister, são nomenclaturas que designam a introdução de líquido no anus para lavagem, purgação ou administração de medicamentos"
O que é que isto significa na prática? Bem, quando por algum motivo precisamos de ter o nosso rabiosque lavadinho por dentro, seja para exame médico seja para sexo anal limpo, existem duas formas de o conseguirmos:
- Utilizando um clister
ou
- Utilizando o chuveiro de casa com muito jeitinho
No caso de querer usar um clister pode (e deve) adquiri-lo numa farmácia pedindo um clister ou enema, ou também pode ser comprado online nas farmácias disponíveis e aprovadas pelo Infarmed (sugiro a consulta ao site www.anossafarmacia.pt), basta fazer pesquisa por enema ou clister.
Para a colocação do clister deve ser usada uma espécie de bomba como a da imagem ao lado mas existem outras com outros formatos.
Para terminar, e como por vezes uma imagem - neste caso, um vídeo - vale mais que mil palavras partilho um vídeo que exemplifica como se faz um clister.
Espero ter ajudado! :))
A propósito de um post antigo (ver AQUI) em que relatava o facto de a minha professora da primária por na maioria das fichas de avaliação a frase "(...)No recreio continua a preferir a companhia das meninas", e em virtude de mais um almoço com ela na semana passada, tomei a iniciativa de levar o dossier da primária para esclarecer as dúvidas. Ela, impressionada pelo facto de ter o dossier, ao ler as suas próprias palavras disse que embora não se recorde do real motivo porque escreveu as palavras, tem consciência de que na altura ela olhava para mim e achava que eu tinha algo de diferente. Mesmo não associando à homossexualidade, havia algumas atitudes minhas que lhe davam a entender que relativamente aos outros colegas, eu tinha alguma diferença. Fica assim desvendado o mistério, e embora as tais palavras não fossem (ao contrário do que eu imaginei) uma achega para os meus pais, confirma-se que havia algo diferente em mim... Mas pronto, isso eu já sabia na altura!
:))
Ontem, um colega (e amigo) de trabalho, levantou a questão da adopção por homossexuais. Dizia ele, que um amigo dele, proprietário de uma IPSS que abriga crianças vítimas de maus tratos e que sofrem outros tipos de vilolência em suas casas, não concorda com a adopção por homossexuais... O meu amigo não percebeu, pois a sua própria actividade é uma consequência e uma evidência que nem sempre (eu arriscaria um "nunca") o facto de uma criança viver com um pai e uma mãe é garante de coisa alguma. Mesmo assim, o amigo acha que não deve ser possível até porque (e vem sempre a velha história à baila) existe probabilidade de a criança se tornar também ela homossexual. Este argumento é aliás muitas vezes o escape ao referido "não", e percebe-se de imediato que não há nada a fazer, é não e não ponto final! Relembro mais uma vez que somos filhos de pais heterossexuais (nem todos é certo!), eu pelo menos sou, e não foi por isso que me tornei heterossexual... Enfim, mas recentrando na adopção, e o que de facto me leva a escrever este post, é o facto curioso que eu noto, em muitos casos, de amigos meus que acham muito bem que possamos casar mas, quando se fala na adopção, a reacção mais comum é o silêncio... Os mais ousados questionam... E eu ponho-me a pensar para mim próprio: "Mas será que acham que eu não seria um bom pai? Ou que o lindo não seria um bom pai?". Sim, porque a história de que nesta matéria existe uma terceira pessoa - a criança - e que não se pode decidir assim de qualquer maneira a sua vida é para mim óbvia. Mas não é a mesmíssima questão que se pôe nas adopções hoje em dia por casais heterossexuais e por indivíduos singulares? Porque o que se trata fundamentalmente é de os homossexuais, poderem - á semelhança dos casais heterossexuais - ser CANDIDATOS à adopção de uma criança. Alguém, como já acontece actualmente, irá avaliar a situação do casal e garantir que o casal tem as condições necessárias e suficientes para adoptar!
Mas a discussão pode chegar ao ridículo de eu, hoje, poder ser candidato a adopção, mas amanhã, quando casar com o lindo, já não poder... Será que perdi algum tipo de faculdade mental ou física?
É muito triste, ver que aqueles que hoje em dia albergam crianças que sofrem por mau tratos e outras atrocidades possam estar contra ao que fundamentalmente uma criança deve ter: um LAR, AMOR e CARINHO e EDUCAÇÃO.
Mas porque raio é tão difícil de ver e aceitar este facto?
Podem explicar-me....?
O Movimento Cidadania e entregou hoje na Assembleia da República a petição que conseguiu arranjar um número record de assinaturas, mais de 90 000, a propósito de o assunto sobre o casamento entre homossexuais seja alvo de um referendo. Já foi decidido pelos líderes parlamentares que irá também a discussão na próxima Sexta-feira, mas também já se sabe que o PS, BE, PCP e Os Verdes irão recusar o referendo. A propósito deste assunto o Fórum TSF de hoje levou o assunto a discussão, e partilho com vocês o programa (no qual também participei!).
Acedam a: http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1462150 e ouçam/leiam.
FALTAM DOIS DIAS!!!
Desculpem lá, mas há notícias que por vezes me remetem para outros séculos passados e que por esse motivo me deixam revoltado. Hoje será discutido pela Ordem dos Médicos um parecer (ver AQUI) onde se defende que há casos onde a homossexualidade é mutável, ou seja, por acção clínica o doente (sim, a homossexualidade neste caso seria tratada como doença) pode deixar de ser homossexual. Que hajam pessoas, médicos incluídos, que ainda pensem que isto é possível, eu até aceito, mas ver uma Ordem dos Médicos a discutir (ainda) este assunto é para mim algo que me deixa estupefacto e até mesmo preocupado. Esta discussão só faz sentido para quem não é homossexual, porque quem como eu nasceu a gostar de ver os homens e a excitar-se a pensar em homens (assim como um heterossexual pensa em mulheres e se excita a pensar em mulheres) não consegue acreditar que haja um tratamento que me faça gostar de mulheres. A questão poder-se-ia por - nesta forma de pensar - ao contrário, ou seja, por acção clínica tornar um heterossexual em homossexual. Pergunto aos heteros: Acham isto possível? E pronto, quase a chegarmos a 2010 ainda andamos a discutir o sexo dos anjos e ainda a própria Ordem dos Médicos anda a discutir pareceres desta natureza. Fica a notícia retirada do DN:
Médicos defendem que a homossexualidade não se altera por acção clínica. Parecer da Ordem dos Médicos, que é discutido hoje, fala, porém, em casos mutáveis.
Os psiquiatras consideram que a homossexualidade não é mutável por acção médica e recusam tratar quem lhes peça este tipo de ajuda. Uma posição diferente aquela defendida pelo parecer do Colégio de Especialidade de Psiquiatria, que hoje deverá ser aprovado (ver texto ao lado), e onde se refere que em alguns casos a orientação sexual pode ser mutável e, que os médicos não devem ignorar os pedidos de ajuda dos homossexuais.
"Se tenho à minha frente um homossexual exclusivo que não aceita esse facto e me pede para ser heterossexual digo que não há tratamento", defende Júlio Machado Vaz. Também o presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria, António Palha, não têm dúvidas que "a homossexualidade não se trata". Uma opinião reforçada por Caldas de Almeida, coordenador nacional para a Saúde Mental: "As pessoas homossexuais não deixam de o ser por causa de um tratamento com o psiquiatra".
Apesar de recusar a validade dos tratamentos, Pedro Varandas admite que ainda"há determinadas terapias de orientação comportamental que já provaram ser eficazes em algumas pessoas que sofrem com a sua homossexualidade". Isto no caso dos indivíduos insistirem num tratamento.
Filipe Nunes Vicente também não acredita em terapias de reconversão, mas sabe "que há médicos que defendem o tratamento da homossexualidade". Contudo, este psicólogo confessa que não recusa tratar "uma pessoa homossexual que se apaixone por alguém do sexo oposto" e que lhe solicite ajuda.
Ideia reforçada por Daniel Sampaio. O psicólogo considera que "a orientação sexual não é imutável", mas realça que "o médico não deve tentar mudar, deve dis-cutir, deve ajudar essa pessoa".
Já a psiquiatra Graça Cardoso é peremptória: "Não se pode fazer nada. A homossexualidade não é uma escolha. Tratar um homossexual para que o deixe de ser é o mesmo que tratar alguém por ser alto ou baixo." Para esta médica é essencial ajudar a pessoa "a viver com essa situação", para tentar evitar depressão que, em casos extremos, pode levar ao suicídio.
Existem no entanto problemas de mudança de orientação que chegam aos psiquiatras por causa das dúvidas e ansiedade que criam. "Há casos de pessoas com a sua vida formalizada, casadas e com filhos e que não conseguem conter mais essa situação. São pessoas que percebem o que se passa mas não têm armas para sobreviver às tensões sociais", explica o psiquiatra Marcelo Feio.
As dificuldades em aceitar uma mudança na orientação sexual, acontecem "tanto em homens como em mulheres", adianta o médico do Hospital Santa Maria, em Lisboa.
Da mesma forma que há pessoas que "sempre se afirmaram como homossexuais e numa fase mais tardia da sua vida fazem uma viragem para a heterossexualidade", acrescenta Marcelo Feio.
Esta semana a revista VISÃO traz na sua edição uma reportagem sobre a Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual, a AMPLOS que já referi aqui no blog. A partilha de experiências entre pais é muitas vezes a melhor forma de compreender, respeitar, aceitar a homossexualidade do filho. Obviamente que a maioria dos pais não está preparado para ter um filho gay, mas cada vez mais o assunto deixa de ser tabu, e mesmo estando nós (aidna) longe da não discriminação, do não preconceito, a verdade é que com o tema cada vez mais abordado na imprensa, o assunto vai perdendo a sua carga dramática e negativa...
Deixo-vos o relato na primeira pessoa, de uma mãe, a Margarida (Presidente da AMPLOS), que tem uma filha lésbica.
Adicionalmente, a mesma revista, dá a conhecer esta semana, as principais recomendações para os pais que descobrem que têm um filho homossexual. O terapeuta familiar Pedro Frazão, 33 anos, é o autor de um estudo sobre este tema, e partilho as conclusões a que ele chegou:
Manual: quando o seu filho lhe diz que é gay
O QUE NÃO DEVE FAZER:
*Transmitir ao adolescente/jovem adulto de que se trata apenas de uma fase e que com o tempo vai voltar a ser heterossexual, desvalorizando todo o trabalho de preparação que o jovem fez para partilhar com os pais o que sentia
*Criar um pacto de silêncio sobre as questões relacionadas com os afectos e sexualidade dos jovens
*Criar um clima de confrontação e hostilidade que faça o adolescente/jovem adulto sentir-se ainda mais isolado do que já se sentia antes do coming out ("sair do armário")
*Fazer ameaças de que ou o adolescente muda a sua orientação sexual ou é afastado da família ou expulso de casa
*Proibir o adolescente ou jovem adulto de se encontrar com os seus amigos ou namorados(as) que muitas vezes são apontados pelos pais mais intolerantes como responsáveis pela situação
*Fazer formulações culpabilizantes de que os filhos são gays ou lésbicas porque os pais falharam ou porque a orientação sexual dos filhos resulta de experiências infantis (ex: a mãe estava demasiado próxima e o pai era distante)
*Fazer comentários homofóbicos e que ridicularizam pessoas gays ou lésbicas
*Procurar psiquiatras e psicólogos com o objectivo de mudar a orientação sexual dos filhos
O QUE DEVE FAZER:
*Criar um contexto seguro para que o adolescente ou o jovem adulto fale abertamente sobre os seus sentimentos
*Assumir que, à semelhança do que foi vivido pelos filhos, os pais também necessitam de tempo para se adaptar à nova realidade
*Procurar informação especializada sobre questões relacionadas com a orientação sexual
*Se necessário, procurar um profissional de saúde mental especializado em questões de sexualidade
*Conhecer gays e lésbicas que lhe possam assegurar que uma orientação sexual minoritária não é um problema e que lhe mostrem que essas pessoas podem ter vidas completas como homens e mulheres a todos os níveis
*Procurar outros pais que têm filhos gays e lésbicas e que viveram situações semelhantes
Ontem, no trabalho, dois dos meus colegas não trabalharam devido a problemas com as filhas... A situação acontece muitas vezes, e sendo nós cinco pessoas (incluindo o boss) e estando a minha amiga S., também colega de trabalho, grávida, o meu chefe começa a ficar preocupado com o futuro... E dessa preocupação, ontem, saiu-se com esta para mim "________, espero que quando tiveres filhos, não sejas igual a eles...". Por vezes fico a pensar se estas frases não serão para me testar ou se ele é (mesmo) tapadinho e ainda não viu que eu sou gay. Mas esta questão fez-me pensar que de facto, nós gays, e do ponto de vista do patrão supostamente não teremos filhos, ou pelo menos a probabilidade é (por enquanto) infíma, e isso só os beneficia: não há saídas repentinas para ir buscar os filhos, não há (por enquanto) licença de paternidade, não há licença de casamento, não há obrigatoriedade de tirar férias no período de férias dos putos, e mais uma série de coisas normalmente associadas a direitos de um casal com filhos. Se juntarmos a isto sermos bons profissionais (válido para gays e não gays) no que respeita a produtividade estamos em clara vantagem, certo? Se calhar, deveria ser motivo para também ganharmos um pouco melhor, não?!?
:))
Hoje, ao vir no comboio a ler o livro do qual falarei obrigatoriamente quando o terminar, deixei-me emocionar com uma das personagens que começando a envelhecer e a pensar já na cada vez mais próxima hora de partir, dizia ao seu "filho" que muitas vezes aquilo que não dizemos a alguém é o que mais tarde, no futuro, terá de saír de uma ou outra forma para ficarmos mais "leves"... Se o que fica por dizer é a alguém que por infortúnio se vai, então os remorsos, o arrependimento, a angústia, o desconforto poderão ser ainda maiores...
Ao ler isto pensei de imediato no meu avô... Já tem os seus oitenta e tal anos, vive em França junto de alguns familiares, e foi há muito pouco tempo mudado para aquela que supostamente há-de ser a sua penúltima morada: o lar. Era uma situação previsível, pois o seu peso extraordinário foram com o tempo "esmagando" as suas articulações e impossibilitando-o de se movimentar com ausência de dor. Embora tenha um passado cheio de actos e palavras horríveis, comigo - e talvez por ter vivido a minha infância perto dele - sempre foi aquele avô querido, barrigudo, que brincava comigo e a quem eu mexia (e puxava) as orelhas... Ouço dizer que a infância é muito importante na nossa vida, pois deixa marcas para o resto da vida, pois bem, no meu caso, esta relação que tive com o meu avô ficou cravada em mim até hoje e nutro por ele um sentimento muito especial... E sei que é um sentimento recíproco. É uma relação do passado, não é uma relação do presente... Mas mesmo assim, depois de ler aquilo hoje de manhã, pensei "Eu gostava tanto de partilhar a minha vida com o meu avô antes que ele se vá...". A última vez que estive com ele foi já há uns três ou quatro anos e sempre que me vê é notório nos seus olhos que fica contente. A última vez, ele a um tio meu: "C'est le coupain de _____?" que em português quer dizer "É o companheiro do _______?". O meu tio não confirmou nem desmentiu e ficou aliás a dúvida se ele se refereria a "companheiro" ou a "amigo". E aquilo fez-me (mais uma vez) ficar na dúvida se ele sabe ou não...
E isso leva-me à tal vontade que temos de partilhar a nossa vida com quem gostamos... E ele encaixa nesse grupo de pessoas... Mas logo de seguida penso se de facto valerá a pena contar... Contar para quê mesmo? O que pode isso mudar? Bom talvez eu não fique com o tal peso o resto da minha vida por não lhe ter contado... Mas por outro lado, e se ele não aprova? E se ao invés de lhe estar a dar uma boa notícia (no sentido de ele saber que partilho a minha vida com alguém que amo e isso me faz muito feliz) o estarei a desapontar? Para quê correr esse risco?
Não sei se ainda estarei com ele no estado em que possamos manter uma conversa, mas se isso vier a acontecer, continuo sempre com a mesma dúvida "Conto ou não conto?"...